Plantas medicinais e chás
Por Carla Conde Vasconcelos e Arafix de Vasconcelos
Introdução
O herbalismo-utilização de plantas com fins curativos-é uma das mais antigas e divulgadas terapias medicinais, remontando à idade primitiva.Todos nós podemos fazer remédios a partir de plantas, de modo a melhorar a saúde e bem-estar da família e amigos. Mas não se esqueça que muitas plantas são extremamente parecidas e apenas podem ser identificadas com precisão se estiverem em flor ou com semente. As plantas e ervas medicinais, podem intoxicar, provocar coma e mesmo levar à morte. Todas elas têm mais de um componente e algum desses componentes pode ser contra-indicado para o usuário.Não tente prevenir ou tratar qualquer doença e muito menos substituir cuidados médicos adequados.Tenha cuidado ao manusear as plantas e mantenha-as longe das crianças.
Siga um bom guia de identificação ou simplesmente compre as plantas já secas em lojas da especialidade. Verifique a dosagem correcta e saiba as precauções e contra-indicações.Se gosta de colher ervas no campo não se esqueça de apanhar apenas o que necessita e deixe o suficiente para um novo crescimento.
As informações nestas páginas são educacionais, nenhuma destas informações são novidade e resultam do conjunto de uma pesquisa em vários livros e sites na internet, para que quem tenha o prazer de caminhar pela Serra da Boa Viagem, Cabo Mondego, Quiaios, Murtinheira e Praia de Quiaios consiga ser atraído pela riqueza da sua flora, combinando alguma objectividade da ciência com a subjectividade da experiência humana.
Bons passeios!
Se quiser vir connosco dirija-se a Associação “Trilhos d’Esplendor” na Praia de Quiaios. Combinamos a data para uma caminhada!
Anthyllis vulneraria
Vulneraria
"No chá Suiço"
Família: Leguminosae
Habitat: Península Ibérica, Ilhas baleares e NW de África. Em relvados secos, taludes, rochedos, solos calcários. Em Portugal cresce em matos, terrenos incultos, pinhais, locais áridos e secos do Norte e Centro; até 3000 m.
Identificação: de 0,05 a 5 dm de altura. Bienal ou vivaz.
Caules prostados ou ascendentes.
Folhas ou roseta basilar, sendo as inferiores simples com um só folíolo e as restantes compostas por 3 a 6 pares de folíolos e a terminal maior.
Flores vulgarmente de corola purpura e cálice esbranquiçado , mas também podem ser de corola amarela ou raras vezes branca (Maio-Setembro), na extremidade de um caule floral erecto, com inflorescência globosa rodeada de brácteas verdes; cálice muito viloso com 2 lábios, com uma intumescência em forma de bexiga, que aumenta de tamanho após a fecundação; corola papilionácea com estandarte curto; vagem inclusa semi-ovada comprida com 1 ou 2 sementes.
Sabor amargo.
Partes utilizadas: toda a planta, flores, inflorescências; secagem à sombra em camadas finas; mexer o menos possível para evitar que as flores caiam.
Componentes: tanino, saponósidos, flavonóides.
Propriedades: adstringente, depurativo, vulnerário.
Curiosidades
A vulnerária encontra-se rente ao solo e por vezes entre pedras, erguendo os seus caules floridos e formando tapetes de magnífico aspecto púrpura ou dourado. Na nossa Serra da Boa Viagem ainda só a encontramos de cor púrpura.
A origem da palavra Anthyllis é grega e deriva de anthos, flor, e ioulus, penugem, numa alusão ao seu cálice viloso. Assim, o néctar das suas flores não está ao alcance das abelhas.
Nos prados a vulnerária é avidamente pastada pelo gado, para o qual constituí um excelente alimento.
Os Antigos e os médicos da Idade Média não deram qualquer importância à vulnerária. Nos meios rurais, as suas propriedades foram descobertas por empirismo; as suas flores fazem parte da composição do chá-suiço, depurativo muito utilizado.
Como usar
Contusão. aplicar em compressas sobre as lesões sem ferida. Decocção de vulnerária. 100g de folhas e raízes para 1 l de água.
Feridas superficiais. Lavar a ferida com uma infusão em 1 litro de água fervente de 30g de folhas e raízes de vulnerária. Infundir 10 minutos.
Arbutus unedo
Medronheiro
"Cor e sabor nos bosques mediterrânicos"
Família: Ericaceae
Habitat: Espécie mediterrâneo-atlântica que se encontra no Sudoeste do continente, indo da Irlanda, Bretanha, regiões tipicamente do clima atlântico, à costa mediterrânica; em quase todo o continente português, mas principalmente nas serras de Monchique e Caldeirão. Bosques, matas, solos áridos, ácidos ou alcalinos; até 1200 m, sem geadas fortes. Suporta climas com períodos estivais secos e pluviosidade baixa. Com os incêndios da última década , o medronheiro tem vindo a ocupar uma menor área florestal em Portugal.
Identificação: Pequena árvore ou arbusto frutífero e de grande beleza paisagística, pode atingir nas zonas protegidas de 6 a 10m de altura, excepcionalmente 15m, mas os incêndios das florestas e a exploração mantêm-no entre 2 e 3m de altura, pois o seu crescimento é lento. Possui copa oval e espessa.
Caule tortuoso, erecto, possui uma casca pardo-avermelhada ou pardo-acinzentada, delgada, gretada, muito escamosa, caduca em pequenas placas nos exemplares mais velhos;
Ramos jovens avermelhados que brotam do caule a partir de 0,50 metros do solo, espaçados entre si;
Folhas parecidas com as do loureiro, serradas, simples, persistentes, que existem na copa durante todo o ano, de 4 a 11 cm de comprimento, de formato elíptico e pecíolo curto, alternadas, de cor verde-escura com um brilho na face superior e mais claras na face inferior;
Flores hermafroditas, brancas com matizes verdes ou rosadas (Outubro-Janeiro), pequenas, reunidas em cachos (ramalhetes) compostos, pendentes, muito decorativos, corola gomilosa com 5 dentes. Debaixo do ovário, encontram-se 10 estames.
Fruto denominado medronho, esférico, carnudo, comestível, de amadurecimento lento, podendo este processo chegar a 10 meses, provido de saliências piramidais, inicialmente verde, depois amarelo e tornando-se laranja a vermelho durante o amadurecimento que ocorre no Outono do ano seguinte; cotém de 20 a 25 sementes pequenas, angulares e de cor castanha.
A reprodução do medronheiro começa com a queda do fruto maduro no Outono ou Inverno, a partir do qual se produz uma maceração e fermentação das sementes. Esta é ajudada em grande parte pela manta vegetal e o sucesso de germinação na Primavera seguinte depende das condições climatéricas durante essa fase de maceração/fermentação.
Sabor farináceo, ligeiramente ácido e agradável, geralmente maduro para colheita entre Setembro e Novembro dependendo da chuva e temperatura da zona.
Floresce portanto no Outono ou no princípio do Inverno e a maturação dos frutos ocorre só no Outono do ano procedente. Porque a floração e a maturação dos frutos do ano anterior é simultânea, os medronheiros são considerados bonitas árvores ornamentais, muito decorativas e "vestem" coloridamente florestas e serras.
Raízes profundas.
Renova bem pelo cepo.
Vive até cerca dos 200 anos.
Partes utilizadas: raízes, frutos, folhas, casca (sem efeitos medicinais).
Componentes: o fruto maduro tem teores de açucar entre os 40 e os 60%, e é boa fonte de beta-caroteno (pró-vitamina A), tanino, niacina e ácido ascórbico (vitamina C) com valores semelhantes aos dos citrinos; metanol presente na destilação.
Propriedades: adstringente, anti-inflamatório, anti-séptico, depurativo, diurético.
Curiosidades
Lineu baseou-se em denominações romanas para designar esta espécie de Arbutus unedo.
Virgílio, nas Geórgicas, chama a esta pequena árvore, muito frequente em Itália, arbustus; Plínio e alguns dos seus comtemporâneos designam o medronheiro, unedo, por unum edo, "eu como um só", um e mais nenhum, fazendo assim referência ao gosto desagradável dos frutos.
Há autores que discordam e referem que a origem etimológica vem do celta arbois, que significa áspero, rude, aludindo aos seus frutos.
O medronheiro devido à degradação dos bosques naturais é muitas vezes uma das poucas espécies com porte arbustivo em bosques, matagais e encostas outrora cobertas de carvalhos.
Resistente à poluição urbana.
Os seus frutos, com elevado teor em tanino servem para preparar bebidas caseiras agradáveis e úteis e são bastante apreciados, especialmente no Sul de Portugal, para produzir aguardentes e licores.
O licor mais famoso comercializado, desde 1956, é o Brandymel, feito de aguardente de medronho e mel.
A chamada medronheira ou aguardente de medronho é não só uma bebida regional Algarvia, mas também é produzida em outras regiões do país, embora em menor quantidade. A diminuição da quantidade de medronho plantado e as leis impostas pelo Estado, leva a que muitos produtores se refugiem infelizmente na clandestinidade.
Os medronhos são fermentados em depósitos de madeira, barro ou cimento durante 1 a 2 meses, evitando-se o contacto com o ar. Para 5 partes de medronhos, junta-se 1 parte de água. Depois é guardado, bem vedado, durante 2 meses. Normalmente com 15Kg de frutos faz-se 15l de aguardente. O pico de produção verifica-se no terceiro ano da árvore, mantendo-se económicamente viável no máximo mais 8 anos. Ao fim de 20 anos é necessário substituir a planta.
Uma aguardente de medronho a 50º e envelhecida em barris durante 8 anos é considerada excelente.
Os medronhos, devido ao seu elevado teor em açucar, é utilizado em diversas aplicações alimentares.
Deles se fazem saborosos doces, compotas, bolachas e também há quem os coma crus, já bem maduros cobertos de açucar e/ou chocolate.
Usos:
Arteriosclerose. Decocção de medronheiro. Pôr a mecerar durante 1 noite 40 g de raízes secas cortadas em pedaços em 1 l de água. Deixar depois evaporar em lume brando até adquirir um terço do volume, deixar repousar e só coar na altura de beber; 1 copo todas as manhãs em jejum durante 3 dias.
Diarreia. Decocção de medronheiro, 40g de folhas para 1 l de água. Ferver 10 minutos. Filtar e adoçar.
A segurança acima de tudo
Os medronhos se consumidos em grande quantidade podem causar embriaguez e dores de cabeça, pois possuem uma certa quantidade de alcoól.
Calluna vulgaris
Torga-ordinária
"A alegria dos solos pobres"
Família: Ericaceae
Habitat: Frequente em quase toda a Europa, Ásia Ocidental, NW África e introduzida na América do Norte, ilhas Baleares. Terras secas, pobres em calcário, incultas e áridas, charnecas e pinhais; até 2500m.
Identificação: de baixo crescimento (rasteiro) de 2 a 10dm de altura. Subarbusto que se encontra verde todo o ano, lenhoso, sinuoso, erecto, podendo viver até 40 anos
Folhas pequenas, persistentes, opostas, imbricadas, lineares, sésseis, côncavas. Durante o Verão são verdes mas no Outono têm um tom amarelado, vermelho e prateado. As folhas formam um rebento parecido com um quadrado.
Flores rosa arroxeado (Fevereiro a Novembro), voltadas para baixo, em cachos sensivelmente unilaterais, estando dispostas nas ramas terminais com 3 e 4 cm, provido na base de pequenas brácteas verdes, pedicelo curto; cálice rosado ou branco, corola e estames inclusos no cálice que é maior que a corola.
Raíz que se ramifica profundamente.
Propagação por semente. Reprodução por estaca.
Partes utilizadas: sumidades floridas com as folhas, devendo ser utilizadas frescas.
Componentes: arbustósido, resina (ericolina), óleo (ericinol), tanino, ácidos (fumárico e cítrico), caroteno, amido, goma.
Propriedades: adstringente, anti-séptico, diurético.
Curiosidades
Pelo seu aspecto decorativo, muito semelhante ao de outras urzes do género Erica, a Calluna vulgaris confere aos locais que habita um encanto especial: arribas, charnecas, bosques pouco densos de solos pobres alegram-se no fim do Verão com os tons das suas flores cor de violeta.
A urze é um nectarífero, fornecendo em abundância às abelhas a substância para o fabrico de um mel amarelo de média qualidade mas muito apreciado na confecção de bolos.
As raízes grossas acastanhadas e muito duras, são utilizadas no fabrico de cachimbos e no fabrico de carvão de excelente qualidade.
As ramagens servem, na Bretanha, para cobrir os celeiros em substituição do colmo.
Para cultivar muitas espécies de plantas de interior, os jardineiros utilizam a terra de urze, formada pela decomposição deste vegetal nas camadas superficiais do solo.
Em Portugal, emprega-se a Calluna vulgaris para secar os fornos de cozer o pão e para acender o lume, substituindo a carqueja.
Utilização
Os cachos floridos, quando a flor começa a desabrochar, constituem um remédio para diversas afecções renais e das vias urinárias.
Acne. Uso externo. Óleo de urze, macerar, pelo menos durante 8 dias, 100g de flores frescas em 0,5 l de azeite, conservar num frasco bem rolhado ao abrigo da luz.
Banho tónico muscular. Decocção de urze, planta inteira. 500 g de plantas (banho completo de um adulto) ou 250 g (para o de uma criança) com água a 32ºC, não ultrapassando 20 minutos. O banho prepara-se em duas fases: em primeiro lugar, a infusão ou decocção concentrada da planta em 3 ou 4 l de água, que, depois de passados pela peneira, se adicionam ao banho no momento da utilização.
Diarreia. Quando uma diarreia se prolonga anormalmente deve consultar o médico. Infusão de urze, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água em ebulição, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos.
Incontinência urinária. Decocção de urze, 50g de sumidades floridas para 1 l de água, ferver até reduzir a 0,75 l.; dose para 2 dias.
Nefrite. Decocção de urze, 30 g de planta florida para 1 l de água, ferver 15 minutos; 4 chávenas por dia.
Reumatismo. Crises dolorosas. Banho de urze. 150g de planta para 1 l de água.
CICHORIUM INTYBUS
Almeirão
"Amigo do Fígado"
Família: Asteraceae
Habitat: Europa; Centro e Sul de Portugal. Encontra-se nas bermas dos caminhos, campos cultivados e incultos, solos secos, calcários e argilosos; também é cultivado; até 1500 metros.
Identificação: planta herbácia, de 0,30 a 1m de altura. Vivaz, caule rígido, anguloso, com numerosos ramos, hirtos, frequentemente divergentes na base; folhas inferiores profundamente divididas em dentes agudos, folhas superiores pequenas, lanceoladas; flores de um azul vivo, puro (Julho-Setembro), que se associam em belos capítulos que se abrem de manhã, cerca das 6 horas, e se fecham durante a tarde; raíz aprumada. Contém uma seiva leitosa, muito amarga, pelo que é conveniente colher as folhas antes da floração, após o que deixam de ser comestíveis.
Partes utilizadas: folhas (Junho-Setembro, antes da floração), flores e raíz (Outono).
Componentes: sais minerais, glúcidos, lípidos, prótidos, vitaminas B, C, P e K, aminoácidos, inulina, heterósido amargo.
Propriedades: aperitivo, colagogo, colerético, depurativo, diurético, estomáquico, febrífugo, laxativo, tónico.
Lendas e histórias
Existe uma lenda que descreve uma virgem, cujo bem amado partiu para a terra santa e deveria voltar um dia do leste com o sol nascente, o esperou todas as manhãs no caminho e foi transformada nessa flor. Talvez por isso esta flor transmita uma impressão moral de paciência, espara sempre renovada, sentimento de conformidade com o seu destino...
Utilização
Intybus deriva da palavra egípcia "tybi", que quer dizer Janeiro, o mês em que é costume comê-la. Apenas as folhas da plantas jovens podem ser usadas em saladas. Assim que as plantas entram em floração, as folhas já não são comestíveis. O aproveitamento das folhas cruas em saladas ou como vegetal cozido é comum no Brasil. Experimente acompanhar a salada com cenoura, alho e salsa, aumentando o seu valor nutritivo. São muito saborosas também em refogados acompanhando legumes, cereais ou carnes. O seu valor nutricional é superior ao da alface, sendo mais rica em vitaminas, minerais e fibras.
A utilização alimentar da chicória, data do séc.XVII; cultivada nas hortas deu mais tarde origem às inúmeras variedades hortículas por melhoramento genético, actualmente conhecidas, como as escarolas ou endívias, as quais devido a serem menos amargas, são também muito menos activas.
