Caminhadas na Praia de Quiaios
Encontro com a Natureza na Praia de Quiaios.
Uma perspectiva sistémica.
Pode-se através deste blogue descobrir a Natureza da Serra de Boa Viagem como os achados de Animais e Plantas na Praia de Quiaios :
- as espécies e os habitats de plantas e de animais que se encontram aqui e
- as espécies e os habitats de plantas e de animais que se encontram aqui e
- os diversos habitats e ecossistemas nos quais estas espécies estão integradas.
Fig. 1 - Praia de Quiaios visto do lado do Cabo Mondego
O Cabo Mondego e das Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas, no extremo ocidente da Europa, reúnem numa área relativamente pequena um espéctro de ecossistemas e habitats bem diferenciados e de grande valor ecológico.
Fig. 2a - Habitats nas Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas
A seguinte lista de habitats naturais e semi-naturais (constantes do anexo B-I do Dec. Lei n.º 49/2005 ) é fornecida pelo Instituto da Conservação da Natureza (ICN(F)) no âmbito do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 para as Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas:
1 - Habitats costeiros e vegetação halófila
11 - Águas marinhas e meios sob influência das marés
12 - Falésias e Arribas
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Recifes.
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Vegetação anual das zonas de acumulação de detritos pela maré.
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2 - Dunas marítimas e interiores
21 - Dunas marítimas das costas atlânticas, do mar do Norte e do Báltico
22 - Dunas marítimas das costas mediterrânicas
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Dunas móveis embrionárias.
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Dunas móveis do cordão litoral com Ammophila arenaria («dunas brancas»).
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* Dunas fixas com vegetação herbácea («dunas cinzentas»).
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* Dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea).
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Depressões húmidas intradunares.
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3 - Habitats de água doce
31 - Águas paradas
32 - Águas correntes — Troços de cursos de água com dinâmica natural e seminatural (leitos pequenos, médios e grandes) em que a qualidade da água não sofre mudanças significativas.
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Cursos de água mediterrânicos permanentes da Paspalo-Agrostidion com cortinas arbóreas ribeirinhas de Salix e Populus alba.
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4 - Charnecas e matos das zonas temperadas
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Charnecas secas europeias.
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5 - Matos esclerófilos
52 - Matagais arborescentes mediterrânicos
53 - Matos termomediterrânicos pré-estépicos
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* Matagais arborescentes de Laurus nobilis.
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Matos termomediterrânicos pré-desérticos.
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6 - Formações herbáceas naturais e seminaturais
61 - Prados rupícolas calcários ou basófilos
62 - Formações herbáceas secas seminaturais e fácies arbustivas
64 Pradarias húmidas seminaturais de ervas altas
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Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário (Festuco-Brometalia) (* importantes habitats de orquídeas).
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Comunidades de ervas altas higrófilas das orlas basais e dos pisos montano a alpino
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8 - Habitats rochosos e grutas
82 - Vertentes rochosas com vegetação casmofítica
83 - Outros habitats rochosos
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Vertentes rochosas calcárias com vegetação casmofítica.
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Grutas marinhas submersas ou semi-submersas.
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91 - Florestas da Europa temperada
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* Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion incanae, Salicion albae).
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Florestas mistas de Quercus robur, Ulmus laevis, Ulmus minor, Fraxinus excelsior ou Fraxinus angustifolia das margens de grandes rios (Ulmenion minoris).
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Com fundo azulado: habitats prioritários
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Existem aqui no limite ocidental do continente europeu, entre o oceano e o interior no litoral português atlântico, dunas litorais (móveis e arborizadas) com plantas endémicas da Península Ibérica ou mesmo de Portugal, como p. ex. as camarinhas (Corema album) da Família dos Empetraceae (cujas bagas brancas são comestíveis).
Fig 3a - Camarinhas (Corema album) nas dunas da Praia de Quiaios
Fig 3b - Pinheiros (Pinus pinaster e Pinus pinea)
nas dunas da Praia de Quiaios
O limite oriental da praia de Quiaios é formado por uma pequena serra, a Serra da Boaviagem, com comunidades de plantas na transição florística entre espécies mediterrânicas e atlânticas. Nestas comunidades de plantas existem orquídeas (habitat 6210 ) preciosas e tufos de espécies raras ou mesmo endémicas em pradarias sobre terrenos calcários - bem adaptadas ao clima ventoso desta costa.
Fig. 4 - Pulicaria odora - Espécie da família Compositae
Fig. 5a,b,c- Iberis procumbens ?ssp. microcarpa
Fig. 6 - Armeria welwitschii
O Cabo Mondego, limite sul da Praia de Quiaios, possui na zona do litoral marinho recifes de grande valor ecológico e um jazigo de fósseis num sistema geológico do Jurássico médio e superior com características únicas.
Para Norte da praia estendem-se dunas móveis e arborizadas extensas: as Dunas de Gândara, Mira e Gafanhas. E o oceano atlântico à volta do Cabo, com o mar muitas vezes agitado, deixa recordações únicas para quem gosta da Natureza.
Fig. 7 - Cabo Mondego no Inverno
Fig. 8 - Os recifes do Cabo Mondego
Fig. 8a - Fósseis do Cabo Mondego
Fig. 8b - Fósseis do Cabo Mondego
Por lado sul do Cabo Mondego encontra-se o Estuário do Mondego. O estuário já não pertence às Dunas de Gândara, Mira e Gafanhas. Devido à pequena distância até ao estuário e à riqueza paisagística e ecológica deste estuário, vamos fazer também excursões para a Ilha da Murraceira. O sítio localiza-se na foz do Rio Mondego e faz parte dos sítios da Convenção Ramsar . Nesta zona, o rio divide-se em dois braços, rodeando uma ilha de aluvião (Ilha da Murraceira). A Ilha da Murraceira e a zona a sul do Braço Sul compreende sapais, salinas e aquaculturas. Aí observam-se plantas bem adaptadas ao sal (halófitas) e sobretudo aves raras como flamingos ( Phoenicopterus roseus ) e pernilongos (Himantopus himantopus), entre outros.
