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Mapa da Serra da Boa Viagem com Trilhos (Triângulo do Cabo Mondego)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Principais fatores do ambiente marinho

Principais fatores do ambiente marinho

Luminosidade

Temperatura

Salinidade

Pressão hidrostática

Densidade

Correntes

Marés e Ondas

pH

Gases dissolvidos

Micronutrientes   

         É um erro imaginar que o mar, um ambiente dotado de notável estabilidade, seja uniforme e até mesmo monótono. Nada mais longe da verdade. Ele possui, tal como os continentes uma enorme variedade de habitats, mini-ambientes caracterizados pelas condições ambientais que lhe são próprias e que exigem adaptações específicas para se viver neles. Uma árvore bem adaptada ao frio, ventos e tempestades dos topos das altas montanhas pode não prosperar no interior quente e úmido das florestas tropicais. Assim é no mar.

        Não só a distribuição de cada espécie pelos diversos habitats, mas como a própria sobrevivência do indivíduo, estão determinadas pela existência de certos elementos do meio ambiente que podem agir diretamente sobre o funcionamento do organismo, e sobre o seu ciclo de vida. Esses elementos receberam o nome de fatores ecológicos .

         Os fatores ecológicos mais importantes no ambiente marinho são a luminosidade, a temperatura, a salinidade e a pressão. São eles que impõem as mais sérias limitações à vida e que permitem reconhecer os principais habitats, mas outros fatores também influem nas adaptações dos seres vivos e mesmo no aproveitamento que fazemos dos recursos marinhos.

 

Luminosidade

         A presença da luz no oceano não é importante apenas por permitir a realização da fotossíntese, processo básico e fundamental para a vida não só marinha, como em toda a biosfera. Para inúmeras espécies a luz é o veículo para informações decisivas para orientar seu comportamento, indicando a presença de predadores ou presas, os locais para abrigos, os parceiros sexuais, ou a fonte de alimentos. Tal a importância comportamental e social da luz que muitas espécies abissais produzem uma tênue luminosidade para fins de comunicação e captura de presas.

         A quantidade de luz que atinge a superfície oceânica depende da absorção atmosférica, das condições climáticas e da estação do ano.

        O mar absorve rapidamente a energia solar deixando a quantidade mínima de energia para a realização da fotossíntese atingir, nas melhores condições atmosféricas e marinhas, no máximo 220 metros de profundidade.

73%

alcança

1 cm de profundidade

44.5%

alcança

1 m de profundidade

22.2%

alcança

10 m de profundidade

0.53%

alcança

100 m de profundidade

0.0062%

alcança

200 m de profundidade

         A quantidade de luz presente permite distinguir no mar três regiões:

·         Zona eufótica  (até 100 metros de profundidade), que recebe luz em maior intensidade.

·         Zona disfótica  (entre 100 e 300 metros de profundidade), com luz difusa e aproveitada por poucos produtores.

·         Zona afótica  (abaixo de 300 metros de profundidade), sem luz.

Nem todos os comprimentos de onda (cores) que compõem a luz visível chegam a mesma profundidade. A penetração da luz e a profundidade a que chega a zona fótica dependem do ângulo de incidência e, portanto, da latitude. Assim, a penetração da luz é maior no equador que nos pólos, atingindo a profundidade recorde de 950 metros no Mar do Caribe, enquanto que a média mundial corresponde a 200 metros.

Os comprimentos de onda correspondentes às cores azul e violeta, possuem maior capacidade de penetração e são aproveitadas pelas algas vermelhas, pardas e azuis que vivem nas maiores profundidades que as demais, escapando, assim, da competição, muito intensa na superfície. Por outro lado, a luz de cores vermelha e laranja são absorvidas rapidamente na água, de modo que a quatro metros de profundidade, 99% da energia da luz vermelhas já foi absorvida.

A penetração da luz no mar é diferente para cada comprimento de onda que compõem a luz visível.

         Nas águas turvas, as cores que mais penetram são o verde e o amarelo, pois quanto maior o comprimento de onda, maior será sua dispersão e menor sua penetração.