A conhecida chicória é afinal o tubérculo da planta Cichorium intybus, em forma de cenoura com mais volume. É utilizado torrado em fornos e moído, para fazer café de mistura, juntamente com cevada e café puro e tem cor escura e sabor amargo. Sendo um aditivo do café é usada para contrabalançar o efeito estimulante da cafeína.
A sua raíz apresenta também grandes quantidades do carbohidrato inulina, de importantes aplicações na indústria farmacêutica e de alimentos dietéticos.
As flores do almeirão também são comestíveis podendo embelezar saladas com efeito surpreendente.
É plantada para fins ornamentais, principalmente na Europa
No seu jardim
Efeitos medicinais
Indicações: Limpa e activa as funções do fígado e trata afecções da vesícula biliar, activando a função biliar , quando a secreção da bílis se mostra escassa. Protege o estômago e os rins. Estimula o baço. Útil em gastroenterites, dispepsia e diabetes.Trata problemas de visão em geral, fortalece os ossos, dentes e cabelos. O chá feito com uma raíz de chicória é conhecido por ser diurético e bebido meia hora antes das refeições combate a falta de apetite. Actua como laxante contra a preguiça funcional dos intestinos. Também um bom remédio em inflamações da cavidade abdominal e apêndice.
Modos de usar:
◆ Anemia. Somente a anemia provocada por carências alimentares pode ser parcialmente compensada por plantas. Ingerir por dia: 100g de suco de almeirão, 100g de beterraba-vermelha ralada ou 50g de suco da mesma, 150g de cenoura ou 100g do seu suco e 200g de suco de couve-rouxa ou verde temperado com sumo de limão. Tomar 1 colher de sopa 20 minutos antes de cada refeição.
◆Apetite. Para aumentar o apetite: infusão com 20g de folhas secas de almeirão para 1l de água fervente; 2 chávenas por dia.
◆Cura da Primavera. São curas revigorantes cujo fim é desintoxicar o organismo, forçando-o a eleminar as suas toxinas. Duram 3 semanas, em doses de 4 a 6 chávenas grandes de preparação por dia, das quais uma em jejum e uma ao deitar. Infusão composta de borragem (Borrago officinalis L.. Partes utilizadas: flores e suco das folhas e dos caules - Junho-Agosto), almeirão, fumária (Fumaria officinalis L.-erva moleirinha. Partes utilizadas: planta florida, excepto a raíz -Maio-Setembro; secagem em camadas ou ramos.) e taráxaco (Taraxacum officinale- dente-de-leão), 20g de cada planta para 1 l de água fervente; infundir 10 minutos.
◆Diabetes. Uso Interno. Para substituir o pequeno-almoço: infusão de almeirão, 40g de raízes secas e torradas para 1l de água fervente ou decocção de almeirão, 20g de raízes secas para 1l de água; ferver 5 minutos; infundir 10 minutos.
◆Fígado. Há muitas plantas benéficas para o Fígado. Quase todas são conhecidas e não necessitam de qualquer preparação especial, pois são geralmente consumidas cruas ou cozidas: o almeirão, o agrião, a beringela, a couve, o espargo, o feijão-verde.
◆Icterícia. Decocção de almeirão, 30g de raízes para 1 litro de água, ferver 2 minutos, infundir 2 minutos e coar.
◆Obstipação. Saladas de almeirão.
COREMA ALBUM
Camarinha
"Enorme controle da transpiração"
Família: Empetraceae
Habitat e identificação: Península Ibérica, Açores, naturalizada na França, areias do litoral e lugares arenosos não longe da costa.
Pequeno arbusto, com ramos levantados, que libertam um cheiro adocicado.
Folhas rígidas, coriáceas, com a margem enrolada.
Flores terminais, pétalas rosadas, irregularmente franjeadas na margem (Fevereiro a Junho).
Fruto globoso branco ou vermelho.
Curiosidades
Corema album "é uma espécie homeohídrica e "poupada", que controla a transpiração de modo a manter o conteúdo hídrico.". Homeohídrica, significa que" tem a capacidade de regular o seu conteúdo hídrico, mantendo-o constante independentemente da humidade do ambiente (dentro de determinados limites), como por exemplo os fetos e as plantas com semente". É assim que explica o estudo "o salgueiro, o líquene e a camarinha-numa história de água e dunas" realizado pelo Centro de Ecologia e Biologia vegetal da Universidade de Lisboa, de fácil consulta no google e que não deve deixar de ler.
Arbusto infelizmente pouco usado como ornamental.
Lombo de Porco ou de Vaca com Geleia de Camarinhas
FIGUEIRA DA FOZ
fonte: Câmara Municipal da Figueira da Foz
Ingredientes:
1 kg de lombo ;
3 tomates médios ;
2 ou 3 dentes de alho ;
1 folha de louro ;
toucinho - q.b. ;
chouriço - q.b. ;
100 g de margarina ou de banha caseira ;
azeite - q.b. ;
vinho branco - q.b. ;
água - q.b. ;
1 piripiri ;
meio pimento ás tiras ;
6 cebolas médias ;
250 g de cenouras ;
sal - a gosto
Confecção:
Limpe a carne de veios e nervos, e lave-a muito bem. Faça nela incisões, introduzindo em cada uma rodelas de alho, de chouriço e de toucinho aos pedaços. Numa assadeira (de preferência de barro) disponha uma camada de rodelas de cebola e, logo a seguir, junte a carne, regada de água e vinho branco (na proporção de 3 para 1), azeite e margarina ou banha, louro, piripiri, pimento em tiras, cenouras lavadas, descascadas e cortadas em quartos, no sentido do comprimento. Acrescente o resto das cebolas (cortadas em rodelas), os tomates limpos de grainhas, mais pedaços de toucinho e rodelas de chouriço. Leve ao forno, já levemente aquecido, aumente o calor para um pouco mais de médio e deixe assar, regando a carne, de vez em quando, com o próprio molho. Quando começar a ganhar cor, volte a carne e rectifique o tempero de sal, se necessário.
Só retire do lume quando estiver bem assado.
Observação: Se a carne for de porco, não use tanta gordura.
Modo de preparar a geleia de camarinhas:
Passam-se as camarinhas (maduras), por muitas águas, até retirar todas as impurezas. Cozem-se em pouco água. Depois de bem cozidas, passam-se pelo coador de rede, esmagando-as com uma colher ou pilão de madeira. Pesada a quantidade de líquido obtido, junta-se-lhe um peso levemente inferior de açúcar e mistura-se muito bem. Vai ao lume para apurar e serve-se frio.
Cantiga popular
http://www.horta.uac.pt
"Fostes ao Senhor da Pedra Minha rica Mariquinhas... Nem por isso me trouxestes Um ramo de camarinhas. Hei-de ir ao Senhor da Pedra Para colher as camarinhas... Mas, meu amor, é de lá Já mas tinha apanhadinhas. Fui ao mar às camarinhas E cacei um camarão... (coro) Ai sim, camarinha, ai sim! Ai sim, camarinha, ai não! Ai sim, camarinha, ai sim! Camarinha, ai sim! Camarinha, ai não".
CRATAEGUS MONOGYNA
Pirliteiro
"A árvore do coração"
Família: Rosaceae (Rosáceas); outros membros incluem a rosa, o pêssego, a amêndoa, a maçã e o morango.
O Pilriteiro é uma bela árvore de médio porte que chega aos 4 metros de altura. Símbolo de delicada e viçosa beleza, foi sempre celebrada por poetas e romancistas sob os mais diversos nomes, apesar de ter ramos espinhosos e da sua madeira ser dura como ferro. A casca jovem é cinzenta-clara, lisa, mais tarde castanha, fendida. Tem folha caduca, flores brancas ou rosadas e os frutos são bagas vermelhas comestíveis, de sabor agridoce e textura farinhenta.
Pode atingir uma idade avançada e chegar aos 500 anos.
Histórias
O seu nome científico vem do grego Kratos, que significa força, devido à extrema dureza da sua madeira.
Em Inglaterra é conhecido como May Tree ou May Flower pois a sua floração dá-se no mês de Maio (em Portugal floresce em Março ou Abril, nos anos mais quentes), ou vulgarmente, hawthorn.
Na américa as crianças na escola primária aprendem que o primeiro barco que levou os ingleses ao país se chamava Mayflower. No entanto, quase nenhum deles sabe que o nome do barco é referente ao Pirliteiro. May flower é sinónimo de hawthorn, a palavra inglesa vulgar para esta planta.
Associado também a lendas. Os Gregos e os Romanos relacionavam-no com gravidez, casamento e fertilidade. Na Grécia as damas de honor e a noiva levavam ramos de pirliteiro. Os Romanos, tinham por hábito, pendurar um ramo de Pirliteiro por cima do berço dos recém-nascidos, para os proteger de maus espíritos e na Idade Média penduravam os seus ramos nas portas das casas para afastar as más energias.
Com o cristianismo esta planta transformou-se em símbolo de pouca sorte: os espinhos da Coroa de Cristo parecem ser de ramos de Pirliteiro. Também outrora se cortava da sua madeira os cepos dos suplícios.
A partir do século XVII perdeu a sua má fama e começou a ser usada para fins medicinais.
Hoje em dia fazem-se sebes de pirliteiros alinahdos e dobrados enquanto jovens que servem de habitat para a vida selvagem e produzem mais flores e frutos que as sebes podadas.
Efeitos medicinais
As bagas eram já alimento para os homens da Pré-História, como comprovam os vestígios de caroços encontrados em ruínas das cidades lacustres. Os frutos vermelhos do Pirliteiro são conhecidos desde há muito pelas suas propriedades diuréticas e adstringentes e no século XIX foi posta em evidência, por um médico Irlandês, a sua poderosa acção cardiovascular.
Partes utilizadas: Tanto as folhas, como as flores em botão, os pequenos frutos vermelhos (fins de Setembro) e a casca dos ramos jovens apresentam propriedades medicinais.
Componentes: pigmentos flavónicos, flavenóides (rutina e quercitina), derivados terpénicos, histamina, taninos, vitamina C.
Propriedades químicas e terapêuticas: É conhecida como a "Árvore do Coração" porque tem a fabulosa acção de normalizar o batimento cardíaco e regular a tensão arterial agindo de forma eficaz e não agressiva.
As bagas são fortemente antioxidantes, protegendo os tecidos do Coração.
O Pirliteiro trata problemas cardíacos e de circulação sanguínea porque o alto teor em bioflavenóides permite relaxar e dilatar as artérias, sobretudo as coronárias e as periféricas. Aumenta portanto a irrigação sanguínea ao músculo cardíaco e atenua os sintomas de angina de peito. Também pode aumentar a força de bombeamento do coração e eliminar alguns tipos de problemas relacionados com o ritmo cardíaco (arritmias). Os bioflavenóides também são antioxidantes, o que evita e reduz a degeneração dos vasos sanguíneos. Certas evidências sugerem também que o piliteiro pode ajudar a limitar a quantidade de colesterol que se deposita nas paredes das artérias.
Hoje em dia usa-se em muitas zonas da Europa para tratar a cardiomiopatia. Nos Estados Unidos, onde a principal causa de morte são as doenças cardíacas, o pirliteiro tem sido praticamente ignorado.
Até Varro Tyler, Ph.D., bastante conservador nas suas avaliações dos potenciais medicinais das ervas, diz que o pirliteiro é "valioso...um tónico cardíaco relativamente inócuo que...dá bons resultados".
Embora o pirliteiro se considere seguro e possa ser eficaz no tratamento de angina de peito, insuficiência cardíaca congestiva e arritmias cardíacas, estas doenças são potencialmente mortais, por isso requerem atenção médica. Use apenas o pirliteiro como parte do plano geral do tratamento e não se esqueça que ele exerce um efeito contínuo mas a longo prazo.
Modos de usar
◆Os médicos alemães receitam uma colherinha de tintura de pirliteiro ao despertar e antes de ir para a cama durante várias semanas.Para diluir o seu sabor amargo, misture-o com açucar, mel ou limão e misture-o numa bebida à base de ervas.
◆Os herbolários recomendam usar 2 colheres de folhas ou frutos triturados por cada chávena de água a ferver.Deixar em infusão durante 20 minutos.2 chávenas por dia, durante 1 a 2 meses, protege o coração, melhora a circulação, combate a arteriosclerose.
◆O chá feito das folhas em forma de gargarejo alívia dores de garganta. Combinado com gingko biloba, melhora a memória, problemas de insónia de origem nervosa.
Outras prescrições:
◆Acufenos: infusão de 50g de flores secas para 1 litro de água fervente, infudir 10minutos; 2 chávenas por dia.
◆Inflamação da garganta: gargarejos. Preparar 1 litro de liquído por dia, filtrar cuidadosamente, adoçar com mel. Infusão de 30g de flores. Infundir 10 minutos.
◆Angústia: infusão de 50g de flores para 1litro de água fervente; adicionar 1 ameixa seca e deixar infudir 15 minutos; 3 chávenas por dia, das quais 1 ao deitar, durante 1 mês.
◆Arteriosclerose: infusão de 50g de flores secas para 1 litro de água fervente; 3 chávenas por dia.
◆Banho sedativo: Fazer primeiro uma infusão de folhas de melissa (Melissa officinalis L.- erva cidreira), malva (Malva silvestris L. - malva silvestre), flores de marmeleiro, folhas de matricária (Chrysanthemum parthenium Bernh. - artemísia dos ervanários), folhas de nogueira, satureja em flor, flores de tília (Tilia cordata officinalis L. - valeriana -silvestre ou erva -dos-gatos), da planta inteira de valeriana e flores de pirliteiro em 3 ou 4 litros de água. Passar por uma peneira e adicionar ao banho, no momento de utilização. Para o banho de um adulto são necessárias 500g de plantas. Na água quente do banho as plantas desenvolvem as suas propriedades por difusão e dissolução das suas substãncias activas. Deste modo deve vigiar-se a pessoa que toma banho. Os banhos muito quentes são fatigantes. Não devem ultrapassar os 20 minutos.
◆Acalmar os nervos: tisana sedativa com infusão de 10g de flores secas para 1 litro de água fervente; infudir 10 minutos.Tomar 3 chávenas por dia durante 3 semanas.
◆Coração (as doenças do coração são inúmeras e provocadas por diversas causas, exigindo um diagnóstico preciso de um médico. As plantas podem aliviar o coração de diversos modos, mas não substituem uma consulta): infusão de 15g de flores secas para 1 litro de água fervente. Infudir 10 minutos. 2 chávenas por dia durante 20 dias.
◆Diarreia (sintoma de numerosas afecções por vezes grave; quando se prolonga anormalmente é indispensável consultar o seu médico):infusão de frutos maduros secos para 1 litro de água fervente.
◆Espasmos (contracção involuntária, que pode situar-se também ao nível das vísceras):tintura alcoólica macerando durante 15 dias, 20g de frutos e de flores em 100g de álcool a 70º e filtrar; 20 gotas ao deitar.
◆Hipertensão arterial (é necessário um diagnóstico etiológico preciso.Consulte o seu médico!): infusão de 50g de flores para 1 litro de água fervente, 3 semanas por mês.
◆Litíase renal: ferver 5 minutos 15 g de bagas secas para 1 litro de água, infundir 10 minutos.
◆Obesidade: conjuntamente com um regime de emagrecimento beber infusão de 15g de flores de pirliteiro para 1litro de água fervente; infudir 10 minutos. Beber 3 chávenas por dia durante a dieta estabelicida. O pirliteiro tem uma acção calmante.
◆Palpitações (só muito raramente são indicativas de doença cardíaca, são normalmente devidas a ansiedade. Neste caso as plantas mais úteis são as sedativas): infusão de 20g de flores para 1 litro de água fervente, infundir 5 minutos, para acalmar a crise. Beber 1 chávena.
◆Sono (as plantas podem devolver a calma indispensável para um sono reparador): tomar 1 chávena ao deitar de infusão de 30g de flores para 1 litro de água fervente; infundir 10 minutos.
Receita de Ketchup de bagas de pirliteiro: 750g de bagas maduras; 2 chávenas (450ml) de vinagre de sidra; 1/2 chávena (125g) de açucar; 1 colher de chá (5 ml) de sal; 2 colheres de chá (10 ml) de pimenta-da-jamaica. Coza as bagas no vinagre durante 20 minutos, até amolecerem. Passe a polpa através de um crivo com uma colher, para eleminar os caroços. Volte a colocar na panela, junte os outros ingredientes e aqueça durante mais 10 minutos. Conserve em frascos esterilizados e fechados.
As bagas podem ser adicionadas à geleia de maçã brava e servem também para fazer vinho.
Segurança
Grandes quantidades podem causar sedação, diminuição significativa da tensão arterial, o que pode causar desmaios.
