2150* Dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea)
Código EUNIS 2002
B1.5
Código Paleártico 2001
16.24
CORINE Land Cover
E4.3
Ulex australis subsp. welwitschianus (pormenor) Mato dominado por Ulex australis subsp. welwitschianus
Alentejo, Santiago do Cacém (R. Paiva-Ferreira) Alentejo, Santiago do Cacém (R. Paiva-Ferreira)
Protecção legal
• Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril – Anexo B-1.
• Directiva 92/43/CEE – Anexo I.
Distribuição EUR15
• Região Biogeográfica Atlântica: Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Irlanda, Portugal e Reino Unido.
• Região Biogeográfica Mediterrânica: Espanha e Portugal.
Proposta de designação portuguesa
• Dunas fixas com tojais, tojais-urzais e tojais-estevais psamófilos.
Plano Sectorial da Rede Natura 2000 Habitats 136
Diagnose
• Dunas fixas com tojais, tojais-urzais ou tojais-estevais psamófilos, litorais ou sub-litorais, dominados ou
co-dominados por Ulex australis subsp. welwitschianus ou U. europaeus subsp. latebracteatus.
Correspondência fitossociológica
• Ericion umbellatae p.p.min. (classe Calluno-Ulicetea).
Subtipos
• Dunas fixas com tojais-urzais e tojais-estevais psamófilos com Ulex australis subsp. welwitschianus
(2150pt1).
• Dunas fixas com tojais psamófilos com Ulex europaeus subsp. latebracteatus (2150pt2).
Caracterização
• Dunas fixas com tojais, tojais-urzais e tojais-estevais psamófilos litorais ou sublitorais.
• Dominância de arbustos espinhosos do género Ulex (fam. Leguminosae) (U. australis subsp.
welwitschianus ou U. europaeus subsp. latebracteatus).
• Solos de textura arenosa profundos, oligotróficos e com baixa capacidade de retenção de água.
• Vegetação é interpretada como comunidades subseriais de bosques de Querci ou Pinus.
• Genericamente, é favorecida pela perturbação pelo fogo.
Distribuição e abundância
Escala temporal (anos desde o presente) -103 -102 -101
Variação da área de ocupação ↑ ↓ ↔
Dunas fixas com tojais-urzais e tojais-estevais psamófilos
com Ulex australis subsp. welwitschianus 2150pt1
Correspondência fitossociológica
• Erico umbellatae-Ulicetum welwitschiani (Ericion umbellatae, classe Calluno-Ulicetea).
Caracterização
• Dunas fixas com tojais-urzais e tojais-estevais psamófilos dominados ou co-dominados por U. australis
subsp. welwitschianus.
• Acompanham o U. australis subsp. welwitschianus um número variável de espécies entre as quais
Calluna vulgaris, Cistus ladanifer, Erica scoparia, E. umbellata, Genista triacanthos e Halimium
halimifolium.
• Subseriais de bosques esclerofilos e marchescentes da Quercetalia ilicis (classe Quercetea ilicis),
sobretudo de sobreirais (habitat 9330).
• Contactos catenais mais frequentes:
o em direcção ao litoral – matagais psamófilos de zimbro (Juniperus turbinata) de duna terciária
(subtipo 2250pt1);
o paleodunas profundas, sem compensação freática – matos de areias dunares da Stauracantho-
Halimietalia commutati (habitat 2260);
o nos topos secos de paleodunas profundas – formações de Juniperus navicularis (subtipo 2250pt2).
• Mosaicos seriais mais frequentes:
o comunidades de terófitos efémeros psamófilos da Malcolmietalia (habitat 2230) e arrelvados de
Corynephorus canescens var. maritimus (habitat 2330).
• Colonizam solos desenvolvidos sobre paleodunas com frequentes sinais de hidromorfismo (pseudogley),
hidricamente compensados, e com um imperme sub-superficial (surraipa – horizonte plíntico ou
petroplíntico) (podzóis).
Plano Sectorial da Rede Natura 2000 Habitats 137
• Andar bioclimático termomediterrânico (embora possa surgir no meso inferior); ombroclima seco a subhúmido.
Distribuição e abundância
Escala temporal (anos desde o presente) -103 -102 -101
Variação da área de ocupação ↑ ↓ ↑
• Relativamente frequente na Província Gaditano-Onubo-Algarvia; raro no litoral norte (Província
Cantabro-Atlântica).
• Área de ocupação:
o mais extensa no passado, reduzida pela actividade agrícola (mobilizações profundas);
o mais recentemente houve ligeira recuperação como consequência do abandono agrícola
(principalmente onde não foi destruído o horizonte de surraipa que confere algum carácter
hidromórfico ao solo).
Bioindicadores
• Presença de Ulex australis subsp. welwitschianus, dominante ou co-dominante com Calluna vulgaris,
Cistus ladanifer, Erica scoparia ou E. umbellata.
Serviços prestados
• Retenção do solo.
• Regulação do ciclo da água.
• Fornecimento de água.
• Formação do solo.
• Educação e ciência.
Conservação
Grau de conservação
• Estado de conservação de mediano a bom.
• Bioindicadores de degradação:
o abundância de Corynephorus canescens;
o presença de espécies exóticas.
