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Mapa da Serra da Boa Viagem com Trilhos (Triângulo do Cabo Mondego)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Os moinhos e azenhas de água de Quiaios




Os moinhos e azenhas de água de Quiaios


Carlos Alberto Dias Machado*



A azenha e moinho de água de Quiaios objecto deste “post” foram visitados pela primeira vez pelo autor do blogue e a minha contribuição tem por base uma visita ao local e uma entrevista com o último moleiro.

O local onde se situam os moinhos é verdadeiramente espectacular, dadas as suas características geológicas e botânicas.

A ribeira nasce na encosta da Serra da Boa Viagem e corre num vale apertadíssimo até chegar à planura da vila de Quiaios. A água é extremamente calcária e daí o fenómeno resultante da deposição de calcário por todo o lado por onde a água passa, deixando um rasto fantasmagórico dentro de um túnel de vegetação, “um lugar de fadas” como o caracterizou o autor do blogue e que só uma visita ao local permite apreciar. Até as próprias raízes das árvores foram recobertas com calcário, transformando-se num tubo, com o apodrecimento e desaparecimento do lenho.

Neste ambiente, a imaginação de cada um facilmente atribui a cada uma das formas que observa, criadas pela natureza, uma representatividade real de coisas ou objectos conhecidos.

A vegetação é tipicamente mediterrânica, e de porte superior ao normal, dado o microclima do lugar. De entre as espécies aí existentes podem observar-se o carvalho, o loureiro, o medronheiro e no mais fundo do vale canaviais e fetos de tamanho invulgar.

 


1 – Entrevista com o Sr. Arlindo


Tendo por base uma entrevista que realizei, em 11 de Agosto de 2008, com o moleiro mais antigo de Quiaios, o Sr. Arlindo Martins Pereira e esposa, recolhi alguns elementos que me permitiram ilustrar a série de fotografias obtidas no local onde se encontram os vestígios de uma azenha de água e logo a seguir um moinho de água de rodízio, na encosta da Serra da Boa Viagem voltada a Quiaios.



 



Foto 1 – O moleiro Sr. Arlindo na sua casa de Quiaios



CM – Que idade tem Sr. Arlindo?

AR – 82 anos

CM – Sabe desde quando existem os moinhos da Serra?

AR – Oh, não sei. Só sei que eram dos meus avós.

CM – Provavelmente já existiriam no início do século XIX.

Como se chamava o seu pai?

AR – Chamava-se António Martins Pereira Ventura.

CM – E o seu avô, moleiro?

AR – Chamava-se José Ventura, o qual comprou os moinhos aos Curados.

CM – De que tipo são os moinhos?

AR – Há uma presa construída em alvenaria por cima da qual se pode passar para o outro lado da ribeira. Em tempos chegou a ter uma guarda ou corrimão. Por dois orifícios redondos existentes na presa, e que podiam ser fechados com tampões, a água era encaminhada para a azenha. A água depois de passar pela azenha era encaminhada para o moinho, situado mais abaixo, fazendo girar um rodízio.

CM – De que material eram as penas ou palhetas do rodízio?

AR – Eram de madeira.

CM – Os moinhos que cereal moíam?

AR – Milho e às vezes trigo.

CM – Mas num sítio destes deve haver pouca água durante o ano!

AR –Antigamente havia água de Outubro a Maio. Mas agora está tudo mudado …[opinião confirmada pela esposa]

CM – Em que ano deixou de moer?

AR – [hesitou] O meu filho tem 55 anos. Quando tinha 10 anos o moinho ainda moia. Talvez por volta de 1963 ou depois.

CM – Aqui em Quiaios havia mais moinhos de água?

AR – Por trás do cemitério havia uma azenha que agora está em ruínas e coberta de silvas. Mas para cima havia mais duas azenhas e para baixo havia duas azenhas e um moinho de rodízio. As águas das duas ribeiras juntavam-se e encaminhavam-se para as dunas do lado do mar.



2 – Visita aos moinhos do Sr. Arlindo


A visita foi iniciada no largo junto ao Grupo Instrução e Recreio Quiaiense, seguindo pela rua do Viso, por um curto troço alcatroado e prosseguindo pela estrada de terra batida. À direita passa-se por um carvalho de grande porte (Quercus ?broteroi) e é com alguma dificuldade que mais acima se pode dar conta que caminhamos ao lado da copa das árvores do vale da ribeira, a apreciável altura do seu leito.

Chegados ao cimo da subida encontramos á nossa direita um paredão em alvenaria de pedra atravessando a ribeira.