        A água funciona mais ou menos como um prisma, refratando os raios de luz e ao mesmo tempo separando e filtrando os diferentes comprimentos de onda. As freqüências correspondentes ao vermelho, laranja e amarelo são absorvidas quase totalmente nos primeiros metros. Para obter os tons próximos ao vermelho, as câmeras de TV requerem um equipamento de iluminação especial, que reforça esses comprimentos de onda. A água funciona também como uma espécie de lente de aumento, que deixa os objetos cerca de 25% maiores. Isso ocorre quando a luz passa da água para o ar que está no interior da máscara do mergulhador, ou da caixa estanque para a câmera de vídeo.

         Na água do mar o índice de refração, que determina o quanto a luz muda de direção quando passa do ar para a água, se modifica de acordo com a salinidade e a temperatura, sendo maior quando se incrementa a concentração de sais e diminui a temperatura.

 

Temperatura

         A temperatura atua diretamente sobre os organismos regulando a velocidade do metabolismo (reações químicas orgânicas que sustentam a vida), seguindo a regra de que a cada aumento em 10 o C, a velocidade do metabolismo dobra. O aumento dessa velocidade significa um aumento proporcional nas necessidades energéticas do organismo e, conseqüentemente, na quantidade de alimento para manter-se vivo. Além disso, quando acima 40 o C provoca a desnaturação (deformação) das proteínas e enzimas, paralisando todas as reações químicas que mantêm a vida. Quando muito baixa, inibe a ação das enzimas e, chegando ao ponto de congelamento, destrói as células, pois a água que existe nelas aumenta seu volume e rompe a membrana plasmática.

         A temperatura depende de duas variáveis básicas: radiação solar incidente e distribuição de águas e terras. A radiação solar incide obliquamente nas altas latitudes, próximas aos pólos, sendo filtrada por uma camada maior de atmosfera e levando ao solo 40% menos energia que no equador. Solo e água absorvem calor diferentemente, produzindo contrastes numa latitude. O solo e o ar aquecem-se e esfriam mais rapidamente que a água. Essa diferença faz com que o clima continental apresente variações térmicas e sazonais (relativas às estações) maiores que os mares e oceanos. Assim, enquanto que no Saara a temperatura pede atingir 58 o C e no outro extremo (na Antártida) chegar a -88 o C, no mar ela nunca fica abaixo de -2 o C, nem acima de 32 o C.

        E as maiores variações ocorrem na superfície do oceano, sob influência das estações do ano, diminui progressivamente com a profundidade; sendo este ritmo maior numa determinada faixa de profundidade (variável conforme a região do globo) denominada termoclina . A partir de 3.000 metros, a temperatura torna-se uniforme (4 o C).

Entre 500 e 700 metros de profundidade encontra-se o termoclina que separa a massa d'água superior (mais quente e menos densa) da inferior (mais fria e densa), impedindo a circulação de nutrientes. Desta forma, a temperatura pode influir na taxa de reciclagem dos nutrientes, que costumam acumular-se nas camadas mais profundas dos oceanos.

         A diferença na temperatura entre os mares tropicais e polares manifesta-se na diversidade maior nos trópicos e na biomassa maior nas gélidas águas dos pólos. A divergência também reflete-se na vida marinha. Os organismos tropicais tendem a ser menores, a crescerem mais rapidamente, com uma menor expectativa de vida e com reprodução mais precoce e contínua que as espécies adaptadas às águas mais frias.

         A temperatura afeta a solubilidade dos gases e sais. Quanto mais quente a água, mais gases ela perde, principalmente oxigênio, podendo tornar a vida aquática inviável.

         As correntes marinhas também são influenciadas, tanto na sua direção como na intensidade, pela temperatura das massas de água.

 

Salinidade

         A salinidade, em mar aberto, não é muito variável; possuindo valores aproximados de 35 ° / 00  (lê-se trinta e cinco partes por mil), equivalente a 35 g de sal em um quilo de água; com extremos medidos em 34 e 37 ° / 00. No Mar Vermelho, o mais salgado dos mares, a salinidade média é de 40 ° / 00 .