Ameaças
• Destruição directa por alteração de uso do solo, designadamente por:
o exploração de inertes;
o construções;
o aterros;
o abertura de vias de comunicação.
• Invasão de flora alóctone.
• Despejo de lixo, entulho e outros resíduos.
• Mobilizações profundas do solo.
Objectivos de conservação
• Manutenção da área de ocupação.
• Melhoria do grau de conservação.
Orientações de gestão
• Ordenar a expansão urbano-turística.
• Ordenamento da exploração de inertes.
• Reforçar a fiscalização sobre deposição ilegal de lixos, entulho e outros resíduos.
• Controlo das plantas exóticas infestantes.
Plano Sectorial da Rede Natura 2000 Habitats 138
• Promover a substituição da actividade agrosilvícola com recurso a mobilizações profundas pela que
recorre a mobilizações ligeiras do substrato.
Dunas fixas com tojais psamófilos com Ulex europaeus
subsp. latebracteatus 2150pt2
Correspondência fitossociológica
• Ulicetum latebracteato-minoris p.p. (Daboecion cantabricae, classe Calluno-Ulicetea).
Caracterização
• Dunas fixas com formações nanofanerofíticas (matos de porte médio) fisionomicamente dominadas pelo
tojo-arnal (Ulex europaeus subsp. latebracteatus).
• Matos dominados por leguminosas espinhosas (principalmente do género Ulex) e rico em cistáceas
(Cistus salviifolius, C. psilosepalus), com representação variável de urzes (Erica umbellata, E. cinerea,
Calluna vulgaris) e albergando, no estrato herbáceo, algumas plantas tipicamente litorais (Carex
arenaria, Agrostis stolonifera var. pseudopungens).
• Colonizam solos arenosos em dunas “terciárias” (arenossolos).
• É possível que os tojais psamófilos sejam subseriais dos pinhais psamófilos de Pinus pinaster; no
entanto, a profunda intervenção antrópica que, ao longo da História, foi sendo exercida sobre as dunas
“terciárias” portuguesas torna difícil o estabelecimento definitivo da dinâmica serial destes matos (vd.
“Anexo às fichas dos habitates de pinhal: 2270, 2180 e 9540” e habitat 2180).
Distribuição e abundância
Escala temporal (anos desde o presente) -103 -102 -101
Variação da área de ocupação ↑ ↓ ↔
• Matos bastante comuns no litoral dos Sectores Galaico-Português e Divisório Português, ainda que
frequentemente sob coberto de pinhais (vd. habitates 2180 e 2270), com os quais estabelecem mosaicos
nas paisagens litorais.
Bioindicadores
• Dominância absoluta de Ulex europaeus subsp. latebracteatus.
• A sua discriminação face às versões não litorais da Ulicetum latebracteato-minoris faz-se pela ausência
de Ulex minor e pela presença de Carex arenaria, Agrostis stolonifera var. pseudopungens e outras
plantas típicas do litoral.
Serviços prestados
• Vd. subtipo 2150pt1.
Conservação
Grau de conservação
• Variável de acordo com a pressão antrópica a que estão submetidos e com a dinâmica da linha de costa
em cada território.
Ameaças
• Destruição directa por alteração de uso do solo, designadamente por:
o exploração de inertes;
o construções;
o aterros;
o abertura ou alargamento de vias de comunicação.
• Invasão de flora alóctone.
Plano Sectorial da Rede Natura 2000 Habitats 139
• Despejo de lixo, entulho e outros resíduos.
• Recuo dos sistemas dunares (vd. Ameaças, habitates 2120 e 2130).
Objectivos de conservação
• Manutenção da área de ocupação.
• Melhoria do grau de conservação.
Orientações de gestão
• Condicionamento da expansão urbano-turística.
• Ordenamento da exploração de inertes.
• Reforçar a fiscalização sobre deposição ilegal de lixos, entulho e outros resíduos.
• Controlo das plantas exóticas infestantes.
• Promover a recuperação dos sistemas dunares (vd. Orientações de gestão, habitates 2120 e 2130).
• Desenvolver práticas de exploração sustentável do pinhal psamófilo, combinando a redução dos riscos
de incêndio e a preservação deste habitat.
Bibliografia
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géobotaniques à travers le Portugal septentrional et moyen. I. Une incursion dans la Serra da Estrela.
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Europeu da Protecção da Natureza e da Biodiversidade) (2002) Atlantic Region. Reference List of
habitat types and species present in the region. Doc. Atl/B/fin. 5. Bruxelas-Paris.
Comissão Europeia (Direcção Geral de Ambiente) & Agência Europeia do Ambiente (Centro Temático
Europeu da Protecção da Natureza e da Biodiversidade) (2003) Mediterranean Region. Reference List
of habitat types and species present in the region. Doc. Med/B/fin. 5. Bruxelas-Paris.
Comissão Europeia (Direcção Geral de Ambiente; Unidade Natureza e Biodiversidade) (2003).
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grau de Doutor. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Lisboa. 461 pp.
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Paiva-Ferreira R & Pinto-Gomes C (2002). O Interesse da Fitossociologia da Gestão e Conservação do
Litoral Alentejano: Monte Velho (Santiago do Cacém). Vol 2. Colecção Pró-Alentejo, DRAOTAlentejo.
190 pp.
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