 



Foto 2a - Presa da azenha





Foto 2b - Presa da azenha no inverno


Este muro não é mais do que a presa (ou açude) que represava a água vinda da Serra. Atravessando para a margem esquerda, e do lado de jusante, vemos um orifício rectangular no canto inferior direito da presa. Do lado de montante este orifício era tapado com um taipal ou portinhola de madeira e com barro, que servia para esvaziar o depósito, quando necessário. Do lado direito desta abertura havia dois orifícios redondos que podiam ser tapados com a ajuda de varas de madeira com cerca de 2 metros de comprimento, tendo, cada uma, na sua extremidade, uma bucha de madeira. Para regular o caudal de água que seguia para a azenha ou se tirava uma das buchas ou as duas simultaneamente. O caudal assim desviado seguia por uma caleira (ou levada) em alvenaria, com cerca de 25 cm de largura e 17 ou 18 cm de altura, que verificamos encontrar-se parcialmente destruída.


 


Foto 3 - Orifício de descarga da levada


Esta caleira, com um comprimento de vários metros e ligeiramente inclinada, servia para conduzir a água do açude até á azenha, encontrando-se actualmente invadida pela vegetação, como se pode ver pela fotografia junta.


 


Foto 4 - Foto da levada ou caleira ( à direita vem da presa e à esquerda vai para a azenha)


Vale a pena descer ao leito da ribeira para observar os efeitos da deposição do calcário transportado pela água, nomeadamente as autênticas cascatas e caldeiras, não de água e rocha, mas sim de calcário, que melhor se podem ver nas fotografias tiradas pelo autor do blogue e inseridas em Caminhada (Va) - Encosta da Serra até ao moinho de água (Quiaios) .

 

Foto 5 - Cascata formada pelo calcário que se deposita

No final da levada encontra-se o que resta da antiga azenha. Era constituída por uma roda de eixo horizontal semelhante á que se vê na foto 6, só que esta roda trabalhava no intervalo entre o edifício do moinho e uma parede lateral (Foto 7) onde o respectivo eixo se apoiava.


 

 

Foto 6 - Azenha de Cernache semelhante á de Quiaios





 


Foto 7 - Parede de apoio e parte do edifício do moinho



O movimento rotativo da roda de eixo horizontal transmitia-se ao eixo vertical do sistema de moagem através de engrenagens em madeira, uma chamada carreto que estava solidária com o eixo da azenha e a outra a entrosga solidária com o eixo da mó, ambas muito semelhantes às utilizadas nos moinhos de vento (Ver neste mesmo blogue, o documento O Moinho de Vento do Pardal  ).


 


Foto 8 - O que resta da mó fixa da azenha



O sistema de moagem propriamente dito deveria ser idêntico ao do moinho de rodízio que a seguir se vai descrever.



 


Foto 9 - Moinho de rodízio de Quiaios


Algumas dezenas de metros mais abaixo, a água da ribeira, depois de passar pela azenha, era represada com a ajuda de pedras e barro e era encaminhada por uma vala, para o moinho de rodízio representado na foto 9. O edifício do moinho construído em pedra, à semelhança da maior parte dos moinhos tem dois compartimentos: o inferior onde trabalha o rodízio (compartimento esse nalguns lugares conhecido por “inferno”) e o superior onde funciona o sistema de moagem e onde o moleiro passa a maior parte do tempo, dispondo apenas de duas aberturas: a porta de entrada virada a Sul e uma janela voltada a Nascente.

A parte inferior dispõe apenas de uma entrada que se vê na parte inferior direita da fotografia e era por aí que se tinha acesso ao rodízio a fim de fazer a sua manutenção.

Essa abertura tem, normalmente, a forma de um pentágono regular com os lados laterais paralelos entre si. Só que aqui, dada a grande quantidade de calcário transportado pelas águas, este foi-se depositando nas paredes laterais da saída, parecendo que elas são inclinadas, convergindo para a parte inferior, como está representado na figura junta.



Para compreender como o moinho funcionava, vou-me socorrer do texto que faz parte do livro de minha autoria “Moinhos e Moleiros de Cernache” editado em 2007 pela Câmara Municipal de Coimbra, mas colocando entre [ ] a designação das peças usada em Quiaios:

“Os rodízios, neste caso de eixo vertical, são montados num local situado por debaixo do pavimento da moagem propriamente dita. Por outras palavras é como se tratasse da cave dos moinhos, denominada nalgumas regiões por inferno [em Quiaios sem designação especial] , onde chega a água a toda a velocidade pela boquilha [em Quiaios sem designação especial] do cubo e onde ao bater nas penas [palhetas] do rodízio lhe imprime o movimento de rotação que se vai transmitir à mó andadeira.