        O Mar Morto é o corpo d’água mais salgado do mundo, possui salinidade sete vezes maior do que a do mar. Cerca de um terço do seu volume é constituído por sais. Nessas condições apenas sobrevivem organismos unicelulares pouco complexos.

         As pequenas variações locais na salinidade superficial do mar ocorrem devido às chuvas, evaporação e atividade biológica consumidora de sais. A salinidade tende a ser maior nos trópicos em conseqüência das altas taxas de evaporação. Suprimentos novos de sais são fornecidos pelos rios, aproximadamente na mesma taxa em que são consumidos pelos diversos processos físicos, químicos e biológicos.

        A presença de sais na água marinha diminui seu ponto de congelamento para –1,9 ° C. A densidade da água salgada decresce consideravelmente após a congelamento o que resulta na flutuabilidade dos gelos.

        Somente atua como um fator limitante nos estuários (áreas da costa onde deságuam rios), onde as variações podem ser drásticas.

         As espécies aquáticas, em relação à capacidade de suportar grandes variações de salinidade, podem ser divididos em euri-halinas  e esteno-halinas .

        São euri-halinas as espécies que suportam variações na salinidade. Incluem as espécies estuarinas (de água salobra) ou as capazes de mudar de água doce para marinha, ou vice-versa, como o salmão.

        As espécies esteno-halinas não suportam variações, tendo que viver em concentrações salinas aproximadamente constantes, como acontece com a maioria dos peixes marinhos.

         A salinidade afeta muito a vegetação de dunas e mangues, determinado a distribuição de espécies na faixa litorânea. Um exemplo disso foi estudado nas dunas da Carolina do Norte (EUA), onde a aveia-do-mar ( Uniola paniculata ) predomina no lado da duna exposto ao mar, de onde o vento vem carregado de sal. No lado protegido da duna, ocorre a predominância do capim-da-praia Andropogon littoralis .

         As espécies que vivem em áreas submetidas a variações bruscas na salinidade, como os estuários, podem ter como adaptação a pele impermeável, valvas capazes de se fechar, capacidade de osmorregulação (controle da concentração salina do citoplasma) ou possuir glândula excretora de sal.

 

Pressão hidrostática

         Para a maioria dos organismos terrestres, a pressão atmosférica não constitui-se em um fator limitante. No ambiente aquático, no entanto, a pressão hidrostática revela-se um fator crucial, determinante na distribuição e adaptação morfológica das espécies, principalmente no fundo oceânico.

         A pressão hidrostática aumenta de 1 atm a cada 10 metros de profundidade. Assim, um organismo que vive a 4.000 metros de profundidade, como muitos peixes abissais, está submetido a uma pressão de 400 atm; isto é, uma pressão 400 vezes maior do que a pressão atmosférica ao nível do mar. Isso exige, sem dúvida, especiais adaptações.

         Os animais que vivem permanentemente submetidos a grandes pressões tem proteínas e enzimas adaptadas a isso, como os que vivem em locais mais quentes tem enzimas com uma estrutura alterada de modo que desnaturem com maior dificuldade. A pressão afeta a morfologia de muitas células. As amebas, por exemplo, deixam de emitir pseudópodes e os protozoários ciliados perdem a capacidade de usar os cílios. Outras adaptações são a falta de cavidades ocas no corpo, que seriam esmagadas pela grande pressão externa, bem como uma maior porcentagem de água no corpo.

 

Densidade

         A densidade identifica e diferencia as massas de água que existem nos oceanos, bem como traça-lhe o caminho a seguir. As mais densas afundam, empurrando outras menos densas para a superfície, em um movimento conhecido como circulação termohalina , criando um mecanismo de ciclagem dos nutrientes e de renovação da água do fundo dos oceanos.