Apenas pessoas com diagnóstico de angina de peito, arritmias cardíacas ou insuficiência cardíaca congestiva devem usar este estimulante cardíaco e sempre sobre vigilância médica.
Não usar durante a gravidez, período de amamentação ou em crianças.
Crithmum maritimum
Funcho-marítimo
"Sabor salgado no Cabo Mondego"
Família: Umbelliferae (Apiaceae)
Habitat: funcho-marítimo conhecido também como perrixil-do-mar tem como habitat costas rochosas, ao alcance da brisa marítima, sendo frequente sobre os rochedos de toda a costa portuguesa. Frequente nas costas europeias e norte-africanas Atlânticas, Mediterrânicas e do Mar Negro e Macaronésia (excepto Cabo Verde)
Identificação: de 0,20 a 0,50 m de altura. Vivaz, caule prostrado ou ascendente, estriado e em ziguezague; folhas glaucas, difusas, carnudas, espessas, brilhantes, de um verde-azulado, erectas, pontiagudas; flores branco-esverdeadas (Maio-Outubro), em umbelas com pedúnculo curto, com 10 a 20 raios grossos, invólucro e involucelos com numerosas brácteas lanceoladas, pétalas arredondadas; fruto volumoso ovóide, esponjoso, assinalado por 10 costas salientes e aquilhadas. Sabor amargo e salgado. É ao seu aroma característico e à sua morfologia que se deve o nome vulgar funcho-marítimo.
Partes utilizadas: Folhas.
Componentes: essência, óleo, sais minerais, iodo, bromo, vitamina C.
Propriedades: antiescorbúrtico, aperitivo, depurativo, diurético, tónico.
Curiosidades
O funcho marítimo é uma espécie botânica abundante nas falésias do Cabo Mondego (sector ocidental da serra da Boa Viagem), no trajecto da Praia de Quiaios para Buarcos, onde outrora passearam dinossauros durante os tempos jurássicos. Vistosa com inflorescências em forma de umbela, com caule estriado e carnudo, a sua raíz penetra nas mais pequenas fendas dos rochedos, podendo atingir 5m de comprimento. Necessita de grandes quantidades de humidade, ambientes salgados, bem como da suavidade dos climas marítimos, oceânicos ou mediterrânicos.
No séc. XIX, comercializavam-se estas folhas em algumas aldeias mediterrânicas; os marinheiros levavam-nas para bordo, pois apreciavam o sabor ligeiramente amargo e salgado, mas extremamente agradável, do funcho.
Hoje, sendo um vegetal comestível selvagem, é usado em pickles e molhos. O mais comum e agradável é utilizar as folhas deste funcho marinadas em vinagre e confeccionadas como pepinos.
O nome científico, Crithmum maritimum, vem do grego Krithe, que significa cevada, em alusão à semente.
É ao seu aroma característico e à sua morfologia que se deve o nome vulgar funcho-marítimo.
O nome perrixil-do-mar vem do castelhano perejil , que significa salsa. Em italiano denomina-se finocchio di mare, em inglês denomina-se crest marine, rock samphire ou sea fennel, em francês criste marine ou perce-pierres.
Como utilizar
As suas folhas carnudas, espessas e brilhantes são utilizadas para fins medicinais; devem ingerir-se cruas para melhor beneficiar das suas acções aperitiva, tónica e antiescorbútica; porém se os efeitos desejados são o depurativo e o diurético, a preparação mais indicada é uma infusão da planta fresca. Após a preparação, os boiões devem ser hermeticamente rolhados e conservados em local seco.
O funcho-marítimo é usado na medicina popular para eliminar parasitas dos intestinos.
□Apetite. Para aumentar o apetite utilizar como condimento folhas de funcho-marítimo depois de tratadas com sal.
□Escorbuto (doença, rara nos nossos dias, provocada por uma carência de vitamina C). Conserva de funcho-marítimo: colocar num recipiente de barro folhas de funcho-marítimo com alguns ramos de estragão e 1 punhado de sal grosso, cobrir com vinagre de vinho fervente; 12 horas depois retirar o vinagre, passá-lo pela peneira, fervê-lo novamente, deitá-lo no recipiente e tapar.
Eryngium campestre
Cardo-corredor
"Tenacidade de sobrevivência"
Família: Umbelliferae
Habitat: Europa. Terrenos incultos e secos, solos calcários, arenosos e áridos; até 1500m.
Identificação: planta espinhosa de 30 a 70 cm de altura com caule erecto, vigoroso, ramoso;
Folhas verde-esbranquiçadas, coriáceas, onduladas, as basilares com o peçíolo comprido nu e bordejadas de espinhos.
Flores branco-esverdeadas (Julho-Setembro), sésseis, em capítulos compactos, pedunculados, ovóides, globosos, com invólucro espinhoso, de 3 a 6 brácteas rígidas, abertas e pontiagudas, bem maiores que os capítulos, cálice com dentes erectos sobre o fruto, 5 pétalas chanfradas e 5 estames; diaquénio coberto de escamas pontiagudas.
Concluída a frutificação no Outono, toda a parte aérea da planta se despreende, graças a uma zona de abcisão perto da base do caule. A planta ao rolar com o vento dispersa as suas sementes;
Raíz profunda, comprida e rastejante.
Cheiro a almíscar; sabor primeiramente adocicado e depois amargo e acre.
Partes utilizadas: folhas (Julho-Agosto) e raíz (Primavera-Outono).
Componentes: sais minerais (potássio, sódio e cálcio), óleo essencial, saponósido.
Propriedades: aperitivo, diurético, emanagogo.
Curiosidades
O nome do género provém do grego eruggion que designa uma planta conhecida como "barba-de-cabra".
O género Eryngium inclui cerca de 230 espécies, algumas com propriedades medicinais. É o caso de Eryngium maritimum, muito abundante nas dunas da Praia de Quiaios, com propriedades anti-inflamatórias e usado para tratamento de afecções da boca. Existem também espécies cujas raízes são usadas como vegetal comestível ou na produção de doces.
Eryngium campestre , vulgarmente conhecido como cardo-corredor, é uma planta estranha, umbelífera, que abandona, no Outono, os seus caules secos e leves ao sabor do vento, espalhando as suas sementes e colonizando outros solos, tendo por vezes características de tal modo invasoras que constituem um verdadeiro desagrado para quem tem terrenos de cultivo. É uma planta vivaz, muito apreciada pelos médicos da Antiguidade devido às sua famosa capacidade de estimular o apetite e de ser diurética, acções confirmadas, ao longo dos séculos, pela experiência e, mais tarde, pela análise química das subtâncias contidas nos seus tecidos. No entanto não possui características afrodisíacas, como se pensava.
O cardo-corredor desempenha ainda um papel na alimentação, sendo também um condimento; dos jovens rebentos fazem-se saladas; as folhas jovens, conservadas em vinagre, têm uma utilização idêntica à do pepino e, conservadas em açucar, são um manjar delicado.
Como usá-lo
Apetite. Para aumentar o apetite utilizar como condimento folhas novas de cardo-corredor conservadas em vinagre.
Diurese. Decocção de cardo-corredor, 40g de raízes para 1 litro de água, ferver 5 minutos; 4 chávenas por dia entre as refeições.
Edema. Decocção de cardo-corredor, 40g de raízes para 1 litro de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos; quantidade para 2 dias.
Icterícia. Infusão de cardo-corredor, 40g de raízes para 1 de água fervente, infundir 10 minutos; dose para 24 horas.
Ureia. Decocção de cardo-corredor. 30g de raízes para 1l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos.
A segurança acima de tudo
Muitas espécies de Eryngium são tóxicas, se não usadas nas doses recomendadas.
FOENICULUM VULGARE
Funcho
Filho do Sol, divinal auxiliar digestivo
Família: Umbelliferae; outros membros incluem a cenoura e a salsa.
Habitat: Nativo da bacia do Mediterrâneo; em Portugal cresce especialmente em regiões do norte e do centro. O Funcho expandiu-se com o decorrer dos séculos para oeste. Encontra-se em terrenos baldios, colinas secas, bermas dos caminhos e próximo de povoações.
Descrição: É uma grande umbelífera elegante e vivaz que pode atingir 2m de altura (em geral com menos de 80 centímetros). Caule erecto, finamente canelado, ramoso, verde com estrias azuis, brilhante, compacto, apresentando folhas alternas recortadas em segmentos filiformes, com baínha muito comprida e limbo curto, de cor verde-azulado-escuras, também brilhantes e muito flexíveis, mas que, quando expostas à secura, endurecem exteriormente para evitar a perda de água. No cimo deste caule ramificado aparecem umbelas compostas, formadas de diminutas flores de 2 a 5 mm de diâmetro, cor amarelo a amarelo-esverdeadas (Junho-Agosto). Os frutos são sementes secas, fortemente aromáticas, ovóides, de 4 a 9 mm de comprimento e 2 a 4 mm de largura, achatadas e com saliências longitudinais, simétricas em ambos os lados, cor cinzento-escuro.
A raíz é rizomatosa, esbranquiçada e muito suculenta, armazenando grande quantidade de água.
Existem diversas variedades espontâneas de funcho com frutos ligeiramente doces, apimentados ou amargos, e uma variedade cultivada muito doce, da qual é comestível a base carnuda das folhas.
O perfume aromático e o sabor picante da planta devem-se a uma essência rica em anetol, substância estimulante e digestiva, existente sobretudo nas sementes.
Partes utilizadas: Folhas frescas, raíz (fim do primeiro ano); frutos (sementes em Setembro e Outubro).
Componentes: contém até 6% de um óleo essencial cujos principais componentes são o anetol e a fenchona, possuindo também albuminas, açucares e mucilagem, flavenóides incluindo rutina, esteróis, sais minerais, provitamina A, vitaminas B e C.
Propriedades: espasmolítico, aperitivo, carminativo, emenagogo, expectorante, galactogénico, tónico, anti-séptico, vulnerário, aromático, purificante.
Espécies associadas: dado a presença de óleos essenciais, a planta é muito resistente ao ataque de insectos e herbívoros. É no entanto, hospedeira de alguns lepidópteros especificamente adaptados ás suas características bioquímicas, incluindo formas larvais da Amphipyra tragopogonis e da Papilo zelicaon, que apenas se alimentam de umbelíferas.
Dado o seu cheiro a anis, a planta é muitas vezes confundida com a Pimpinella anisum (o anis), uma espécie aparentada, mas muito diferente.
Notas Históricas
A sua denominação provém do termo latim foenum (feno) devido à sua fragrância.
Pelas suas características aromáticas e pelos usos medicinais do anetol, a seu uso remonta à Antiguidade, sendo já cultivado no Antigo Egipto.
Na Grécia Antiga era designado por "marathon", que significa "emagrecer", em alusão ao seu uso durante os jejuns e está na origem do nome Maratona, o local da mítica batalha de Maratona, travada em 490 a.C. entre gregos e persas, que se travou num campo de funcho.. Era pois considerado o símbolo da vitória.
A mitologia grega diz que Prometeu usou um talo de funcho -era com mais exactidão a espécie Ferula communis, conhecida como "funcho gigante"- para roubar o fogo dos deuses.
Os romanos adornavam-se com grinaldas de funcho, dado que também lhe eram atribuídas propriedades afrodisíacas.
As senhoras apreciavam comê-lo para combater a obesidade e os homens acreditavam que lhes dava força e ferocidade.
Também era usado para adornar a tocha olímpica da maratona com os seus caules.
Nos textos de medicina antiga é citado como curativo.
Os puritanos da Nova Inglaterra chamaram ao funcho "sementes de reunião". As reuniões eram os seus intermináveis serviços eclesiásticos. Algumas fontes
dizem que os puritanos o usavam para suprimir o apetite. Outros dizem que muitos puritanos se fortificavam com whisky para poder aguentar os serviços e depois mastigavam sementes de funcho para ocultar o cheiro. Os puritanos também o utilizaram como auxiliar digestivo, o uso principal da cura com ervas desde o tempo dos faraós até aos nossos dias.
Diz a tradição que as cabras comem funcho para aclarar a vista... Aliás, um herbário galês do século XII recomenda o funcho para todas as doenças dos olhos e como purgante. Culpeper (1652) escreve: "A semente cozida em vinho e bebida é boa para mordidas de serpente ou para intoxicações por ervas venenosas ou cogumelos".
Uma variedade de funcho, originária da Macaronésia e designada por F. vulgare azoricum, caracterizada por caules mais suculentos e doces e menor concentração de óleos essenciais, o que o torna mais facilmente comestível em fresco, é hoje comercializada com a designação de Florence. Esta forma de planta é espontânea nos Açores e na Madeira. A sua abundância está na origem do nome da cidade do funchal, a actual capital Madeirense.
Utilização e poderes curativos
Toda a planta, da semente à raíz é comestível, especialmente os bolbos radiculares que são muito suculentos, tanto crus como cozinhados. As folhas em particular são utilizadas como condimento culinário.
Tem um intenso aroma que faz lembrar o anis, por isso combina bem com natas, serve para aromatizar castanhas e azeitonas e é excelente para rechear a barriga de um peixe. Aliás os molhos de funcho são excelentes para ajudar na digestão de peixe e um raminho fresco é sempre um bonito ornamento. Empregue como condimento popular em confeitaria, flans e pudins.
As hastes das plantas jovens picadas finamente são saborosas em saladas, batatas, pratos de arroz e em molhos de ervas para pastas.
Na ilha da Madeira existem os tradicionais e deliciosos rebuçados de funcho e um dos pratos típicos dos açores é uma sopa de feijão e inhame cm folhas e caules tenros de funcho.
Na Índia e China as sementes moídas são utilizadas para a produção de condimentos e especiarias, recebendo a designação de saunf ou moti saunf.
Os rebentos recentes empregam-se muito na Europa meridional como verdura. Trata-se, quase sempre, não do funcho de especiaria (Foeniculum vulgare ou officinale), mas sim do chamado funcho comestível ou doce ( Foeniculum dulce).
As sementes secas são utilizadas em chás e tisanas e como aromantizante em licores (como o anis) e bebidas alcoólicas destiladas.
Em concentrações elevadas os óleos essenciais do funcho apresentam actividade inseticida, afugentando insectos incómodos. Era comum usar as sementes moídas em estábulos e canis como um remédio contra as pulgas.
O óleo essencial do funcho doce (var.dulce) é o preferido na aromoterapia.
Uma diluição de 1% em óleo base é usada para massajar abdómens inchados.
Também é utilizado em cosmética e em perfumaria os óleos essenciais do funcho são utilizados para perfumar pastas dentríficas, champôs e sabonetes.
A ciência concorda aliás com alguns dos seus usos tradicionais:
- Auxiliar digestivo. As sementes do funcho têm o efeito de relaxar a suave cobertura muscular do aparelho digestivo (o que faz dele um antiespasmódico). Além disso ajuda a expulsar os gases intestinais (efeito carminativo).
Uma investigação europeia mostra que destrói algumas bactérias, o que assenta o seu uso tradicional com tisanas à base de funcho no tratamento da diarreia.
Na Alemanha, onde a cura pelas ervas é uma corrente muito mais importante que nos Estados Unidos, o funcho usa-se como o anis e a alcarvia contra a indigestão e dor devido aos gases e cólicas infantis (efeito analgésico). Também em Portugal, o chá de semente de funcho é muito dado pelas mães aos filhos, já que é conhecido por reduzir os gases intestinais em crianças lactentes e na primeira infância.
-Saúde feminina. Os antiespasmódicos acalmam o aparelho digestivo e também outros músculos suaves, como o útero. No entanto, o funcho usou-se tradicionalmente não para relaxar o útero, mas sim para induzir a menstruação. É possível que doses elevadas de funcho induzam suficientemente a menstruação.
Um estudo sugere que a erva tem um efeito estrogénico, o que significa que actua como estrogénico, a hormona sexual feminina. Esta acção talvez tenha algo a ver com o seu uso tradicional como indutor do leite e da menstruação.
as mulheres podem prová-lo para que estimule os seus períodos ou incremente a produção de leite. Mulheres em idade madura podem usar o funcho para aliviar as moléstias da menopausa.
-Cancro da próstata. As hormonas sexuais femininas ferquentemente são receitadas para o cancro da próstata. Qualquer forma de cancro requer atenção profissional. experimente o funcho como complemento da sua terapia normal e apenas sob vigilância do seu médico.
-As tisanas à base de funcho também são recomendadas contra doenças do aparelho urinário e no tratamento complementar da diabetes.
- A essência de funcho serve para fabricar uma água de funcho (Aqua foeniculi) usada em gargarejos e para lavagens oculares.