 


Foto 10 - Rodízio de ferro de um moinho de Cernache


O eixo vertical (Fig. 1 ) ao qual está fixado o rodízio (1) designa-se por pela [mastro] (7); na maior parte dos casos era construída em madeira e em menor número em ferro. A extremidade inferior da pela [mastro] termina no aguilhão [pião] (2) que por sua vez se apoia na chamada rela [seixo] (3) ou dado que é uma pedra que encaixa no centro de um barrote [ponte] (por vezes chamado grama (4) ou urreiro ) de pinho verde, colocado em posição quase horizontal, com uma extremidade apoiada e a outra suspensa por uma vara vertical designada aliviadouro [tempero].

 



Fig. 1 – Sistema de accionamento mecânico desde o rodízio até às mós1


Os deslocamentos verticais dados ao aliviadouro [tempero] (5) a partir do sobrado do moinho, determinam o afastamento da mó andadeira (11) à mó fixa (10), regulando-se assim o apuramento da farinha produzida, por forma a sair mais fina (mole) ou mais grossa (dura); o moleiro ia fazendo a avaliação do apuramento da farinha, esfregando-a lentamente entre os dedos, apercebendo-se assim da respectiva granolometria.

A pela [mastro] na sua extremidade superior, encaixa num veio metálico (9) que atravessa a bucha (geralmente construída em madeira de figueira impregnada de uma gordura e entalada no olho da mó fixa) e termina superiormente numa peça de ferro chamada a segurelha sobre a qual se apoia a mó andadeira (11). A peça de transição entre os dois eixos, chamada nalguns sítios lobete [em Quiaios sem designação especial] (8), permite uma montagem e desmontagem fácil do conjunto.

Para se fazer parar o moinho, basta descer o pujadouro [tábua] (6). Trata-se de uma alavanca, situada no sobrado do moinho da qual se encontra suspenso um arame que atravessa o pavimento e se vai fixar a uma tábua colocada em frente da boquilha [em Quiaios sem designação especial]. O movimento desta alavanca vai fazer com que a tábua se desloque para uma posição em que o jacto da água proveniente da boquilha seja desviado do rodízio, caindo em cima da tábua, obrigando o moinho a parar.

As mós usadas nos moinhos de Cernache, dividiam-se em dois tipos: as mós alveiras construídas de material litológico de menor dureza, normalmente o calcário (extraído de pedreiras de Condeixa-a-Velha) utilizadas para moer o trigo; outras de arenito silicioso (tipo grés do Buçaco) ou quartzito, servem para moer o milho. Estas últimas eram extraídas em Olho Marinho, Poiares. A mó de cima (galga ou andadeira) é formada por um único bloco onde são abertos sulcos radiais e um rasgo rectangular ao centro, onde encaixa a segurelha que suporta o peso da mó e lhe transmite o movimento rotativo do rodízio. A mó inferior, fixa, é mais grossa e no centro leva a bucha a que já fizemos referência. As pedras do moinho sofrem desgaste, pelo que, periodicamente há necessidade de serem picadas.

Vejamos agora a constituição e funcionamento da parte do moinho que fica situada no sobrado (Fig. 2 ).

 

 


Fig. 2 – Sistema típico de moagem



O grão do cereal é colocado na moega [gamelão] (1) em madeira, com a forma duma pirâmide invertida, saindo a pouco e pouco pelo orifício inferior e passa para a quelha [telha] (2) por onde vai escorregando e caindo para o olho da pedra móvel. A regulação da quantidade de grão que cai para a mó é efectuada através do ponto de fixação do cordel que suporta a parte dianteira da quelha [telha], variando-se assim a sua inclinação. O escorregamento do grão pela quelha [telha] é facilitado pela trepidação que lhe é transmitida pelo “chamadouro” ou “tramela” [cachorro] (3) que é uma peça em madeira em forma de cruz; o braço horizontal apoia-se do lado esquerdo na estrutura fixa do moinho e do lado direito na quelha [telha]; o braço inclinado poisa na mó e quando esta se encontra em movimento o chamadouro [cachorro] trepida fazendo com que o grão caia. É importantíssimo que o moinho moa sempre a quantidade certa de grão, para o tipo de farinha que se pretende obter. Só a experiência do moleiro, que reconhece a boa ou má regulação do sistema, pelo som que ouve do trabalhar do moinho, lhe permite ter a moagem em boas condições de funcionamento. Mesmo que se encontre a dormir, a alteração do som ou a ausência de ruído faz com que acorde e vá ver o que se passa.

O grão ao cair pelo olho da mó é obrigado, com a ajuda do movimento rotativo da segurelha, a encaminhar-se para o espaço situado entre as duas mós.