         De uma forma grosseira, podem ser reconhecidas cinco massas de água dispostas verticalmente nos oceanos: massa de água superficial, superior, intermédia, profunda e por último una massa de água de fundo. Elas recebem nomes particulares segundo o oceano ou região em que se encontram.

         A água superficial  constitui-se em uma capa de 150 metros de espessura, muito influenciada por processos externos e correntes, de modo que suas características variam conforme a região, proximidade da costa e época do ano, principalmente nas latitudes médias.

         Considera-se como a água superior  a situada entre 150 e 700 metros de profundidade, separada da anterior pela ocorrência da termoclina. Origina-se do afundamento da massa de água superficial, em um movimento chamado de convergência.

         A água intermédia  resulta também da água superficial que afunda por convergência ou da água profunda que emerge por se tornar menos densa. Costumeiramente posiciona-se entre 700 e 1500 metros de profundidade.

         A água profunda  é a que geralmente está entre 1500 e 3000 metros de profundidade, tendo origem nas altas latitudes pelo afundamento das massas de menor profundidade.

         A formação da massa de água de fundo  ocorre pelo afundamento da água superficial de alta salinidade que se esfriou intensamente próximo dos pólos.

AABW (Antarctic Bottom Water) – Água Antártica de Fundo.

CPW (Circumpolar Water) – Água Circumpolar.

NADW (North Atlantic Deep Water) - Água Profunda do Atlântico Norte.

PDW (Pacific Deep Water) - Água Profunda do Pacífico.

AAIW (Antarctic Intermediate Water) - Água Antártica Intermédia.

AIW (Arctic Intermediate Water) - Água Ártica Intermédia.

MedW (Mediterranean Water) - Água Mediterrânea.

RedSW (Red Sea Water) - Água do Mar Vermelho.

Em dourado - Águas Centrais (Central Water).

Em marrom - Águas Superficiais (Surface Water).

        Principais massas de água dos oceanos. A Água Antártica de Fundo tem sua origem nos mares de Weddell e Ross, vindo a ocupar todas as bacias oceânicas abaixo dos 4.000 metros de profundidade. No Pacífico e no Índico ela se mistura com a Água Profunda do Atlântico Norte formando a Água Circumpolar. As Águas do Mediterrâneo e do Mar Vermelho são intrusões de água de alta temperatura e salinidade.

         Como afeta a propagação do som, as medidas de densidade realizadas por sonar servem para se estimar a temperatura de massas de água profundas. Existe a aproximadamente 1.000 metros de profundidade, em vastas áreas dos oceanos, uma camada conhecida como SOFAR , cuja densidade a torna reflexiva às ondas sonoras e faz com que sejam propagadas mais rapidamente. Sabe-se que as baleias aproveitam essa condição para se comunicarem com cantos, mesmo estando distantes entre si muitas centenas de quilômetros.

         O valor da densidade é o resultado da interação de três fatores limitantes: temperatura, salinidade e pressão. A densidade cresce com o aumento das duas últimas e diminui conforme a temperatura aumenta. Assume o valor padrão de 1,025 quando a temperatura é de 20 ° C, a salinidade é de 35 ° / 00 e  a pressão corresponde a 1 atm, próprio de águas superficiais.

 

Correntes

         Correntes  são movimentos de massas de água com deslocamento horizontal ou vertical que, ainda que superficialmente não sejam tão visíveis como as ondas e as marés, tem amplitude muito maior. Elas são basicamente produzidas por:

·         Calor solar  que evapora a camada superficial do oceano estabelecendo diferenças de salinidade e densidade.

·         Rotação terrestre  que faz ventos e correntes desviarem de forma diferente para cada hemisfério.

·         Vento  que modifica a ação das correntes. Nos trópicos, os ventos alísios levas as águas em direção oeste para o Equador e em latitudes superiores, os ventos as levam em direção contrária originando a circulação oceânica.

         Há, basicamente, dois tipos de correntes: as superficiais e as profundas.

        As correntes superficiais  são movidas pela força dos ventos e pela rotação da Terra que faz com que curvem no sentido horário no hemisfério norte e anti-horário no hemisfério sul, com velocidade entre 20 e 50 cm/s.