- O funcho é também proveitoso no catarro bronquial e tosse renitente. O efeito é determinado pelo óleo essencial, sobretudo pelo anetol que constitui um bom meio de expectoração. Acelera a actividade dos epitélios vibráteis das vias respiratórias.
- Só o efeito do emprego popular de cozimentos de funcho nas inflamações das pálpebras não está cientificamente comprovado.
Como usá-lo
Como auxiliar digestivo, mastigue uma mão cheia de sementes ou experimente uma infusão ou tintura.
Use também infusão ou tintura, para induzir a menstruação ou (sob vigilância médica) como possível ajuda no tratamento do cancro da próstata.
-O funcho é o melhor chá para mães a amamentar porque ajuda a ter leite e alivia as cólicas do bébé.
A crianças menores de dois anos pode dar-se (com cuidado), um ligeiro preparado de funcho para as cólicas. Dê 1 a 3 colheres de chá (5-15ml) do chá, consoante a necessidade. O chá pode ser feito de folhas frescas ou secas ou de sementes, esmagando-as e usando metade de uma colher de chá por chávena de água a ferver. Se persistir o problema, consulte o pediatra.
Para crianças maiores e pessoas com mais de 65 anos de idade, recomenda-se começar com preparações ligeiras e fazê-las mais fortes se for necessário.
-No emprego como infusão para flatulências, misturam-se 25g de funcho, 25g de anis, 25g de coentros e 25g de cominhos; prepara-se uma infusão com uma colher desta mistura e bebe-se uma ou duas chávenas por dia.
-Meteorismo (distensão do abdómen devida à acumulação de gases nos intestinos). Beber uma chávena após as refeições. Infusão de sementes ou de frutos de cada planta ou de 30g da sua mistura, consoante o gosto: anis, cenoura, coentros, cominhos, aipo, alcarvia, endro, funcho.
- Diarreia. Dose para 1 dia: Decocção de funcho, 20g de raízes secas para um litro de água ferver 15 minutos, infundir 3 minutos; beber muito quente.
-No emprego como infusão expectorante, misturam-se para maior eficácia 25g de funcho, 25g de liquén e 25 g de malvaísco. Deitar uma colher desta mistura sobre um litro de água fervente. Deixar repousar 15 minutos. Beber 2 a 3 chávenas por dia.
- Aerofagia (deglutição de ar que se acumula no estômago). Infusão de sementes, deixar em infusão 10 minutos em 1 litro de água fervente, acrescentar 1 pitada de canela e beber quente antes ou depois das principais refeições: 10g de alcarvia, 15g de angélica, 15g de anis, 40g de endro, 30g de funcho.
-Bronquite (inflamação aguda ou crónica da mucosa brônquica). Infusão de funcho, 50g de sementes para 1 litro de água fervente, infundir 5 minutos.
-Rouquidão. USO INTERNO. Infusão de funcho, 5g de sementes numa chávena de leite fervente; infudir 10 minutos e adoçar com mel; beber muito quente.
-Tosse. Infusão de 15g de funcho para 1 litro de água fervente. Infundir 10 minutos.
- Abcesso (acumulação de pus numa parte do corpo, frequentemente acompanhada de fenómenos inflamatórios). USO EXTERNO para amadurecer o abcesso e acalmar a dor. Preparado mantido por meio de um penso e renovado de 2 em 2 ou de 3 em 3 horas. Cataplasma de plantas cozidas em água e pisadas: de folhas de acelga, de azedas, de bolbo de cebola, de cuscuta, de funcho, de lentilhas, de caule de ruibarbo.
-Lactação. Para aumentar a secreção láctea (plantas galactagogas): infusão de 30g de sementes de funcho para 1 litro de água fervente; tapar e infundir 10 minutos. 4 chávenas por dia entre as refeições.
-Fadiga. Vinho de funcho, macerar durante 2 semanas em 1 l de bom vinho tinto, 30g de sementes e coar; beber 2 copos pequenos por dia.
-Frigidez e impotência. Vinho de funcho, macerar durante 3 semanas 100g de sementes em 1 l de vinho do Porto, mexer todos os dias e filtrar; um copo pequeno antes ou depois do jantar.
-Olhos. Loção para olhos irritados e fatigados. Lavar os olhos e depois conservar sobre cada um durante 15 minutos uma compressa impregnada: infusão de funcho, 10g de sementes numa tigela de água fervente, infundir 10 minutos.
Remédio antigo para a ciática e dores de costas permanente:
O remédio original era uma destilação de funcho, pirliteiro e vinho branco tomado com xarope de sabugueiro.
Faz-se uma tintura com partes iguais de raízes de funcho e de bagas de pirliteiro com vinho branco de produção biológica. Neste caso Toma-se 2 colheres de sopa (30ml) da tintura aquecida e misturada com uma colher de chá (5ml) de xarope de bagas de sabugueiro.
Qualquer tintura faz-se normalmente usando 200g de ervas secas ou 400g de ervas frescas e 1l de líquido (por exemplo 3 partes de vodka ou vinho por cada 2 partes de água). Depois da mistura feita armazena-se num local escuro e fresco durante 2 semanas, agitando de vez em quando. Coa-se por um pano que se torçe para retirar todo o liquído. Para doenças crónicas a dosagem para adultos é de normalmente 3 colheres de chá (5ml) 3 vezes ao dia e para doenças agudas 1 colher de chá 6 vezes ao dia.
Para o xarope de bagas de sabugueiro:
-Ripe as bagas dos pés com um garfo, esprema o sumo, usando por exemplo, uma prensa de vinho. Junte pimenta-da-jamaica (1 colher de chá -5ml- por cada litro de sumo de bagas de sabugueiro) e gengibre ( menos de meia de colher de chá -2ml- por cada litro de sumo de bagas de sabugueiro). ferva em lume muito brando até ficar da consistência de melaço. Engarrafe e guarde em local fresco.
Este xarope é excelente só por si para prevenir infecções de Inverno.
Herbalismo-Non Shaw
A segurança acima de tudo
Como o funcho tem um ligeiro efeito estrogénico, ingrediente chave das pílulas anticoncepcionais, tem muitos efeitos no organismo. Por isso as mulheres a quem os médicos advertiram para não tomar pílulas anticoncepcionais não devem usar quantidades medicinais de funcho, como também não o deve fazer quem tiver um historial de coagulação sanguínea anormal ou tumores dos seios dependentes do estrogénio. As mulheres grávidas não devem usar quantidades medicinais de funcho.
As sementes de funcho são seguras, mas óleo pode causar prurido na pele a pessoas sensíveis. Se o tomar pode causar náuseas, vómitos e possivelmente convulsões. Nunca o ingira!
Um estudo sugere também que o funcho tem efeitos curiosos sobre o fígado. Em animais de experimentação, a erva piora o mal hepático, mas ao mesmo tempo, estimula a regeneração do fígado em animais aos quais este foi extraído em parte. Até que se conheçam bem os seus efeitos sobre o fígado, as pessoas com um historial de alcoolismo, hepatite ou doenças hepáticas devem estar precavidas e não tomarem quantidades medicinais desta erva.
O funcho está incluído na lista de ervas seguras da Direcção de Alimentação e Fármacos dos estados Unidos (FDA, em inglês). Para pessoas sãs, que não etejam grávidas nem a amamentar, considera-se seguro se ingerido nas quantidade recomendadas.
Deve usar-se em quantidades medicinais sob vigilância médica.
Se causar moléstias menores como mal-estar estomacal ou diarreia, reduza a sua ingestão ou deixe de o usar.
Asmáticos com forte tendência alérgica devem evitar usá-lo.
No seu jardim
Variedades de funcho: "Hâtif de Genéve", "D`été", "Doce de Florença", "Latina", "Géant Mammouth perfection".
Esta planta é cultivada pelo bolbo carnudo, constituído pelo espessamento da base dos pecíolos das folhas. É um legume refrescante, de gosto delicado que pode ser consumido cozinhado ou cru.
Fraxinus excelsior
Freixo-europeu
"O chá da juventude eterna"
Família: Oleáceas
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, bosques húmidos, ravinas, solos férteis; em Portugal existe em quase todas as regiões, sendo também cultivado: até 1500m.
Identificação: angiospérmica dicotiledónea, da família das Oleáceas é uma árvore de porte frondoso, de silhueta aberta e irregular com poucas ramificações secundárias. Cresce muito rapidamente se o terreno for favorável, como junto à margem de um rio, de 20 a 40 m de altura e com uma idade máxima a rondar os 300 anos.
Tronco erecto, nu, casca cinzenta clara e lisa que se fende profundamente e escurece ao envelhecer; copa pouco fechada, ovóide, frondosa, ramos cinzentos, glabros gemas negras, aveludadas, volumosas, quadradas; folhas caducas, As folhas são características, isto é, dividem-se num número ímpar de folíolos não pecíolados, com 7 a 15 folíolos sésseis de 4 a 10 cm de comprimento e finamente dentados nos bordos. As folhas medem entre 20 e 35 cm de comprimento, verde-escuras na página superior, mais claras na inferior, ovais e serradas; flores acastanhadas (Abril-Maio), reduzidas a 1 estigma e 2 estames com anteras quase sésseis, são visíveis em cachos pendentes, não tendo o cálice e a corola. Os frutos são sâmaras, pequenas sementes envolvidas por uma pele semelhante a uma folha em forma de asa o que favorece a polinização pelo vento. Raiz aprumada e robusta. Inodoro; amargo.
Partes utilizadas: sementes, folhas, seiva, casca dos ramos entre 2 e 3 anos (Abril).
Componentes:heterósidos, açucares, resina, ácido málico, vitaminas C e P, tanino, sais minerais, pigmentos.
Propriedades: adstringente, diurético, laxativo, sudorífico, tónico.
Curiosidades
O Freixo cultivado pertence, como a oliveira, o lilás, o jasmineiro, o ligustro e o aderno, à família das Oleáceas, que é constituída por mais 400 espécies. É uma bela árvore dos climas europeus, que gosta de solos frescos e profundos, suporta mal o calor, a secura e as geadas. Tem tronco esbelto, casca branca e acinzentada, ramos frágeis e folhagem graciosa. É necessário colher as folhas jovens, ainda recobertas pelo revestimento ligeiramente aderente e açucarado, e retirar o pecíolo antes de as secar.
Os druídas atribuiam ao freixo a capacidade de fazer chover. No calendário celta é uma das 16 árvores de referência.
Um exemplar derrubado em 1941 no Trancoso era o maior da Europa e, segundo a lenda, foi à sua sombra que D.Dinis aguardou a chegada de D. Isabel de Aragão.
É uma árvore importante do ponto de vista ecológico e industrial. A sua madeira porosa, resistente e dura serviu durante muito tempo de matéria-prima para o fabrico de esquis; actualmente é ainda muito utilizada na indústria de mobiliário, fabrico de escadas, cabos de ferramentas e outros utensílios em madeira.
Esta madeira provoca também um som rico em agudos, sendo usada no fabrico de guitarras.
Proporciona refúgio para a fauna bravia bem como boa comida para o gado. Muitos criadores dão folhas de freixo aos seus animais porque acreditam que eles assim não adoecem.
As raízes extensas do Freixo evitam a erosão do solo em regiões onde há quedas de neve frequentes e consequentes degelos.
Usos
Na medicina popular prepara-se com as folhas um chá muito saboroso, considerado uma verdadeira bebida de rejuvenescimento. Este chá é diurético, muito apreciado na cura de gota e reumatismo e para combater a obstipação e o colesterol. É necessário colher as folhas jovens, ainda recobertas pelo revestimento ligeiramente aderente e açucarado, e retirar o pecíolo antes de as secar.
A casca é usada na cicatrização de feridas e ajuda a baixar a febre.
Outrora, atribuía-se à sua madeira, aplicada sobre as mordeduras de serpente, o poder de evitar envenenamento.
Como utilizar:
Celulite. Infusão composta de groselheira-negra e de freixo, 10g de cada planta para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos. Tomar 3 chávenas por dia entre as refeições, das quais 1 em jejum.
Colesterol. Beber 1l por dia de decocção composta de 10g de casca de bétula (vidoeiro) e 10g de folhas secas de freixo para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos; tomar a primeira chávena em jejum.
Dor muscular. Infusão de folhas de freixo, 40g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos e coar; beber 2 chávenas por dia.
Envelhecimento. Beber chá de freixo em abundância: 40g de folhas secas para 1 l de água fervente.
Gota. Para eliminar o ácido úrico. Decocção de 20g de folhas de freixo e 20g de raízes de bardana-maior, ferver 10 minutos, coar sem infundir.
Hálito. Mastigar uma folha seca ou fresca de freixo.
Tendência à formação de cálculos renais. Decocção de freixo, 40g de casca para 1l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos e coar.
Nevralgia. Colocar sobre a região dorida uma compressa embebida numa decocção de freixo. 50g de folhas para 1 l de água, ferver 20 minutos.
Obesidade. Infusão de folhas de freixo, 40g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar; beber 3 chávenas por dia.
Obstipação. Seiva de freixo, 2g misturados com uma colher de café de compota; de manhã em jejum.
Reumatismo. Beber decocção de 30 g de folhas de freixo em 1l de água a ferver durante 10 minutos, infundir 5 minutos.
Fumaria officinalis
Fumaria
"Infestante com valor medicinal"
Família: Papaveraceae
Habitat: Europa, terrenos baldios, taludes, campos, bermas dos caminhos; disseminada por quase todo o território português; até 1700m.
Identificação: planta herbácea anual de 20 a 80 cm de altura. Anual, caule verde, frágil, delgado, erecto, de ramos difusos; folhas cinzento-esverdeadas, alternas, pecioladas; flores cor-de-rosa maculadas de cor púrpura (Abril-Setembro), pequenas, alongadas, reunidas em espiga, 2 sépalas petalóides, pétalas irregulares prolongadas em esporão curto e 6 estames em 2 feixes; fruto globoso, com vértice deprimido; raiz aprumada, de cor branco-amarelada. Cheiro acre (suco); sabor muito margo e salgado.
Partes utilizadas: planta florida, excepto a raíz (Maio-Setembro); secagem em camadas ou ramos.
Componentes: tanino, alcalóides, potássio, ácido fumárico.
Propriedades: antiescorbútico, aperitivo, depurativo, laxante, diurético, estomáquico, laxativo, cardiotónica.
Curiosidades
É possível que o nome da fumária advenha da cor cinzenta e indistinta das suas folhas, do seu sabor a fumo e fuligem ou ainda da tradição popular, que atribui o nascimento da planta não a uma semente, mas a uma emanação da terra. A fumária é uma infestante em lugares antes cultivados, crescendo espontaneamente em áreas por vezes extensas.
A planta é conhecida desde a Antiguidade devido às suas propriedades medicinais; Dioscórides, no século I, e Galeno, no século II, citam a sua acção sobre a secreção biliar e a função hepática; no século X, os médicos árabes elogiam as virtudes da planta, e Mattioli, no século XVI, faz o seu panegírico, como remédio específico para as perturbações das vísceras abdominais. Porém, o seu mais importante segredo é que, além da angélica e do freixo, é um dos simples que torna o homem centenário.
A fumária contém um alcalóide, a fumarina; é aconselhável usá-la sob controle médico e nunca em tratamentos longos pois é um pouco tóxica. As folhas, que se partem facilmente durante a secagem, devem ser guardadas em recipientes de cerâmica ou vidro. Nunca as colocar em contacto com o ferro.
Utilizações medicinais
Na medicina popular é usada para purificar o organismo e desintoxicar o fígado.
Outras indicações:
Arteriosclerose. Infusão de fumária, 80g de sumidades floridas secas, ou 40g frescas, para 1l de água fervente, infundir 10 minutos, 1 chávena por dia, 8 dias por mês.
Astenia. Infusão de fumária, 60g de sumidades floridas secas para 1l de água fervente, infundir 15 minutos, 3 chávenas por dia entre as refeições, 1 semana por mês, durantre 3 meses.
Eczema. Infusão de fumária, 20g de planta florida para 1l de água fervente, infundir 10 minutos, colocar muito pouco açucar.
Urticária. Uso externo. Infusão de fumária, planta inteira, 60g para 1l de água fervente, infundir 15 minutos; lavar ou banhar as zonas afectadas.
A segurança acima de tudo
Usar durante poucos dias e em doses moderadas. O uso prolongado é prejudicial.
Hedera helix
Hera
"Trepadora e rastejante, amada ou odiada"
Família: Araliaceae
Habitat: trepadeira verdejante natural da Europa central e ocidental mas existente em toda a Europa e frequente em quase todo o território português; trepa muros, árvores, sebes e rasteja no chão de bosques húmidos; até 1000 m. Há muitas variedades que diferem na cor, na forma e crescimento.