A força centrífuga e os sulcos radiais abertos na face inferior da mó móvel com uma profundidade que vai diminuindo do centro para a periferia, concorrem para a trituração do cereal [diz-me o moleiro de Quiaios que aqui as mós não tinham estes sulcos]. A farinha assim produzida vai sendo projectada para a frente do moinho, batendo contra os panais (5) e caindo no tremonhado (4) que é o espaço vedado no soalho por umas tábuas ou directamente para a taleiga, isto é, uma saca, que pode ser a mesma que trouxe o grão para moer. [No moinho de Quiaios, à semelhança do que acontece nesta região, em vez desta solução, havia o que chamam o paneiro que é um cilindro em chapa que envolve toda a mó impedindo que a farinha se espalhe]. Os sacos de farinha eram marcados com o nome do moleiro, utilizando-se, para isso, uma chapa de zinco com as letras recortadas em vazio; colocada a chapa sobre o saco, passava-se com tinta preta, ficando os dizeres impressos no saco.

O moleiro reservava para si a maquia como pagamento pelo trabalho efectuado e entregava o restante ao cliente. As medidas mais usadas eram o alqueire – caixa de madeira que, rasa de milho, leva cerca de 11 a 12 quilos de grão, o meio-alqueire, a tetra e o celamim (décima sexta parte de um alqueire) [em Quiaios em vez da tetra e do celamim, usava-se o litro e o meio litro. Como instrumentos auxiliares usava-se a peneira e o crivo, o primeiro para separar os resíduos da farinha e o segundo dos cereais; a pá de madeira para manusear a farinha, o picão de ferro para picar as mós e a vassoura essencialmente para varrer a farinha à volta das mós, feita geralmente de milho painço [folhas de palmeira]. O moinho era mantido livre de ratos pela caça que lhes dava o gato do moleiro, e daí haver geralmente uma abertura que permitia a entrada e saída do mesmo.”

São muito interessantes algumas particularidades do moinho de Quiaios, nomeadamente o facto da “boquilha”, assemelhando-se a uma vulva, por onde saía a água em direcção às penas do rodízio, ser talhada numa pedra como se mostra na  foto 11. O caudal de água era regulado por uma cunha em madeira que era inserida no orifício situado na face superior da pedra e que se pode ver nesta foto.


 


Foto 11 - Fenda por onde saía a água


Do rodízio apenas resta o "mastro” e a peça inferior, circular, em madeira, onde se fixavam as “palhetas”. O arco circular em ferro que se vê na foto 12, não deve pertencer ao rodízio.


 


Foto 12 - Resto do mastro 



Colocando o “mastro” em posição horizontal, é possível observar na foto 13, uma peça central chamada “pião”, que não é mais do que um seixo arredondado que, com o mastro na sua posição vertical, vai poisar noutro seixo. Este tipo engenhoso de construção permite que durante a rotação do rodízio seja mínimo o atrito entre a parte que roda e a parte fixa.



 


Foto 13 - Pela deitada para se ver o pião.


Passando à parte superior tudo foi desmontado para permitir reconstruir o telhado e o sobrado e respectivo vigamento.

Durante esta operação deve-se ter partido ao meio a mó fixa, como se pode observar na foto 13.


 


Foto 14 - Mó fixa partida e deslocada da sua posição normal.



Na foto 15 vemos o orifício criado no sobrado para permitir a passagem da parte superior da pela que depois ia atravessar a “bucha” entalada no olho da mó fixa.



 


Foto 15 - Abertura no sobrado por onde passava a parte superior do mastro.



A um canto, sobre o sobrado, pode ver-se a mó andadeira (foto 16).



 


Foto 16 - Mó andadeira


A um canto, no prego, ainda se pode ver o casaco usado pelo filho do último moleiro deste moinho.

 


Foto 17 - O casaco do filho do moleiro

Concluindo, lamentamos que o trabalho de recuperação do moinho tenha sido interrompido, ao que nos dizem, devido a divergências entre os herdeiros, devido às partilhas da herança ainda se encontrarem pendentes.

As características específicas da azenha e moinho e acima de tudo as características invulgares do local, bem mereciam que alguém olhasse por esta autêntica relíquia da molinologia.


____________________________

1 Gravura extraída de Bráulio Baptista, e Aníbal de Castro, Moinhos de Cernache, União Desportiva Recreativa de Cernache, 1998

 

 Bibliografia

 

Machado, Carlos, Moinhos e Moleiros de Cernache, Câmara Municipal de Coimbra, Série Coimbra Património, nº 8, Coimbra, 2007.

Marcelo, Lopes, Moinhos da Baságueda, A Mar Arte, ADRACES, Castelo Branco, 1999.

Moinhos de Água, Legados de Sever do Vouga, Câmara Municipal de Sever do Vouga, 2001.

Viegas, João Carlos e outros, Levantamento dos Moinhos de Boticas, Câmara Municipal de Boticas, s/d.

Ferreira, Armando e outro, Moinhos do Concelho de Albergaria-A-Velha, edição dos autores, Albergaria-a-Velha, 2003.

Molinologia Portuguesa, Volume Anual 2007, Rede Portuguesa de Moinhos, Etnoideia, Lda., Belas, 2007






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