Percurso das principais correntes oceânicas superficiais. Notar que elas, assim como os ventos que as geram, curvam-se no sentido anti-horário no hemisfério sul e em sentido horário no hemisfério norte em conseqüência da rotação terrestre, criando os giros subtropicais (em vermelho). As correntes equatoriais (em amarelo) e os giros subpolares (em marrom) não são diretamente afetadas pela rotação terrestre.

        As correntes profundas  sofrem influência de massas de água superficiais que afundam ao se tornarem mais densas, como ocorre nos pólos. E retornam a superfície, próximo ao equador e aos continentes, trazendo muitos nutrientes que mantêm a vida marinha. Seu percurso tende a seguir a borda continental, por efeito da rotação terrestre, com velocidade variando entre 2 e 40 cm/s.

A combinação de correntes superficiais e profundas nos grandes oceanos cria um imenso sistema integrado que promove a constante renovação da água em todos os pontos do oceano e distribui o calor pela superfície do planeta. Um componente crucial nesse sistema é o afundamento da Corrente do Golfo, próximo a Groelândia, que origina a Grande Esteira Transportadora Oceânica (em azul), a mais extensa e volumosa corrente profunda. Quando emerge, cria importantes correntes superficiais (em amarelo).

        As correntes marinhas atuam como um fator de fundamental relevância para as espécies planctônicas, que não conseguem nadar contra elas. Muitos invertebrados marinhos sedentários que vivem fixos sobre um substrato e em áreas costeiras têm a sua fase larvar planctônica e dependem, por isso, das correntes para conquistarem novos ambientes. A distribuição dessas espécies é, em grande parte, determinada pela rota das correntes, assim também, pela temperatura.

 

Marés e Ondas

         A atração gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra faz com que o nível do mar no litoral mude periodicamente, fenômeno conhecido como maré . O relevo de certos pontos do litoral faz com que as variações do nível do mar, gerados pelas marés, sejam muito grandes.

        O ciclo das marés coincide com o ciclo da Lua, alternando períodos em que existe uma grande diferença entre a maré alta e a maré baixa, no mesmo dia e períodos em que essa variação é menos acentuada. Como a Terra gira em torno de si mesma, a cada momento uma metade está voltada para a Lua. Assim, os mares sobem e descem todos os dias a cada seis horas.

         A energia das marés provem da atração gravitacional da Lua e dissipa anualmente no mar cerca três terawatts (trilhões de watts), energia equivalente a produzida por todas as usinas de energia elétrica do planeta. A circulação dessa energia pelos oceanos, ajuda no transporte de calor dos trópicos para os pólos, contribuindo na definição do clima mundial.

         As marés também são importantes na região costeira, como fator determinante na distribuição dos seres vivos, cujos limites de ocupação no costão rochoso são fixados pelas marés alta e baixa.

         As ondas  são definidas como movimentos gerados pelos ventos das moléculas de água na faixa superficial do mar. Nesse movimento, originariamente circular, não há deslocamento horizontal das moléculas nem das massas de água por elas constituídas. Esse tipo de onda que se origina em alto mar recebe o nome de ondas livres  ou ondas estacionárias .

         Mas a ação das correntes marinhas ou atmosféricas sobre estas ondas faz com que o movimento de umas moléculas de água se sobreponham a das contíguas, acrescentando aos movimentos circulares, um impulso no sentido da força aplicada criando um certo deslocamento na horizontal. As ondas criadas dessa forma são denominadas ondas progressivas  ou ondas forçadas .

        Quando a onda se aproxima da costa, o movimento circular típico do mar aberto transforma-se em um movimento elíptico pelo atrito com o fundo.

         Não apenas os ventos criam ondas, como também fenômenos geológicos como deslizamentos no talude, movimentos sísmicos e atividade vulcânica submarina.

        Além de promovem a oxigenação das águas superficiais, as ondas constroem e erodem praias alterando o ambiente costeiro.