Identificação: arbusto de 3 a 50 m de altura, trepador ou rastejante; caule que atinge os 30m de altura, vigoroso, com ramos lenhosos, flexíveis.Trepa por meio de raízes laterais aéreas; folhas verde-escuras, brilhantes, coriáceas, alternas, pecioladas, persistindo cerca de 3 anos, de triangulares a palmatilobadas, ovais nas sumidades floridas; inflorescências em peque nas umbelas esféricas com 6 a 8 raios curtos num só plano, flores hermafroditas, amarelo-esverdeadas, cálice com 5 dentes curtos, soldados ao ovário, 5 pétalas lanceoladas, reflexas; androceu com 5 estames, alternando com as pétalas. Floração de Setembro a Outubro. Fruto globoso, negro,, com 4 a 5 sementes cor-de-rosa. Cheiro aromático; sabor amargo.
Partes utilizadas: folhas novas, frescas.
Componentes: estrogéneos, hederina.
Propriedades: analgésico, antiespasmódico, emenagogo.
Curiosidades
À hera têm sido atribuídas as mais variadas designações, nomes populares na sua parte femininos, como acontece em todas as línguas românicas, com excepção do francês, que deu à planta o nome masculino: lierre.
É certo que a hera deteriora as paredes e que, quando invade o solo, nenhuma outra vegetação consegue encontrar o seu caminho para a luz. No entanto, não é parasita, pois apesar de se agarrar às árvores, não se alimenta da sua seiva.
A hera pode viver muito tempo: conhecem-se alguns exemplares com 400 anos em que o caule adquiriu a espessura de um tronco de árvore.
Tradicionalmente, a hera escondia os duendes sob a sua folhagem, protegia as casa dos espíritos malignos e era tida como símbolo de fidelidade e longevidade.
Juntamente com a vinha, associa-se ao Deus Baco.
Hera era também uma divindade grega, esposa de Zeus, agressiva e ciumenta, que perseguia os filhos das amantes de Zeus, como Hércules, que tentou matar quando este era ainda bébé.
Usos
Esta planta é comercializada como medicamento fitotarápico usado para tratamento de afecções broncopulmunares, sendo expectorante e broncodilatador.
Há povos que usam o cozimento das folhas de hera para escurecer cabelos embraqueçidos.
Banho anticelulítico. Decocção de folhas de hera-trepadeira frescas: ferver em lume muito brando, num recipiente tapado, em 3 l de água durante 2 horas, coar e adicionar ao banho.
Como utilizar:
Cabelo. Champô liquído. Decocção de hera, 50 g de folhas para 1 litro de água, ferver 10 minutos, coar espremendo, acrescentar com água fervente até obter 2 litros; esfregar.
Calo. É necessário proteger os tecidos vizinhos da acção corrosiva das plantas utilizadas. Folhas de hera maceradas em vinagre; após 4 dias de maceração, cortar a folha com uma tesoura, amontoar os pedaços sobre o calo, cobrir com um penso bem apertado, conservar durante 3 dias. Se, depois deste espaço de tempo, o calo não se despegar facilmente, renovar a operação.
Celulite. Aplicar 2 a 3 vezes ao dia sobre as zonas atingidas, compressas tão quentes quanto possível, embebidas numa decocção de hera, 100g de folhas frescas para 1l de água, ferver 15 minutos.
Edema. Para tornozelos inchados. Compressas de hera: decocção de 100g de folhas frescas para 1 litro de água. Ferver 10 minutos e coar.
Estrias. Cataplasma de hera, cozer algumas folhas num pouco de água, esmagar e aplicar entre dois pedaços de tecido firme.
Queimadura. Aplicar sobre a queimadura cataplasmas de folhas de hera frescas.
Queimadura solar. Cobrir a zona do corpo atingida com folhas de hera fresca e lavada.
Reumatismo. Aplicar compressas de decocção de hera. 60 g de folhas para 1 l de água. Ferver 10 minutos.
A segurança acima de tudo
Todas as partes da planta são venenosas e não devem ser comidas por seres humanos.
Hipericum perforatum
Hipericão
Um anti-depressivo natural
Família: Hypericaceae (Hipericáceas); outros membros incluem a rosa-da-síria.
Habitat: Europa, Ásia, norte de África e aclimatada nos Estados Unidos e Canadá; terrenos incultos, bosques pouco densos, clareiras, solos secos e ensolarados de encostas, muros velhos, bermas da estrada, prados; presente em todo o País; até 1600m. Embora tolere uma grande variedade de condições, prefere solos alcalinos.
O Hipericão-do-Gerês, ou androsemo, é obtido de uma outra espécie, Hypericum androsaemum L., que pode ser encontrado nos locais húmidos e sombrios e margens dos rios do Minho, Beiras e Estremaduar (Sintra).
Identificação: pequena planta de porte erecto atinge entre 0,30 a 0,80 cm de altura. Vivaz, perene, caule avermelhado, sub-roliço, com duas linhas longitudinais salientes, abundantemente ramificas; folhas opostas, sésseis, cobertas de glândulas translúcidas que podem ser observadas colocando-se a folha contra a luz; flores numerosas, persistentes, de coloração amarelo intenso (Junho a Setembro), grandes, 5 pétalas assimétricas, com pontuações negras ao longo da margem das flores que contêm elevadas concentrações do pigmento vermelho hipericina, estames em três feixes, cápsula ovóide, estriada e com vesículas. As flores amarelas que cheiram a limão, brotam em meados do Verão.
O hipericão cresce em maciços e a densidade da sua floração é tão intensa que, nas grandes extensões de terreno que ocupa, faz surgir enormes manchas amarelo-douradas e avermelhadas. Na realidade, as flores estão abertas apenas um dia e murcham no dia seguinte, adquirindo as pétalas sem viço, a cor de ferrugem.
Quando as folhas são apertadas, o óleo vaza das glândulas, deixando nódoas semelhantes a ferrugem nos dedos de quem as colhe. Toda a planta exala um cheiro semelhante a terebintina.
Partes utilizadas: folhas, sumidades floridas (na altura da floração máxima).
Componentes: óleo essencial, hipericina, resina, tanino, vitamina C, pectina, ácidos e substâncias minerais, colina.
Propriedades: anti-depressivo, tónico restaurador do sistema nervoso, adstingente, anti-séptico, analgésico, anti-inflamatório, cicatrizante, diurético, sedativo, vermífugo.
Origem dos nomes vulgares, lendas e histórias
As inflorescências abundantes de cor amarelo-dourado, desabrocham em pleno Verão mais concretamente por volta do dia 24 de Junho, a data em que São João Batista foi decapitado, por isso é chamado erva-de-São-João. Consta que as flores colhidas antes do nascer do sol do dia de S. João são mais poderosas e eficazes, sobretudo como protecção contra feitiçaria, fantasmas e espíritos malignos. Hypericum significa "ter poder sobre aparições".
Segundo a lenda, quem pisasse hipericão a caminho da cama, seria mantido em vigília durante toda a noite pelas fadas.
Também é denominada de Milfurada porque tem numerosas glândulas oleosas nas folhas, translúcidas que, observadas à transparência, se assemelham a mil pequenos oríficios, dando-lhe um aspecto perfurado.
Os antigos alegavam que as proriedades mágicas do hipericão eram, em parte, devidas ao pigmento vermelho- um flavenóide denominado hipericina-que escoa como sangue das flores esmagadas.
Culpeper escreveu: "Recomenda-se uma tintura das flores em aguardente de vinho, contra a melancolia e a loucura"
Os seus poderes curativos
Há mais de 2000 anos que o hipericão é conhecido como um remédio para curar as feridas rapidamente, actuando em particular nas zonas mais sensíveis (dedos, lábios, orelhas, olhos e cóccix), mas foi apenas recentemente que cientistas reuniram provas suficientes para comprovar a sua possível eficácia como estimulante do sistema imunológico. Agora é reconhecido como um poderoso anti-depressivo e recomendado para depressões ligeiras. Para além disso é ideal para combater a ansiedade e a irritabilidade, principalmente durante a menopausa.
A erva-de-São-João é ligeiramente sedativa. Os seus efeito anti-inflamatórios fazem dela um bom produto para tratamento de inflamações crónicas do estômago, do fígado, da vesícula e dos rins. este popular anti-depressivo também tem algumas propriedades anti-bacterianas. Alguns clínicos acreditam que esta planta actua como tratamento anti-viral, tanto assim, que é muito utilizada no tratamento da SIDA.
Mais especificamente o hipericão é recomendado em caso de:
● perturbações psíquicas, estados depressivos, ansiedade e tensão nervosa. A hipericina parece interferir na actividade de uma substância química existente no corpo conhecida como oxidase de monoamina (MAO são as siglas em inglês), a qual faz com que seja um inibidor de MAO. Os inibidores de MAO são uma classe importante de medicamentos antidepressivos. Numa pequena investigação na Alemanha, 15 mulheres em tratamento para a depressão mostraram um alívio notável depois de tomarem o hipericão, incluindo um aumento de apetite, mais interesse pela vida, mais auto-estima e padrões de sono bastante mais normais. mas o Hipericão não é um antidepressivo instantâneo. De acordo com o herbolário alemão Rudolph Fritz weiss, "o efeito não é rápido...demora pelo menos dois ou três meses". Em conjunto com outras ervas já é bastante usado na desabituação de antidepressivos, sobretudo Prozac.
● nevralgia periférica em diabéticos, esclerose múltipla e doença de parkinson. Auxiliar na radioterapia;
●síndroma pré-menstrual e perturbações na menopausa;
●feridas profundas ou dolorosas que podem envolver contusões e deslocamentos. Vários estudos têm concordado com o uso de hipericão no tratamento de feridas. A hipericina e outras substâncias químicas antibióticas do óleo vermelho da erva podem ajudar a prevenir infecções nas feridas. Além disso, os flavenóides da planta, que potencialmente podem estimular o sistema imunológico, ajudam a desinflamar feridas. Um estudo alemão demonstrou que comparado com o tratamento convencional, o unguento (pomada) de hipericão, diminui o tempo de cura quando aplicado sobre queimaduras e aumenta consideravelmente a cicatrização;
●inflamações do estômago, do fígado, da vesícula e dos rins;
●infecção pelo vírus da SIDA . A descoberta médica de maior importância ocorreu em 1988, quando investigadores da Universidade de Nova Iorque e do Instituto Weizmann descobriram que o hipericão exerce uma "dramática" actividade contra uma família de vírus que inclui o VIH (vírus da imunodeficiência humana), que provoca a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA). Desde essa altura, alguns pacientes tratados com esta erva têm mostrado "resultados positivos". Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences mostra que a "erva preveniu totalmente a doença" quando se infectaram ratos com o vírus que provoca a leucemia e depois se lhes injectou extracto de hipericão. A erva teve o mesmo efeito quando se aplicou aos ratos oralmente. Experiências de laboratório preliminares indicaram uma acção semelhante sobre o vírus da SIDA. O hipericão também atravessa a barreira sangue/cérebro, o que é importante no tratamento da SIDA, já que o vírus, em geral, ataca o cérebro. O hipericão actua nos danos no sistema nervoso e depressão na SIDA.
Desde o início de 1989, a publicação AIDS Treatment News publicou investigações sobre pacientes com SIDA que utilizaram hipericão, alguns dos quais manifestaram um reforço do sistema imunológico, aumento de peso, apetite e mais energia.
● Uso doméstico: existem evidências de que esta erva pode favorecer o sonho lúcido, um tipo de sonho no qual a pessoa consegue controlar alguns aspectos do que está a sonhar. A essência floral é usada para o medo da morte, para sonhos assustadores e para o medo de experiências fora do corpo". Esta planta também protege as pessoas demasiado abertas e vulneráveis, exercendo acção curativa e harmonizadora.
Como usá-lo
◆Para preparar uma infusão antidepressiva ou para estimular o sistema imunológico, use de uma a duas colherinhas de erva seca por chávena de água a ferver. Deixe-a em infusão de 10 a 15 minutos. tome até três chávenas por dia. o seu sabor ao princípio é doce, depois amargo e adstringente.
Em tintura, use de 1/4 a 1 colherinha até 3 vezes ao dia.
◆Para tratar feridas pode aplicar folhas e flores trituradas sobre a zona afectada depois de lavar com água e sabão ou usar o óleo de infusão que é a melhor preparação não só para tratar feridas, como queimaduras e úlceras e como óleo de massagem para dores de costas e nevralgias. Para o preparar colha as sumidades floridas de preferência numa manhã seca de Junho e pise-as num almofariz com uma pequena quantidade de óleo vegetal. Bata para esmagar e amaciar. Coloque a mistura num frasco de vidro claro, cubra completamente com óleo e agite bem. Deixe ao sol, agitando de vez em quando, até que o óleo se torne vermelho escuro. Coe, engarrafe, rotule e date. Frasco bem rolhado. Filtrar e aplicar com uma gaze em cima da ferida. Pode em vez de usar o óleo, preferir azeite (mais ou menos 500g de flores frescas em 1l de azeite, durante 10 dias ao sol).
◆Para tratar a SIDA, consulte o seu médico sobre como obter o extracto estandardizado de hipericão ou para participar na investigação clínica da subtância.
Outras aplicações:
◇Asma. Vinho de hipericão: macerar durante 10 dias 30g de flores e folhas em 1 l de vinho barnco; 3 copos de licor por dia. Conservar o vinho em frasco bem rolhado.
◇Banho tonificante para a pele. Infusão de 500g flores e folhas de hipericão em 3 ou 4 litros de água, passar pela peneira e adicionar ao banho no momento de utilização. Banho a 32ºC ou uma temperatura um pouco mais elevada.
◇Cistite (inflamação dolorosa da bexiga, a maioria das vezes de origem infecciosa). Infusão com 30g de hipericão para 1l de água fervente; 1 chávena antes das refeições.
◇Entorse (distensão violenta e dolorosa dos ligamentos, provocando uma lesão articular mais ou menos grave). USO EXTERNO: untar muito ligeiramente o entorse com óleo de hipericão. Cozer em lume brando, durante 3 horas, 200g de flores em 0,5l de azeite, deixar arrefecer, filtrar e conservar num frasco bem fechado ao abrigo da luz.
◇Frigidez / Impotência. Infusão com 20g de flores para 1l de água a ferver. Infundir 5 minutos, 1 chávena depois de jantar.
◇Leucorreia (Corrimento esbranquiçado pela vulva, benigno se for passageiro e fraco, anormal se prolongar ou adquirir coloração mais amarelada ou mesmo vermelha e cheiro intenso. A causa deve ser diagnosticada. Consulte o seu médico). Infusão com 20g de flores para 1l de água a ferver. Infundir 5 minutos. Deixar amornar e coar. Beber de manhã e à noite uma chávena.
◇Queimadura solar. Óleo de hipericão. Macerar em 0,3l de vinho branco e 0,6l de azeite, 300g de flores secas durante 4 dias, mexendo de vez em quando, depois aquecer em banho-maria, deixar ferver muito lentamente e evaporar durante 3 horas, coar espremendo e conservar em vários frascos pequenos bem rolhados.
◇Úlcera cutânea (perda se substância cutânea devido a uma má irrigação sanguínea, situada por vezes na perna depois do aparecimento de uma variz -úlcera varicosa. Infecta muitas vezes. É preciso limpá-la, secá-la e activar a sua cicatrização). Loção para lavagem de óleo de hipericão: misturar 1l de azeite, 0,5 l de vinho branco e 500g de flores frescas picadas de hipericão, pôr em banho-maria e ferver até à evaporação do vinho branco, deixar amornar e coar espremendo.
A Segurança acima de tudo
O hipericão não deve ser administrado a crianças menores de dois anos. Para crianças maiores ou pessoas com mais de 65 anos comece com preparações ligeiras e torne-as mais fortes se necessário.
Apesar do hipericão ser chamado o Prozac da natureza, nunca deve ser usado sem supervisão profissional. Está contra-indicado em depressão grave, suicida e psicótica.
Ao combinarem-se certos medicamentos, os inibidores de MAO podem causar um aumento perigoso da tensão arterial (uma crise de hipertensão). Os sintomas são dor de cabeça, dor no pescoço, naúseas, vómitos e pele húmida. Nas quantidades recomendadas, a erva não é tão forte como os inibidores de MAO farmacêuticos. No entanto, há que usar com precaução. Enquanto a usa, não tome anfetaminas, narcóticos, os aminoácidos triptofano e tirosina, comprimidos para dieta, inaladores para asma, descongestionantes nasais ou medicamentos para a gripe e febre. Além disso não beba cerveja, vinho ou café, nem coma chocolate ou produtos fumados ou em salmora.
