A Biodiversidade Marinha
Até agora estudamos os fatores físicos e químicos que estruturam e caracterizam o ambiente marinho. Eles compõem o que a Ecologia denomina fatores abióticos , o primeiro dos dois componentes de qualquer ecossistema. O segundo componente inclui os chamados fatores bióticos , os seres vivos que povoam o ecossistema, interagindo com os fatores abióticos.
O conjunto e variedade das espécies animais e vegetais de qualquer ecossistema recebe o nome de biodiversidade . O estudo da biodiversidade é uma tarefa apaixonante pois revela como o processo da Evolução biológica atuou ao longo da história da vida na Terra adaptando os seres vivos ao ambiente – quase sempre de forma engenhosa – e gerando sempre novas espécies que enriquecem ainda mais a biodiversidade.
A biodiversidade marinha destaca-se dentre os demais ambientes do nosso planeta por ser muito expressiva. Sinal disso é o fato de nos oceanos serem encontrados representantes de 27 dos 31 filos de invertebrados atualmente existentes. No entanto, o conhecimento da vida marinha não é uma tarefa fácil pois, segundo estimativas conservadoras, são conhecidas 160 mil espécies marinhas, enquanto que no ambiente terrestre foram identificadas 178 mil espécies. Isso indica que ainda há muitos animais a serem descobertos no ambiente marinho. Acredita-se que nos amplos e inexplorados fundos oceânicos habitem até cinco milhões de espécies diferentes.
O nosso estudo começará com os metazoários , os animais pluricelulares, possuidores de mais de uma célula. São organizados em 32 filos, agrupamentos mais abrangentes de seres vivos em cada um dos cinco reinos dos seres vivos.
Dentre todos os filos metazoários, a imensa maioria é formada por animais invertebrados, isto é, desprovidos de coluna vertebral. Apenas um deles inclui todos os vertebrados que conhecemos. Mas para todos os filos vale a mesma regra, a de que ele diferencia-se dos outros e caracteriza as espécies que abrange por estruturas corporais que lhe são próprias. E essas estruturas estão relacionadas com três fatores que ajudaram a “moldar” aos organismos marinhos: ambiente , tamanho e modo de vida .
Árvore filogenética dos metazoários
A árvore filogenética é uma forma bem visual de representar as relações evolutivas entre os reinos e filos metazoários. Nela, os números indicam o ponto de origem de novas estrutura orgânicas que direcionaram o processo evolutivo.
0 - DNA e RNA.
1 - Complexo de Golgi, vacúolos contráteis e movimento amebóide.
2 - Flagelos e cílios.
3 - Colagens, espongina, diferenciação celular de organismos multicelulares.
4 - neurônios e células musculares.
5 - simetria biradial.
6 - bilateralidade, sistema excretor e mesoderme.
7 - sistema sangüíneo vascular.
8 - celoma e metamerismo.
9 - clivagem radial.
O número de filos de metazoários pode variar conforme o sistema de classificação adotado, ponto no qual os cientistas ainda divergem entre si.
Ambiente
Os organismos marinhos tendem a possuir menos vitelo em seus ovos, quando comparadas com seus equivalentes do ambiente de água doce. Isso porque as larvas dos animais marinhos alimentam-se mais facilmente do meio, mais rico em nutrientes e em presas.
A salinidade marinha, quase igual a do interior das células, faz com que o meio interno dos organismos marinhos permaneça em equilíbrio com o meio externo. Já o mesmo não ocorre com os organismo dulcícolas (habitantes da água doce) que têm suas células e seu meio interno mais salino e concentrado que a água que os cerca. Conseqüentemente, a água tende a entrar no corpo desses organismos para diluir seu meio externo até que esteja equilibrado com o meio externo. No entanto, esse volume excessivo de água que entra, pode estourar as células. Para sobreviver, os organismos dulcícolas precisam possuir um sistema excretor mais desenvolvido e eficiente do que os dos organismos marinhos, com a função extra de osmorregulação, isto é, de manutenção da concentração salina interna do corpo.
Os invertebrados dulcícolas costumam ser menores que os marinhos. Dessa forma, possuindo uma superfície corporal também menor, reduzem significativamente a absorção de água pelo corpo, diminuindo as exigências sobre o sistema excretor.
Tamanho
Quanto maior o organismo, mais complexos são em suas estruturas, pois animais pequenos, com pequeno volume corporal, não precisam de órgãos especiais para as funções de transporte , excreção e respiração , uma vez que elas podem ocorrer por difusão, com os nutrientes, excretas e gases passando de célula a célula. Isso é viável quando o corpo é pequeno e estreito, com poucas camadas de células ou preenchido quase totalmente por líquido. Mas quando, ao longo da evolução os organismo tornaram-se maiores, para poder capturar mais presas ou para escapar dos predadores, o surgimento de órgãos e sistemas especializados para essas funções tornou-se imprescindível.
Modo de vida
Animais sésseis, que vivem fixos ao substrato ou com pequena capacidade de movimentação, como as anêmonas, geralmente possuem simetria radial. Isso significa que o corpo não tem um lado da frente e outro de trás, mas que podem enfrentar o ambiente de todas as direções, sem distinção.
A simetria indica a forma como o corpo do animal está organizado com relação a sua divisão imaginária em duas metades opostas, que devem ser equivalentes entre si, os planos de simetria. Os tipos de simetria diferem quanto ao número de planos em que o corpo pode ser dividido. Os animais de simetria radial possuem mais de dois planos de simetria. A simetria bilateral é a mais encontrada entre os seres vivos, nos quais há apenas um plano de simetria, que divide o corpo em lado esquerdo e direito.
Os animais vágeis, que se deslocam, costumam ter simetria bilateral, possuindo uma maior concentração de órgãos dos sentidos e do sistema nervoso na parte da frente do corpo, com a qual enfrentam o ambiente. Já, aqueles que se deslocam mais rapidamente em geral são predadores.
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