 

pH

         O pH é um indicador da acidez dos líquidos, que mede a concentração de íons H +  em uma escala de 1 a 14. O valor 7 indica uma substância neutra, nem ácida, nem alcalina. Valores tendendo a 1 indicam acidez crescente. Valores crescentes acima de 7 significam que o líquido é progressivamente alcalino.

        As células somente conseguem manter normal seu funcionamento dentro de uma faixa muito estreita de variação de pH. O valor do pH do meio afeta o desempenho das enzimas e podem viabilizar ou não a ocorrência de reações químicas espontâneas. Condiciona também várias reações químicas no meio marinho que dissolvem ou precipitam nutrientes que mantêm o ecossistema marinho.

        Nos oceanos, o pH varia de 7,5 a 8,4, o que indica um caráter básico da água marinha, decorrente da presença de sais. As variações do pH em relação a profundidade ocorrem na zona eufótica, principalmente nos primeiros 50 metros onde as baixas concentrações de O 2  e altas de CO 2 , que combina-se com a água formando o ácido carbônico e faze com que o valor de pH atinja o seu mínimo, entre 7,1 e 7,3. A partir desse ponto, os valores de pH aumentam com a profundidade até se estabilizar em 8,4.

         Outros fatores também influenciam no valor de pH: salinidade, temperatura e mesmo a fotossíntese, que promove a alcalinidade.

Gases dissolvidos

         A presença de oxigênio  dissolvido na água é crucial para o processo respiratório de todos os animais marinhos. E sua falta pode causar a morte quase imediata.

         A solubilidade diminui conforme aumentam a temperatura e a salinidade. É a combinação desses dois fatores em valores exageradamente altos que faz com que o mar Morto seja realmente quase morto, com pouquíssimas formas de vida adaptadas a condições tão extremas.

         Em manguezais e brejos, devido ao encharcamento do solo, a disponibilidade de oxigênio para as raízes torna-se precária. Isso atua como um fator seletivo que determinada a existência de uma vegetação altamente especializada, como o mangue branco Avicennia tomentosa  (árvore típica de mangues) que possuí pneumatóforos, raízes aéreas que realizam trocas gasosas.

        O oxigênio não se encontra naturalmente dissolvido de um modo uniforme no meio marinho. Habitualmente as maiores concentrações encontram-se nos primeiros 10 a 20 metros da coluna de água, onde a atividade fotossintética e a difusão atmosférica conduzem à saturação.

         Na zona afótica, não há produção de oxigênio devido a falta de luz para a fotossíntese. O oxigênio chega a essa região e até mesmo às profundidades abissais carregado pelas correntes que afundam nos pólos. Essas massas de água podem permanecer séculos no fundo antes de voltar à superfície para nova oxigenação. Mas como a vida é esparsa nessa região e os animais movem-se mais lentamente, consumindo menos energia, o oxigênio raramente é esgotado. Estranhamente, onde o oxigênio pode se exaurir é nas profundidades intermediárias, como entre 500 e 1.000 metros de profundidade em certas áreas do Oceano Pacífico onde há poucos organismo e os que passam por aí o fazem bem rapidamente.

A concentração de oxigênio na mar diminui drasticamente abaixo da termoclina em conseqüência da intensa atividade respiratória das bactérias e da pouca mistura com outras camadas de água. O oceano contem 60 vezes mais gás carbônico do que a atmosfera, que se encontra principalmente abaixo de 200 metros de profundidade.

         O gás carbônico  é a matéria-prima para as algas produzirem alimentos que mantenham o ecossistema marinho, o que torna sua presença na água necessária. É também a matéria-prima para os moluscos produzirem suas conchas, combinando com o cálcio dissolvido na água. Possui, ainda, um importante papel de tampão, substância que ajuda a manter constante os valores de pH.