Em gado alimentado com hipericão, a hipericina concentra-se perto da pele e provoca bolhas de queimaduras solares.
Os animais de laboratório injectados com doses altas de hipericina morreram quando foram expostos ao sol.
No entanto, o concenso científico mostra que, em doses recomendadas, o hipericão provoca pouca ou quase nenhuma fotossensibilidade, mas extractos muito fortes ou em pessoas de pele clara, que em geral são mais sensíveis à luz do sol, pode causar uma erupção fototrópica. Também pessoas que tomam tetraciclina ou outro medicamento que cause fotossensibilidade devem evitar o sol.
Alguns doentes com SIDA que o tomaram informam que lhes provocou sonolência, sensibilidade ao sol, naúseas e diarreia.
Para pessoas sãs, que não estejam grávidas nem a amamentar e que não sofram de hipertensão, nem estejam a tomar inibidores de MAO, ou medicamentos que actuem de forma negativa com estes, o hipericão é considerado seguro nas quantidades tipicamente recomendadas. No entanto apenas deve administrar-se sempre sob consentimento e vigilância médica.
Se sentir dor de cabeça, entumescimento do pescoço ou náuseas, use menos ou deixe de o usar. Se os sintomas persistirem, consulte rapidamente o seu médico.
Lonicera periclymenum
Madressilva-das-boticas
"Perfumando a Murtinheira e a Serra da Boa Viagem"
Família: Caprifoliaceae
Habitat: nativa da Europa, mas pode ser encontrada a Norte, como na Suécia ou na Noruega. Matos e ruderal; em Portugal, de Trás-os-montes ao Alentejo; até 1000m.
Identificação: de 1 a 10 m da altura. Arbusto; caule volúvel; ramos jovens com extremidades pubescentes; folhas opostas e simples, com pecíolo curto, sendo a superiores sésseis, caducas, ovais, mais claras na página inferior; flores hermafroditas, cor de marfim ou amareladas (Junho-Setembro), sésseis, agrupados em glomérulos pedunculados, em forma de trombeta; cálice curto com 5 dentes, corola tubulosa, bilabiada, com o lábio superior com 4 lóbulos curtos (quadrifendido) e o inferior inteiro, com 5 estames; fruto em forma de baga, suculento e vermelho, ovóide, com várias sementes; a polinização é feita pelas abelhas e traças; raiz com rebentos adventícios. Fragrância doce e muito agradável. Pode viver 40 anos.
Partes utilizadas: folhas, flores (Maio-Julho); secagem à sombra.
Componentes: ácido salicílico, mucilagem, essência, heterósido.
Propriedades: adstringente, anti-séptico, diurético, sudorífico.
Curiosidades
A madressilva pertence à mesma família do sabugueiro. É uma planta vivaz, cujos ramos volúveis se enrolam solidamente em redor dos seus suportes e com flores em forma de campaínha.
O termo Lonicera foi usado por Carl Linné em 1753, adaptando ao latim o nome "Lonitzer" em homenagem ao médico e botânico Adam Lonitzer (1528-1586).
Pensa-se que periclymenon vem do vocábulo grego perikleio, "eu agarro-me", com evidente referência à sua natureza de arbusto trepador de ramos flexíveis que podem atingir 5-6 metros.
Cresce em sebes de montanhas de baixa altitude, margens dos campos e matas e perfuma o ar com as suas flores, a partir de Maio, sobretudo ao entardecer. É devido a estas suas aromáticas flores que a madressilva é muito apreciada como planta ornamental.
É usada pelas borboletas para colocarem os seus ovos.
Esta espécie é usada como remédio homeopatico para tratar irritabilidade súbita e explosões de cólera.
Pinus pinaster
Pinheiro-marítimo
"Em todo o litoral português"
Família: Pinaceae
Habitat e identificação: Região mediterrânica e litoral atlântico de Portugal, Espanha e França.
Originária do sudoeste da Europa e Norte de África. Introduzida na Bélgica, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul.
Frequente em solos não calcários (os solos com muito calcário solúvel, têm pH elevado) e tem preferência por zonas onde a precipitação média anual seja superior a 800mm, com pelo menos 100 mm no período estival. Matos, matagais, terrenos incultos.
Até 1600m.
O pinheiro-bravo é uma árvore média, alcançando de 25 a 40 m de altura. Gimnospérmica da família das pináceas tem um tronco direito, esguio de casca espessa e rugosa, de cor avermelhada ou castanho-avermelhada e fendida. Copa grande e arejada sendo nas árvores jovens piramidal e nas adultas arredondada;
Folhas persistentes, muito alongadas em forma de agulhas, rigidas, verde-esbranquiçadas, de 10 a 25 cm de comprimento, ligeiramente curvadas, aos pares, com base inclusa numa baínha membranosa. Os ramos mais jovens são espaçados e amplos.
Floração monóica (flores masculinas e femininas reunidas no mesmo pé), sendo as masculinas amareladas, com estames escamiformes, em espiga densa, e as femininas, com escamas avermelhadas, cada uma delas contendo 2 óvulos. As flores masculinas localizam-se na base dos rebentos anuais e os amentilhos femininos estão dispostos em inflorescências terminais, isto é, no topo dos rebentos anuais. A sua floração começa em Fevereiro e acaba em Março.
Pinhas cónicas, ovóides, simétricas ou quase, castanho-avermelhadas-brilhantes quando madura, de 8 a 22 cm de comprimento, escudos das escamas salientes e piramidais. Amadurecem no fim do Verão do segundo ano, libertando numerosas sementes, grandes e ovóides, com uma asa 4 ou 5 vezes mais comprida.
Propaga-se por sementes (peniscos) com facilidade, mas a maioria dos povoamentos é obtida por plantação.
Partes utilizadas: agulhas (todo o ano), gemas (antes de desabrochar), seiva e lenho.
Componentes: óleo essencial, resina, heterósidos, vitamina C.
Propriedades: anti-séptico, balsâmico, diurético, excitante, expectorante, rubefaciente.
Curiosidades
O género Pinus, que faz parte da grande família das Pináceas, é o que conta maior número de espécies na Europa, pois existem cerca de uma dezena, incluindo os híbridos, cujas características bem distintas possibilitam identificá-las mediante alguma atenção. Apenas o pinheiro-bravo e o pinheiro-silvestre possuem propriedades medicinais.
O pinheiro-bravo faz parte da história natural da Península Ibérica, mas a sua área de distribuição começou a aumentar devido à intervenção humana, principalmente durante os séculos XII e XIII.
Em Portugal era uma espécie espontânea na faixa costeira a norte do Tejo, mas actualmente cresce em todo o País, principalmente no norte e centro, graças à acção do homem, adaptando-se a solos pobres mas necessitando sempre de luz e um mínimo de calor.
Nos tempos de D. Dinis semeou-se o pinheiro-bravo na mata de Leiria, onde até então predominava o pinheiro-manso, de vegetação espontânea. Quer se deva a este rei, quer a seu pai, D. Afonso III, este famoso pinhal ocupa actualmente uma extensa área do litoral.
Árvore plantada em larga escala pois tem grande interesse económico, devido ao elevado aproveitamento da sua madeira, e também porque ajuda na fixação de dunas devido às suas profundas raízes e por ter crescimento rápido, oferecendo protecção contra ventos e permitindo a recuperação de solos que sofreram erosão, degradados por séculos de uso intensivo.
Florestalmente é uma resinosa, explorado para extracção de resina, localizada nos canais secretores do lenho, e que é recolhida por meio de incisões. Esta é usada na indústria de vernizes, tintas, aguarrás e pez.
A madeira, com abundantes nós, é pesada, pouco flexível, durável e por isso usada na construção civil e naval, em carpintaria para fazer mobiliário e na indústria da celulose.
Os produtos resultantes do pinheiro-bravo tiveram uma importância fundamental na economia do nosso país, principalmente nas comunidades rurais. Hoje em dia, esta utilização tradicional dos pinhais está a desaparecer, com o abandono dos campos e com a substituição dos pinheiros pelo eucalipto, numa procura de soluções florestais mais intensivas, para assegurar a satisfação das necessidades da indústria.
A casca do tronco é rica em tanino e é usada no curtimento de peles.
Usos
Das gemas, frescas ou secas, preparam-se, além de infusões, xaropes, pastilhas, muito utilizadas no Inverno, para tratar as bronquites, e também banhos medicinais relaxantes. A secagem é feita sobre caniços, durante um ou dois meses, ou em forno tépido.
◇Banho relaxante. 150g de agulhas de pinheiro-bravo colocadas num pequeno saco para 3l de água, ferver 30 minutos; misturar o líquido num banho muito quente, comprimindo o saco.
◇Bronquite. Uso Externo. Inalação de gemas de pinheiro-marítimo.
◇Cistite. Infusão de pinheiro-bravo, 30g de gemas para 1 l de água fervente. 3 chávenas por dia entre as refeições.
◇Gota. mergulhar as articulações afectadas num banho com 250g de gemas de pinheiro-bravo.
◇Pés húmidos e com mau cheiro. Banho com 1 Kg de agulhas em 2 l de água, ferver 15 minutos; banho de 15 minutos.
◇Reumatismo. Banho de agulhas e gemas de pinheiro.
◇Sudação. Para diminuir a produção de suor tomar um banho de 5g de agulhas para 1 l de água do banho. Preparar em 5l de decocção, que será depois adicionada à água do banho.
Rosa canina
Silva-macha
"Tratamento para os asténicos"
Família: Rosaceae
Habitat: Europa; frequente em Portugal nos bosques e margens dos campos, noroeste de África e Ásia ocidental; até 1600m.
Identificação: de 1 a 5 m de altura. Vivaz, caule esverdeado; ramos erectos e pendentes, providos de acúleos.
Folhas pinuladas com 5 a 7 folíolos serrados, ovais, glabros, estípulas alongadas.
Flores cor-de-rosa claro(Junho-Julho), solitárias ou em corimbo, grandes (de 2 a 8cm), sépalas triangulares, com estípulas compridas, 5 pétalas, numerosos estames,; aquénio peludo com pericarpo duro, encerrado no falso fruto ovóide, vermelho quando maduro, carnudo e liso.
Cheiro suave; sabor ligeiramente ácido.
Partes utilizadas: botões florais, folhas, fruto (Agosto-Outubro), galhas; secagem rápida depois de ter aberto o fruto e retirado os pêlos; longa conservação em local seco.
Componentes: vitaminas B, C, E, K, PP, provitamina A, tanino, pectina.
Propriedades: adstrigente, antiescorbútico, cicatrizante, diurético, laxativo, tónico.
O nome de rosa-cão poderá ter um sentido depreciativo por comparação com um jardim cultivado de rosas, querendo significar "inúteis" , de acordo com Vadel & Lange, 1960. Ou, de acordo com a versão de Howard em 1987, talvez tenha este nome porque era utilizada para tratar as mordidas dos cães raivosos durante os séculos XVIII e XIX.
Foi plantada nos Estados Unidos durante a II Guerra mundial e ainda hoje se encontra ao longo da orla costeira.
Durante a guerra do Vietname era seca e fumada pelos soldados, que consideravam que esse tabaco produzia efeitos alucinogénicos.
Esta é uma das muitas espécies espontâneas que crescem nos campos europeus..
planta vivaz que pode atingir alguns metros de altura, forma na orla dos bosques barreiras impenetráveis.
Os jardineiros constroem com elas sebes decorativas para embelezar e perfumar os jardins.
Os cutivadores de roseiras utilizaram-na como cavalo de enxerto para numerosas variedades de roseiras cultivadas.
As suas flores e folhas , bem como os seus frutos denominados cinorrodos, e as galhas, excrescência que se desenvolve nos ramos após a picada de um insecto, são utilizados em medicina.Colhidos na primavera e secos á sombra, os botôes florais e as folhas são laxantes suaves; podem também aplicar-se nas feridas, como agentes cicatrizantes. as galhas, remédio muito vulgar desde a antiguidade, são, devido ao seu elevado teor em tanino, adstingentes e tónicos.
Os cinorrodos frescos são, pela sua riqueza em vitamina C, a base de um tratamento para o cansaço e o escurbuto. Libertos dos pêlos internos, podem ser utilizados em compotas, tisanas, xaropes ou para fazer marmelada. Era por isso uma planta muito utilizada em condições de escassez ou durante a guerra.
Angústia (inquietação profunda com perturbações fisiológicas como sensação de aperto na garganta e no estômago, opressão, sensação de falta de ar, acelaração do pulso e da respiração). 30g de frutos frescos ou secos, cortados em pedaços, para 1 l de água, deixar macerar durante 1 h, ferver 3 minutos e repousar 15 minutos; 1l por dia.
Astenia. Geleia de frutos de rosa-canina: colher os frutos muito maduros, cozer em lume brando apenas cobertos de água durante 30 minutos, esmagar, passar pela peneira ou centrifugar, juntar igual peso de açucar e sumo de limão, pôr de novo a cozer, mexendo sempre, durante 30 minutos, colocar em boiões e tapar.
Diarreia. Preparação para ter de reserva. Xarope de Rosa canina: esmagar 200g de frutos, espremer, ferver o sumo com igual peso de açucar, mexer até engrossar, conservar em frascos rolhados. Tomar 3 colheres de sopa para adultos, meia dose para crianças.
Fadiga. Infusão de rosa-canina, 50g de flores e folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 4 chávenas por dia.
Ferida. Lavar a ferida com infusão feita em 1l de água fervente de 50g de folhas de rosa-canina. Infundir 10 minutos.
Hemorragia. Qualquer hemorragia justifica uma consulta médica. Hemoptise (expectoração de sangue proveniente das vias respiratórias). Decocção de rosa-canina , 30g de frutos para 1 l de água, ferver 2 minutos.
Litíase (formação de areia ou cálculos biliares ou renais). Decocção de rosa-canina. 40g de bagas para 1 l de água, ferver 3 minutos e coar. Beber 3 chávenas por dia.
Queimadura. Uso externo. Compressas impregnadas de uma infusão de folhas e flores de rosa-canina.. 50g para 1l de água fervente. Infundir 10 minutos.
ROSMARINUS OFFICINALIS
Alecrim
Símbolo da imortalidade e da fecundidade
Família: Lamiaceae, outros membros incluem as mentas.
Habitat e identificação: O alecrim é um arbusto silvestre muito ramificado e aromático, que floresce quase todo o ano, comum na Europa, litoral mediterrânico e charnecas e pinhais do Centro e Sul de Portugal, preferindo solos cálcarios, terrenos secos e locais soalheiros e habitando até os 1500m de altitude.
Pode crescer entre os 0,50 a 2m de altura, os seus caules são lenhosos e folhosos; folhas pequenas e estreitas com bordos enrolados e persistentes, opostas, lanceoladas tendo a parte inferior das folhas uma cor verde-acinzentada e a superior uma cor quase prateada; flores azul claras e esbranquiçadas que florescem todo o ano.
Partes utilizadas: folhas e flores.
Composição química: óleo volátil, incluindo cânfora, resinas, princípios amargos, ácido rosmarínico e flavenóides.
Propriedades: anti-espasmódico, anti-séptico, colagogo, diurético, estimulante, estomáquico, tónico, vulnerário.
Curiosidades: O alecrim tem cheiro a incenso e cânfora, agradável e forte. Devido a este aroma os romanos designavam-no como rosmarinus, que em latim tem o significado de orvalho do mar.
O estado espontâneo confere-lhe vigor e quando tranplantado para jardins embora conserve as suas características aromáticas e conserve a sua beleza, não requerendo grandes cuidados, parece perder no entanto a sua eficácia. Pode tornar-se numa sebe, mas não convém cortar muito as partes mais velhas da planta.
As abelhas que o visitam produzem um mel de extrema qualidade e de intenso paladar, e é por isso plantado perto de apiários para influenciar o seu sabor.
O nome alecrim é por vezes usado para referir outras espécies como o rosmaninho. No entanto pertencem a géneros completamente diferentes, respectivamente, Rosmarinus e Lavandula, sendo morfologicamente distintos.
Lendas e histórias
Os atributos do alecrim foram muito apreciados na Idade Média e Renascimento. Na Idade Média , a associação do alecrim com o casamento deu origem ao seu uso como amuleto para o amor. Se uma pessoa jovem tocava outra com alecrim em flor, o casal, ficaria enamorado. Colocada debaixo da almofada acreditava-se que eliminava pesadelos e semeada à volta da casa espantava as bruxas.
Fala-se que a rainha Isabel da Hungria, septuagenária e enfraquecida pela doença (estava paralítica e sofria de gota), recebeu de um monge a receita de uma solução rejuvenescedora, que ela própria preparava, e que consistia apenas na mistura de alcoolatos de alfazema, alecrim e poejo. Esta é a famosa fórmula da "Água da Juventude", a "Água da Rainha da Hungria" que lhe permitiu recuperar a saúde, a alegria e beleza de tal forma que o rei da Polónia chegou a pedi-la em casamento. Este preparado rejuvenescedor está ao alcance de qualquer pessoa.