Sapais e esteiros extensos no lado sul-este da Ilha da Murraceira
A Ponte da Figueira da Foz que atravessa o Rio Mondego
Um antigo Moinho do vento na Ilha da Murraceira -
(veja também as contribuições valiosas do Prof. Carlos Machado
A extração de sal nas salinas
Flamingos nas salinas abandonadas
Antigo palheiro na Ilha da Murraceira
Ao lado esquerdo na fotografia a planta Wegwarte* (Cichorium intybus)
que tem aplicações interessantes na fitoterapia (veja também a página valiosa sobre Plantas medicinais da Carla Conde neste blog)
(*A palavre "Warte" provém do alemão da Idade Média: "warte" = "um lugar de observação ou visão ampla". Possivelmente a planta obteve o nome porque crescia em lugares abertos onde se encontravam sinais indicativos no caminho ou onde se tinha uma visão ampla. Segundo uma lenda do povo a "wegwarte" é uma menina enfeitiçada que está com olhar de procura para o seu namorado.)
Caminhadas:
- (I) Praia de Quiaios e da Murtinheira(Caminhadas/Partida: C@fé-Gelataria "Quiaios-Praia" - Associação "Trilhos d' Esplendor")
- (II) As dunas móveis da Praia de Quiaios (Caminhada/Partida: C@fé-Gelataria "Quiaios-Praia" - Associação "Trilhos d' Esplendor")
- (III) As dunas consolidadas da Praia de Quiaios (Caminhada/Partida: C@fé-Gelataria "Quiaios-Praia" - Associação "Trilhos d' Esplendor")
- (IV) As falésias, arribas e recifes do Cabo Mondego (Caminhada/Partida: C@fé-Gelataria "Quiaios-Praia" - Associação "Trilhos d' Esplendor")
- (V) A encosta da Serra de Boaviagem - (Caminhada/Partida: C@fé-Gelataria "Quiaios-Praia" - Associação "Trilhos d' Esplendor")
- (VI) As Lagoas (Caminhada/Partida: C@fé-Gelataria "Quiaios-Praia" - Associação "Trilhos d' Esplendor")
- (VII) Estuário do Mondego (3-4h – Caminhada/Partida: C@fé-Gelataria "Quiaios-Praia" - Associação "Trilhos d' Esplendor")
- Outras contribuiçóes:
Palestras:
- (IX) Estudos sobre dinâmica de sistemas (1h – Palestra: C@fé-Gelataria "Quiaios-Praia" - Associação "Trilhos d' Esplendor")
- (X) Resume de palestras de Carl Friedrich von Weizsäcker sobre a questão "Para onde nós nos dirigimos e o que devemos fazer?" (1h – Palestra: C@fé-Gelataria "Quiaios-Praia" - Associação "Trilhos d' Esplendor")
Links:
http://floradaserradaboaviagem.blogspot.com/
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http://faunadaserradaboaviagem.blogspot.com/
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http://habitatsdaserradaboaviagem.blogspot.com/
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http://fungidaserradaboaviagem.blogspot.com/
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http://geometria-espaco-natureza.blogspot.com/
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http://web.letras.up.pt/asaraujo/seminario/programa.html
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http://www.drapc.min-agricultura.pt/base/documentos/fixacao_dunas.htm
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https://woc.uc.pt/fluc/getFile.do?tipo=2&id=915
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http://www.ceg.ul.pt/finisterra/numeros/2000-69/69_04.pdf
(Esta publicação é a mais importante para conhecer os releves de comunidades florísticas da zona e constitui uma inestimável ajuda para uma orientação aprofundada sobre a flora costeira do Cabo Mondego. Contém tabelas fito-sociológicas das comunidades de plantas das dunas e das falésias.)
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COSTA, J.C. (2001) – Tipos de vegetação e adaptações das plantas do litoral dePortugal continental. In: Albergaria Moreira, M.E., A. Casal Moura, H.M. Granja & F.
Noronha (ed.) Homenagem (in honorio) Professor Doutor Soares de Carvalho: 283-299. Braga. Universidade do Minho.
(Um trabalho didáctico importante sobre adaptações ecológicas de plantas nas zonas costeiras)
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http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/slu/v14n2/v14n2a14.pdf
Esta publicação tem tabelas fito-sociológicas da vegetação das dunas
(Overview of perennial sand-dune vegetation types of dry habitats occurring in
selected dune systems along Northern Portugal)
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http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/slu/v10n1/10n1a09.pdf
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Notas do Herbário da Estação Florestal Nacional (LISFA): Fasc. XXIV
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http://www1.ci.uc.pt/invasoras/
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http://www.rjb.csic.es/floraiberica/
(A Flora Iberica não está ainda completada, mas encontra-se aqui já a mais exaustiva informação sobre a Flora ibérica, disponível em formato pdf. A consulta e os downloads dos diversos taxa podem ser feitas a partir da página web da Flora Iberica. Mais uma vez obrigado por esta generosidade dos autores desta obra maravilhosa!)
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http://www.fauna-iberica.mncn.csic.es/index.php
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http://www.jb.utad.pt/pt/herbario/cons_reg.asp
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http://www.uc.pt/herbario_digital
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Convenção Ramsar http://www.ramsar.org/
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Les Dunes atlantiques - http://www.premiumwanadoo.com/dunes.atlantiques/ Página Web
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Veja também os blogs:
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