         O nitrogênio  gasoso compõem mais de dois terços da atmosfera. Entretanto nos oceanos sua quantidade é 10.000 vezes menor, mas não menos importante. É a matéria-prima para a produção de proteínas, enzimas e material genético. Na sua forma gasosa, dissolvido na água, é indisponível para a maioria dos organismos marinhos. É transformado para a forma salina pelas cianobactérias (algas azuis) e pelas bactérias Azobacter .

 

Micronutrientes

         Apesar dos organismos marinhos necessitarem dos micronutrientes apenas em pequeníssimas quantidades, seu papel é tão crucial que sua ausência constitui-se em uma importante fator limitante para o desenvolvimento dos ecossistemas marinhos. Imensas áreas de mar aberto são praticamente carentes de vida e estéreis para a indústria pesqueira simplesmente porque carecem desses micronutrientes.

O fósforo  é importante para a formação do material genético e para o metabolismo energético. Sua quantidade na água marinha costuma ser 10.000 vezes menor que nos solos razoavelmente férteis.

O enxofre  é o elemento chave na produção de aminoácidos, principalmente cisteína. O gás sulfídrico (H 2 S), integrante do ciclo do enxofre, é tóxico mesmo em baixas concentrações.

A sílica , ou óxido de silício, principal componente do quartzo e de muitos outros minerais e rochas, é usada na formação de carapaças de diatomáceas, radiolários e silicoflagelados. Estes organismos absorvem a sílica diretamente da água do mar, onde se encontra dissolvida na forma de ácido hidrosilícico. Com isso conseguem retirar o gás carbônico da atmosfera, controlando indiretamente o processo de aquecimento global. Também atua no mar como um regulador de pH.

O cloro  é necessário para a manutenção do equilíbrio iônico das células. Alterações significativas no pH marinho podem transformar o cloro no altamente tóxico ácido hipocloroso.

O átomo de ferro  ocupa uma posição chave na molécula de hemoglobina. Encontra-se dissolvido na água em baixas concentrações, mas no fundo oceânico há imensas reservas de ferro e manganês na forma de nódulos.

Analogamente ao ferro nos animais, o magnésio  é o átomo que ocupa uma posição chave na molécula de clorofila, eixo central do processo fotossintético. Também está dissolvido na água em baixas concentrações.

Elemento

Partes por Milhão

Oxigênio

857,000

Hidrogênio

108,000

Fósforo

0.07

Enxofre

884

Silício

3

Cloro

18,980

Ferro

0.005

Magnésio

1,272

Cálcio

400

Potássio

380

Carbono

28

Sódio

10,561

Alumínio

0.002

Antimônio

0.0003

Argônio

0.6

Arsênico

0.003

Bário

0.0062

Bismuto

0.0002

Boro

4.6

Bromo

65

Cádmio

0.000055

Cério

0.0004

Césio

0.0003

Chumbo

0.003

Cobalto

0.00016

Cobre

0.003

Criptônio

0.0003

Cromo

0.00005

Escândio

0.00004

Estanho

0.003

Estrôncio

8

Flúor

1.3

Gálio

0.0005

Germânio

0.0001

Hélio

0.000005

Índio

0.02

Iodo

0.05

Ítrio

0.0003

Lantânio

0.0003

Lítio

0.2

Manganês

0.002

Mercúrio

0.00003

Molibdênio

0.01

Neônio

0.0003

Níquel

0.0007

Nitrogênio

0.5

Ouro

0.00005

Prata

0.0003

Rádio

3.0 x 10-11

Radônio

9.0 x 10-15

Rubídio

0.12

Selênio

0.0001

Tálio

0.00001

Titânio

0.001

Tório

0.0007

Tungstênio

0.0001

Urânio

0.003

Vanádio

0.002

Xenônio

0.0001

Zinco

0.01

        O oxigênio e o hidrogênio - constituintes da molécula de água - são os elementos químicos mais abundantes na água do mar. Além deles, nela também se encontram apreciáveis quantidades de importantes nutrientes como cálcio, potássio, carbono e sódio, assim como os seis principais micronutrientes e mais dezenas de outros elementos químicos, com presença inferior a de uma parte por milhão, conhecidos como elementos-traço .

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