Em Inglaterra durante o século XVII, se as mulheres semeavam alecrim à volta de casa, os homens ficavam preocupados, porque significava que a mulher mandava no lar. Para resolver a questão, os homens arrancavam furiosos as plantas de alecrim. Que problemas conjugais deviam existir nessa altura!
Com o passar dos séculos, incorporou-se nas cerimónias matrimoniais como símbolo de fidelidade entre marido e mulher e nos funerais, para que os vivos recordem os mortos. Em Hamlet, Ofélia oferece a Hamlet uma varinha e diz-lhe:"Aqui tem alecrim...para se recordar".
Madame de Sevigné, recomendava água de alecrim contra a tristeza.
Os Espanhois dizem que foi o alecrim que protegeu a Virgem Maria na sua fuga para o Egipto, e que, quando o seu manto roçava as flores brancas estas iam ficando azuis.
Reza a história que quando Maria fugiu para o Egipto, levando ao colo o menino Jesus:" As flores do caminho se iam abrindo à medida que eles passavam por elas. O lilás ergueu os seus galhos orgulhosos e emplumados, o lírio abriu o seu cálice. O alecrim, sem pétalas nem beleza entristeceu lamentando não poder agradar o menino. Cansada, Maria parou à beira do rio e, enquanto a criança dormia, lavou as suas roupas. Em seguida, olhou em seu redor, procurando um lugar para estendê-las. O lírio quebraria sob o seu peso, o lilás era alto demais. Colocou-as então sobre o alecrim e ele suspirou de alegria, agradeceu de coração a oportunidade e sustentou as roupas ao sol durante toda a manhã".
-Obrigado, gentil alecrim! Daqui por diante ostentarás flores azuis para recordarem o manto azul que estou usando. E não apenas flores te dou em agradecimento, mas todos os galhos que sustentarem as roupas de Jesus, serão aromáticos. Eu abencôo folha, caule e flor, que a partir deste instante terão aroma de santidade e emanarão alegria-disse Maria."
Em tempos idos a resina de alecrim era queimada nos quartos dos doentes para purificar o ar.
Durante a peste, as pessoas carregavam paus com ramos de alecrim na extremidade e saquinhos de alecrim ao pescoço, paro o cheirar quando fossem passar por zonas suspeitas.
O alecrim é até hoje queimado nas igrejas como incenso e o mesmo uso é dado nos cultos de religiões africanas, que também o utiliza para banhos.
Há milhares de anos antes de existir a refrigeração , os povos antigos envolviam a carne em folhas moídas de alecrim para a conservar e adquirir um aroma fresco e sabor especial. E até hoje o alecrim é apreciado na preparação de aves, caça, carne de porco e especialmente em Itália é muito utilizado em assados de carneiro, cabrito e vitela. A Wikipédia, enciclopédia livre, recomenda espalhar sobre as brasas de carvão aceso num churrasco para perfumar a carne e difundir um agradável odor no ambiente.
Pode utilizar-se os caules para espetar neles a carne par cozinhar na grelha ou queimá-los para afastar os insectos.
A capacidade do alecrim para conservar carne provocou a crença de que ajudava a conservar a memória. Os estudantes gregos usavam grinaldas de alecrim para os ajudarem a recordar-se.
Utilização e aplicações medicinais
Partes usadas: flores e folhas
Componentes: óleo essencial, ácidos orgânicos, heterósidos, saponósidos e colina.
Propriedades: antiespasmódico, anti-séptico, colagogo, diurético, estimulante, estomáquico, tónico, vulnerário, aromático, narcótico.
O alecrim actua sobre o sistema nervoso sendo um excelente tónico para os nervos, estimula os asténicos, fortalece a memória enfraquecida e eleva o moral dos deprimidos, sendo também empregue para combater febres intermitentes, febre tifóide, tosse convulsa, tosse pertinente, gripe, asma e dificulades digestivas.
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-Previne a intoxicação alimentar: uma das razões porque a carne apodrece é porque as gorduras se oxidam e se tornam rançosas. O alecrim e o seu óleo contêm substâncias químicas altamente antioxidantes; inclusivamente podemos comparar o seu poder de preservar com os conservantes alimentares comerciais como o BHA e o BHT.
A acção conservante do alecrim pode ajudar a prevenir a intoxicação alimentar. A próxima vez que for a um piquenique misture as folhas trituradas generosamente no seu hambúrguer, atum, pastas e saladas.
-Auxiliar digestivo: o alecrim pode ajudar a relaxar o suave revestimento muscular do aparelho digestivo (é um antiespasmódico).
-Descongestionante: ajuda a aliviar o congestionamento das vias respiratórias (devido a catarro, gripe ou alergias).
-Prevenção de infecções: o alecrim contém as substâncias químicas que podem ajudar a combater as bactérias e fungos que provocam infecções e intoxicações alimentares. Para as feridas pequenas, esfregue as folhas trituradas de alecrim fresco sobre a pele antes de as lavar e tapar.
-Saúde feminina: os antiespasmódicos não só relaxam o aparelho digestivo como também outros músculos suaves, como o útero. Como antiespasmódico em teoria o alecrim acalma o útero, mas os investigadores descobriram que sucede exactamente o contrário.
As mulheres grávidas devem evitar a todo o custo a preparação à base desta erva; as outras podem utilizar o alecrim para induzir a sua menstruação.
Como usá-lo:
Normalmente usa-se uma colherinha de alecrim triturado (mais ou menos 4 gramas de folhas) por cada chávena de água a ferver. Deixar em infusão de 10 a 15 minutos e beber até 3 chávenas por dia, de preferência após as refeições.
◆Aftas. Deixar de molho 1 punhado de folhas ou flores de alecrim em 100 ml de álcool a 75º durante oito dias. Coe e reserve. Tomar 15 gotas diluídas em meio copo de água, três vezes ao dia.
◆Asma. Uso externo: cigarro de folhas secas e trituradas de alecrim, de eucalipto (Eucalytus globulus Labill.), de salva (Salvia officinalis L.-erva-santa, salva-mansa), de trevo d`água (Menyanthes trifoliata L.-fava-d`água, trevo dos charcos) e de tussilagem (Tussilago farfara L.-unha-de-cavalo, unha-de-asno, erva-de-são-quirino, farfara).
◆Astenia. Vinho fortificante que deve ser conservado em frasco bem rolhado e ingerido em doses de 1 cálice de licor.
Vinho de alecrim e salva: num recipiente de barro colocar 20g de folhas de alecrim e 20g de folhas de salva, adicionar 1 litro de vinho tinto e uma colher de sopa de mel, aquecer 30 minutos em banho-maria, deixar repousar, arrefecer e filtrar; beber antes das refeições.
◆Para evitar a queda de cabelo. Maceração composta de 60g de folhas secas e picadas de buxo e 60g da planta de alecrim.15 dias em 1l de álcool a 60º, mexer frequentemente e coar; friccionar 2 vezes por dia.
◆Depressão. Infusão de 20g de flores de alecrim para 1 litro de água fervente, infundir 10 minutos. Beber 2 chávenas por dia.
Em caso de insónia, para um sono reparador, tomar uma dessas chávenas ao deitar.
◆Colesterol. Beber 2 copos por dia durante 20 dias:vinho de alecrim, 40g de flores secas em 1 litro de vinho tinto, macerar durante 3 ou 4 dias e filtrar.
◆Torcicolo. USO EXTERNO.Compressas embebidas numa decocção quente de alecrim. 50 gramas para 1 litro de água, ferver 15 minutos e coar; cobrir com um xaile de lã. Aplicar 2 vezes por dia.
◆Memória.Tomar 3 chávena por dia , 10 dias por mês, durante 3 meses:infusão de 30g de flores de alecrim para 1 litro de água fervente, infundir 10 minutos e coar.
◆Restabelecer o equilíbrio do sistema nervoso. Infusão de 20g de flores para 1 litro de água fervente; infudir 20 minutos.beber 2 chávenas por dia.
◆Para as peles com tendência oleosa. USO EXTERNO. Loção com: 50g de flores para 1 litro de água fervente, infudir 10 minutos.
◆Rugas. Colocar todas as noites sobre sobre o rosto e pescoço bem limpos compressas molhadas em: infusão de 50g de flores e folhas de alecrim para 1 litro de água fervente; infudir 10 minutos.
◆Usado em banhos para aliviar as dores reumáticas. Fazer uma infusão concentrada da planta em 3 ou 4 litros de água que, depois passados por uma peneira, se adiciona ao banho no momento de utilização. Para o banho de um adulto são necessários normalmente 500g de planta.
NO SEU JARDIM
*Turfa, folhas secas, composto ou casca de árvore estilhaçada-retém a humidade do solo e evita o aparecimento de infestantes.A cobertura de 5 cm de espessura, biodegradável , melhorará química e físicamente o solo, pois vai sendo gradualmente absorvida por ele.
A segurança acima de tudo
As quantidades alimentares de alecrim, não representam perigo nenhum, mas pequenas quantidades do seu óleo podem causar irritação no estômago, rins ou intestinos. Quantidades maiores podem causar envenenamento.
Se causar moléstias menores como mal-estar gástrico ou diarreia deixe de o usar ou use menos.
Em altas doses pode ser tóxico e abortivo.
Sambucus nigra L.
Sabugueiro
A árvore da Idade da Pedra
Família: Caprifolaceae ou Adoxaceae (na nova classificação)
Habitat: nativa da Europa central e do Norte de África; em Portugal é cultivado, surgindo também espontâneo. Encontrada em algumas regiões do Brasil e Rio Grande do Sul. Matas, caminhos, estradas, bosques húmidos, beira de ribeiros, terras baldias.
Identificação: de 2 a 5 m ,por vezes 10m de altura. Arbusto ou árvore; caule com casca cinzento-acastanhada, verrugosa, ramos fracos e quebradiços, com medula branca; folhas pecíoladas, com 5 a 7 folíolos, compridos e serrados, ; flores cor de pérola (Março-Junho), pequenas e numerosas, em cimeiras corimbiformes planas, com 5 raios principais, 5 sépalas, 5 pétalas, 5 estames com anteras amarelas, 3 carpelos, 3 estigmas sésseis; baga ou fruto que surge logo após a floração de cor roxo escuro, quase preto, esférico e sumarento, com 3 sementes. Perfume leve, doce; sabor acídulo.
Notas:
Peciolado: provido de pecíolo. O contrário de séssil.
Pecíolo: a parte da folha que suporta o limbo.
Limbo: parte mais larga de uma folha, de uma pétala ou de uma sépala.
Folíolo: divisão de uma folha composta. Tem o seu próprio limbo preso ao pecíolo principal, preso por um peciólulo. Os folíolos podem distinguir-se das folhas pela inexistência do gomo na axila do peciólulo.
Peciólulo: pecíolo de um folíolo ou ramificação do pecíolo principal numa folha composta.
Cimeiras: inflorescência em que o eixo principal está pouco desenvolvido em relação aos eixos laterais, terminando todos por uma flor.
Corimbo: tipo de florescência com pedicelos desiguais, permitindo que as flores fiquem todas à mesma altura.
Pedicelos: ramificação de um pedúnculo que liga cada flor ao eixo comum da inflorescência.
Sépala: Peça do cálice, primeiro invólucro floral.
Estames: folha floral masculina, cujo conjunto constitui o androceu.
Antera: parte superior dilatada do estame. A antera contém as células mães dos grãos de pólen, os quais formarão os gâmetas masculinos. Está dividida interiormente em quatro sacos polínicos que se agrupam formando duas cavidades.
Carpelo: folha floral que produz os óvulos.
Estigmas:parte superior do estilete, que recebe os grãos de pólen nas Angiospérmicas.
Angiospérmicas: subdivisão do reino vegetal que compreende as plantas cujos óvulos estão encerrados num ovário fechado com estigma. Ex: cerejeira, pessegueiro, , pereira, etc.
Séssil: directamente ligado ao caule, sem pedúnculo (flor séssil) ou sem pecíolo (folha séssil). Por vezes as flores e as folhas são subsésseis, isto é, suportadas por um pedúnculo ou um pecíolo quase imperceptíveis.
Partes utilizadas: flores frescas ou secas (mais saborosas quando secas), folhas (menos utilizadas), frutos maduros, segunda casca seca (secar ao ar).
Componentes: esteróis, óleo volátil (flores), alcalóide, heterósido, tanino, mucilagem, vitamina C (bagas), flavonóides, e glicósidos cianogénicos (sementes e casca) e resina (casca). As flores são ricas em óleos essenciais que contém ácido lanoleico e mucilagem, esteróides, flavonóides, rutina, açucar e pectina. As bagas contêm açucar, ácidos de fruta, vitaminas A e C e bioflavenóides.
Propriedades: anti-inflamatório, depurativo, diurético, emoliente, laxante, adstringente, anti-viral. As flores são anti-inflamatórias e diaforéticas.
Lendas e Histórias
A história do sabugueiro é, sem dúvida, tão longa como a do homem, pois foram encontrados alguns vestígios desta árvores em estações arqueológicas da Idade da Pedra na Suíça e no Norte da Itália.
Sabe-se também que os gregos na Antiguidade bem como os habitantes da antiga Roma a utilizavam vulgarmente para fins medicinais, culinários e cosméticos.
Diz-se que da sua madeira foi feita a cruz onde Cristo morreu. A lenda vem talvez porque ao espremer o fruto de Sabugueiro escorre um liquído vermelho-sangue.
A árvore está associada com o sobrenatural. O sabugueiro encontra-se frequentemente na Europa próximo das povoações, porque outrora era ali plantado para atrair os espíritos do bem. Diz-se que o espírito do sabugueiro é forte e protector e que tem que se lhe pedir autorização antes de o cortar, para que o seu espírito não procure vingança.
Segundo lendas, nas noites quentes de Verão, estas são as árvores favoritas das fadas, devido à luminosidade das suas belas flores.
A partir do século XVI, popularizou-se como planta decorativa.
Nos meios rurais, as crianças fazem apitos com a madeira quebradiça e leve do sabugueiro. Esta medeira, fácil de talhar é também muito usada no fabrico de caixões e cruzes para decorar supulturas.
No Norte da Europa está associada à deusa Holda, deusa da morte e da fertlilidade, havendo quem em seu nome pratique rituais de origem pagã.
As suas propriedades medicinais são inúmeras: as flores, as bagas, as folhas e a segunda casca fazem parte de grande número de preparações.
Com os seus frutos preparam-se doces com uma bela cor vermelho-violácea.
Esta planta é muito versátil: existem , pelo menos 50 receitas tradicionais com flores e bagas de sabugueiro. O vinho e o tónico da flor de sabugueiro feito com água, açucar, laranja e limão às fatias e flores frescas de árvores diferentes, para que os sabores mais ou menos doces se misturem, são bebidas refrescantes de Verão.
As flores podem ser adicionadas a saladas, fritas, transformadas em doce de flor de sabugueiro e groselha, na confecção de gelados de água e arroz-doce (aquecer junto com o leite e coar sem deixar ferver). As flores são também utilizadas para a conservação das maçãs, devendo ser colocadas em camadas alternadas em caixas de cartão, que seguidamente se fecham.
As bagas fazem um óptimo vinho, tipo vinho do Porto. E também servem para fazer chutney, um condimento picante de bagas de sabugueiro e outros frutos silvestres.
Das flores também se faz champanhe e vinho, vendido em muitos pubs ingleses.
Das folhas faz-se uma decocção forte que se usa como insecticida de contacto para infestações de pulgão das roseiras.
Na tinturaria as bagas são usadas para obter uma cor violeta e as folhas verde amarelado.
As flores em cosmética são utilizadas no fabrico de cremes para peles sensíveis e sabonetes e a água das flores é um agradável after-shave.
Utilização e aplicações medicinais
Os sabugueiros têm tantas aplicações medicinais que eram tradicionalmente conhecidos como "a farmácia dos pobres", por fornecerem uma cura barata para todos os males. Pesquisas recentes revelaram que as bagas são anti-virais.
A casca é usada como laxante. As flores são adicionadas a receitas para hipertensão arterial. Elas são ricas em flavonóides, favorecem a estimulação dos fagócitos, contribuindo para o reforço geral do sistema imunitário, tornando-o mais resistente.
Promove a transpiração e a eliminação de liquídos, essenciais no alívio da febre. É muito utilizado em inflamações da faringe e laringe, com acção anti-edematosa das mucosas das vias respiratórias.
Abcesso. Uso externo. Para amadurecer o abcesso e acalmar a dor. Cataplasma de folhas de sabugueiro trituradas com sal e vinagre.
Arteriosclerose. Decocção de sabugueiro, 50g para 1l de água, ferver para reduzir a metade do volume. Beber em 3 vezes num só dia.
Bronquite. Infusão de sabugueiro, 50g de flores secas para 1l de água fervente, infundir 10 minutos.
Constipações e gripes: infusão de flores de sabugueiro, hortelã-pimenta e milfolhada (Achillea millefolium), em partes iguais, tomar 3 chávenas por dia como prevenção. Beber sem restrições como tratamento de estados febris.
Cistite. Vinho de sabugueiro, 3 punhados de casca inteira em 1l de vinho fervente, mexer, macerar durante 2 dias e coar; 2 copos pequenos por dia.
Coração. Vinho de sabugueiro, 200g da segunda casca seca em 1l de vinho tinto, macerar durante 48 horas, filtrar e só ingerir no dia seguinte, 2 copos pequenos por dia.
Cura da Primavera (curas revigorantes para desintoxicar o organismo, forçando-o a eliminar as suas toxinas. duração de 3 semanas). Infusão de sabugueiro. 5g de flores secas numa chávena de água fervente, coar sem infundir. Beber 1 chávena de manhã e uma chávena à noite.
Fígado. Infusão de sabugueiro, colocar 50g de flores em 1l de água fervente, mxer, não deixar infundir e filtrar.
Frieira. Decocção de sabugueiro, 30g de flores secas para 1l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos; utilizar quente para lavar ou banhar as zonas afectadas.
Gota. Decocção de sabugueiro, 70g da segunda casca para 1l de água, ferver 2 minutos e coar; somente 2 copos pequenos por dia.
Hemorróidas. Uso externo. Compressas embebidas em: infusão de sabugueiro, 80g de flores para 1l de água fervente, infundir 10minutos.
Obstipação. Decocção de sabugueiro. 80g de bagas secas em 1l de água, ferver 3 minutos e coar; meio copo em jejum e meio copo ao deitar.
Olhos.Loção para olhos irritados e fatigados. Lavar os olhos e depois conservar sobre cada um durante 15 minutos uma compressa impregnada de uma infusão de sabugueiro, 50g de flores para 1l de água fervente, infundir 15 minutos e filtrar.
Pele. Para amaciar a pele. Uso externo. Loção de sabugueiro, infundir durante 10 minutos, 100g de flores em 1l de água fervente. A água de flor de sabugueiro é um adstringente suave para pele irritada e oleosa.
Picadas de abelhas e de vespas. Esfregar com folhas de sabugueiro.
Pontos negros. Uso externo.Loção de lavagem. Infusão de sabugueiro, 100g de flores frescas para 1l de água fervente, tapar e infundir 10 minutos, mexendo sempre.
Queimadura. Uso externo. Compressas impregnadas de óleo de dormideira onde se maceram folhas frescas esmagadas de sabugueiro.
Reumatismo .Mergulhar a rticulação dorida num banho de composto de 30g de alecrim e 20g de sabugueiro, fervidos com um punhado de sal grosso.
Sudação. Para provocar a sudação. Uso interno. Infusão de sabugueiro, 40g de flores secas para 1l de água fervente, infundir 10 minutos.
Tabagismo. Podem fumar-se folhas sãs e secas de sabugueiro para ajudar a vencer o hábito de fumar e lutar contra as afecções da boca.
Terçolho. Banho para os olhos.Infusão de sabugueiro, 100g de flores frescas ou secas para 1l de água fervente, infundir 10 minutos. Filtrar cuidadosamente e usar fria.
Para prevenir infecções de Inverno ou adicionar a xaropes ou chás para tosse ou constipações:
Para o xarope de bagas de sabugueiro:
-Ripe as bagas dos pés com um garfo, esprema o sumo, usando por exemplo, uma prensa de vinho. Junte pimenta-da-jamaica (1 colher de chá -5ml- por cada litro de sumo de bagas de sabugueiro) e gengibre ( menos de meia de colher de chá -2ml- por cada litro de sumo de bagas de sabugueiro). ferva em lume muito brando até ficar da consistência de melaço. Engarrafe e guarde em local fresco.
Este xarope é excelente só por si para prevenir infecções de Inverno.
A segurança acima de tudo
Salix Alba
Salgueiro-branco
O salgueiro de longas folhas nas Lagoas de Quiaios
Família: Salicaceae
Habitat e identificação: Europa, bosques húmidos, ribanceiras; em Portugal, sobretudo nas zonas do centro e do sul, margens dos rios, vales; até 1800m.
Os salgueiros incluem plantas de porte muito diverso, desde plantas rastejantes, a arbustos e árvores de porte considerável. Casca gretada quando velha, ramos erectos, flexiveís, ramos jovens guarnecidos de pêlos finos; folhas com pecíolo curto, lanceoladas, acetinadas, prateadas pelo menos na página inferior, bordos inteiros ou serrados; flores amarelas ou esverdeadas (Abril-Maio), dióicas, e numerosas sementes. Inodoro; sabor amargo.
Componentes: salisilatos, taninos e flavenóides.
Propriedades: adstringente, anti-inflamatório, anestésico, antiespasmódico, anti-reumatismal, febrífugo, hemostático, sedativo, tónico.
Partes utilizadas: casca, flores, botões, rebentos.
Descrição geral: o género Salix, cujo nome se pensa vir do celta, querendo significar "próximo da água", é constituído por centenas de espécies difíceis de determinar, das quais algumas, de menor porte, resistem ao frio e aos climas de altitude. Algumas espécies cruzam-se de tal maneira que é difícil distingui-las.
De entre os salgueiros da Europa, o maior e mais comum no estado espontâneo é o salgueiro-branco. Planta característica de zonas temperadas como o centro e sul da Europa, o Norte de África, o este asiático e naturalizada na América do Norte. O seu nome deriva das folhas, que são mais claras que a maioria dos salgueiros, devido a uma cobertura muito fina e acetinada, prateada na sua parte inferior. As folhas têm de 5 a 10 cm de comprimento e de 1 a 1,5cm de largura.. Necessita de estar em locais húmidos e não resiste a temperaturas extremas. É uma árvore caducifólia que chega a atingir 20 a 30 metros de altura, de crescimento rápido mas vida curta porque é susceptível a várias doenças.
Porém, o salgueiro mais conhecido é uma variedade do salgueiro-branco, uma espécie cultivada, hibrído entre o salgueiro-branco e o salgueiro-da-babilónia (Salix babylonica L.), o famoso chorão, com longa ramagem pendente. Com os seus ramos descaídos, o chorão é uma árvore associada ao luto.
O salgueiro-dourado , Salix alba "Vitellina", é outra variedade do salgueiro-branco.
O salix nigra ou salgueiro-preto é uma espécie americana, mais pequena que o salgueiro-branco e com casca dura e cinzenta, muito cultivada em parques e jardins de muitos países.
Partes utilizadas: casca, flores, botões, rebentos.
Histórias e curiosidades
Deus aconselhou Moisés a usar as cascas e folhas de salgueiro.
Hipócrates, no séc. V a.C. prescrevia chá de folhas e casca para dores de parto, cefaleias, febre e alívio de dores reumáticas.
Em 50 aC Caius Plinius Secundus escreve sobre os usos terapêuticos das folhas do salgueiro.
Os médicos da Antiguidade recorriam com frequência ao salgueiro, sem contudo precisar quais as espécies utilizadas; com efeito, todos os salgueiros de folhas estreitas têm na prática propriedades medicinais idênticas.
Os antigos egípcios usavam as sementes de salgueiro em unguentos para articulações inflamadas e em cataplasmas para acelarar a consolidação óssea. Eles misturavam as folhas queimadas do salgueiro com óleo de rosas para tratar doenças de pele inflamada e com escaras.
Mattioli assinalava, no século XVI, a eficácia das folhas de salgueiro contra as insónias; no século XVII. A dada altura, a sua casca era utilizada como febrífugo, para febres crónicas e recorrentes, mesmo para a malária. Sabe-se actualmente que este efeito se deve à sua riqueza em ácido salicílico. Foi suplantado pela casca da cinchona ou quina (a fonte de remédio quinina).
Em 1753 Edward Stone descreve os efeitos antipiréticos da casca do salgueiro.
Os índios nativos americanos faziam uma mistura para fumar com raspas da casca de salgueiro e com folhas de uva-ursina, devido ao seu aroma agradável. Também usavam a casca do salgueiro para combater cefaleias, febre, dores musculares e reumatismo.
Os amigos do poeta romântico Alfred de Musset plantaram um salgueiro-branco, após a sua morte, junto do seu túmulo, no cemitério do Pére-Lachaise, em Paris, cumprindo um pedido que o poeta lhes fizera numa estrofe melancólica.
Há quem use a essência floral de salgueiro, preparada a partir das flores do salgueiro-dourado, para ajudar pessoas agressivas e que se tornaram amargas a serem mais flexíveis.
Dos ramos do salgueiro preparam-se tradicionalmente vimes usados na cestaria e mobiliário artesanal.
Os tacos de críquete são feitos a partir do salgueiro-inglês, Salix alba "Caerulea", porque a sua madeira é leve e difícil de rachar.
A Salicilina
Do extracto activo da casca, a salicilina, por hidrólise e oxidação, provém o ácido salícilico, que pode causar hemorragias e é irritamte do aparelho gastro-intestinal. Conjuntamente com sódio e cloreto de acetona forma-se o ácido acetilsalicílico, comercializado com o nome de aspirina pela farmacêutica alemã " Bayer" desde Março de 1899. Em 1999 a aspirina completou portanto 100 anos de sucesso sendo o fármaco mais popular em todo o mundo, do grupo das antiinflamatórios não-esteróides (AINE), usada no tratamento de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. Foram as primeiras tabletes da história da medicina!
Em 1930 a invenção do gastroscópio mostrou lesões no estômago, provocadas pela aspirina. Muitas pessoas não toleram a aspirina mesmo em baixas doses, não sendo recomendada a quem tem problemas gástricos, biliares e renais.
Remédios caseiros
-Estado febril: vinho medicinal de salgueiro-branco macerando durante 2 semanas 40g de casca seca e moída em 1 litro de vinho tinto e coar; tomar 2 copos pequenos por dia.
-Nervosismo: Infusão de salgueiro-branco, 40 g de folhas e de amentilhos para 1l de água fervente, infundir 10 minutos.
-Pés doridos: banho de salgueiro-branco, 60g de casca para 1l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos, adicionar 2l de água muito quente; conservar os pés no banho durante 10 minutos.
-Para peles com tendência oleosa: loção de salgueiro-branco, ferver durante 10 minutos 50g de casca em 1l de água.
-Psoríase. Uso interno: decocção de salgueiro-branco, 40g de casca seca para 1l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos.
-Reumatismo. Crises dolorosas: beber decocção de 20g de casca de salgueiro-branco feita em 1l de água fervente, ferver 10 minutos, infundir 5 minutos.
-Para um sono reparador: 40g de folhas de salgueiro-branco para 1l de água fervente, tomar 1 chávena ao deitar.
-Úlcera cutânea. Uso externo: fazer cataplasmas com decocção de salgueiro-branco, 50g de casca para 1l de água, ferver 20minutos.
Outros usos:
Internos:
-para dores de cabeça: chá de casca de salgueiro e alecrim em partes iguais;
-para naúseas e arrepios: decocção de casca de salgueiro e gengibre em partes iguais, adicione mel e beba lentamente.
Externos:
-para eliminar a caspa: aplicar uma tintura ou decocção forte no couro cabeludo.
A segurança acima de tudo
As pessoas alérgicas a aspirina e a outros salicilatos devem evitar a casca de salgueiro.
Smilax aspera
Salsaparrilha-bastarda
Salsaparrilha: nome da famosa bebida refrescante Espanhola semelhante à Coca-Cola.
Família: Liliáceas
Habitat e identificação: Smilax aspera é uma variedade europeia espontânea no centro e sul de Portugal e em Espanha embora existam mais de 200 espécies de salsaparrilha, algumas delas medicinais, em diversas zonas geográficas do globo como no Brasil, México, Jamaica e em outras regiões, normalmente quentes e húmidas. Até 300m.
Planta que prefere o calor, de 1 a 2 m de altura que se prende a árvores, arbustos e muros na região mediterrânica; caule sinuoso, fino, lenhoso e provido de acúleos; folhas triangulares, persistentes, pecioladas, brilhantes, maculadas de branco ou preto, aculeadas, com 5 a 7 nervuras e 2 gavinhas na base do pecíolo; flores branco-esverdeadas (Agosto-Outubro), em umbelas simples na axila das folhas e na extermidade dos ramos, 6 peças petalóides, patentes, flores masculinas: 6 estames, flores femininas: ovário com 3 estigmas; baga vermelha com as dimensões de uma ervilha, muito semelhante às da groselheira, com 1 a 3 sementes redondas e castanhas; rizoma lenhoso, geralmente muito comprido, com raízes adventícias, raízes branco-acinzentadas ou castanhas. Cheiro agradável.
O nome científico qualifica-a como rude e áspera.
Notas:
Acúleo: protuberância rígida e pontiaguda da casca que se desenvolve à superfície dos caules e se arranca com facilidade, ao contrário dos espinhos, que estão ligados ao sistema vascular da planta e por isso oferecem mais resistência.
Adventícia: que se desenvolve no caule ou na axila das folhas e tem uma dupla função, a de suporte e a de nutrição.
Estames: folha floral masculina cujo conjunto constitui o androceu.
Estigmas: parte superior do estilete que recebe os grãos de pólen nas Angiospérmicas. É muitas vezes guarnecido de papilas que segregam um liquído açucarado que propícia a fixação e a germinação do grão de pólen.
Gavinha :apêndice filiforme de origem foliar ou caulinar que pode enrolar-se em volta de um suporte. São também gavinhas os ramos com folhas muito pequenas como os da vinha. A gavinha é o meio de apoio do caules trepadores, que não são volúveis nem possuem espinhos, acúleos ou raízes laterais.
Panícula: inflorescência grande, muito ramificada, que corresponde a um cacho composto. Os ramos decrescem da base para o ápice.
Partes utilizadas: raíz
Componentes: Glúcidos, colina, saponósidos, tanino, sais minerais (potássio, cálcio).
Propriedades: Depurativo, diurético, sudorífico.
Com os seus parentes exóticos, a salsaparrilha-bastarda possui propriedades depurativas, diuréticas e sudoríficas, porém em menor grau.
Depurativa do sangue, combate a gota, ácido úrico e reumatismo. Diminui a dificuldade em urinar, elimina pedras nos rins e bexiga.
No séc.XVI, Mattioli atribuiu-lhe uma acção anti-sifilítica que nunca foi confirmada. A raíz, branco-acinzentada, seca e moída é indicada para os asmáticos, que se sentirão confortados se a fumarem.
Teve fama de planta afrodisíaca por se ter descoberto que a testosterona (hormona sexual masculina) se encontra no rizoma, mas não foi comprovada esta característica.
Uso Tradicional: Esgotamento físico e psíquico, fadiga.
Como usá-lo
Artrite: decocção de salsaparrilha-bastarda, 40g de raízes secas para 1l de água, ferver 20 minutos./Decocção de uma mistura de 30g de salsaparrilha-bastarda e de 10g de raíz de saboeira, deixar ferver 10 minutos e coar imediatamente.
Asma: decocção de salsaparrilha-bastarda, 50g de raízes secas para 1l de água, ferver 10minutos, infundir 15 minutos, 1 chávena antes das refeições.
Gota: infusão de salsaparrilha-bastarda., 50g de raízes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar.
Herpes: decocção de salsaparrilha-bastarda, 70g para 1l de água, ferver durante 20 minutos em lume brando.
Nefrite: decocção de salsaparrilha-bastarda, 50g de raízes secas para 1l de água, ferver 15 minutos, infundir 10 minutos, beber 1 litro por dia, às chávenas pequenas, entre as refeições.
Retenção de urina: decocção de salsaparrilha-bastarda, 50g de raízes cortadas para 1l de água, ferver 10 minutos, infundir 15 minutos.
Quando visitar a Serra da Boa Viagem não perca:
Espécie não identificada.
A nossa bela pedreira. Espécie há muito identificada, mas tóxica e mortífera para a flora e fauna da região. Melhor concentrar a sua atenção no azul do céu e do mar!
As espécies destruidoras da Serra da Boa Viagem e lagoas de Quiaios: Acacia longifolia e Acacia melanoxylon. Quem foi que se lembrou de as plantar? Já não bastavam os incêndios?
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