Segundo: J. C. Costa (2001): Tipos de vegetação e adaptações das plantas do litoral de Portugal continental .
Em nenhuma parte do Globo terrestre, mesmo na vizinhança dos vulcões, se observa uma mudança tão permanente e tão rápida dos processos inorgânicos e bióticos como nas costas marítimas. No litoral português podemos encontrar três tipos de formações distintas: de dunas , de sapais e de arribas . Estes meios são de difícil sobrevivência, pois em todos eles existe uma fraca disponibilidade de água, baixo teor de elementos nutritivos essenciais e acção abrasiva do mar, vivendo por isso em condições de secura fisiológica. As plantas para ultrapassarem estas limitações respondem com adaptações de natureza morfológica, anatómica, fenológica e fisiológica.
É no litoral ocidental de Portugal que o atlântico e mediterrâneo se encontram, como não existe uma fronteira com uma barreira física evidente é este o local onde as plantas migram entre estes dois “mundos”.
N os meios salgados podemos observar três formações distintas: mangais , sapais e juncais . As salinas como meio artificial criado pelo homem são também um meio salgado.
- Os mangais ocorrem nas regiões em que o macroclima é tropical, e são formados por árvores.
- Os sapais assinalam-se em territórios onde o macroclima é mediterrânico, e são dominados por nanofanerófitos e arbustos acompanhados de caméfitos (pequenos arbustos até 25 cm) e alguns hemicriptófitos (plantas bienais ou vivazes de rosetas basais).
- Enquanto os juncais e arrelvados halofíticos observam-se preferencialmente no litoral com macroclima temperado, e na sua constituição dominam hemicriptófitos com alguns caméfitos como acontece nas costas atlânticas.
- As salinas também são um meio salgado, em que nos períodos que têm vegetação predominam os terófitos (plantas anuais).
O s halófitos são a designação das plantas que vivem em meios salgados. As espécies do sapal, apesar de terem bastante água à sua disposição, esta é salgada e às vezes, chegam a suportar concentrações de sal, durante períodos mais ou menos longos, superiores às águas do mar como pode acontecer com Ruppia maritima e algas do género Chara . Para sobreviver em ambiente tão hostil as plantas tiveram necessidade de adaptar o seu metabolismo, seguindo por isso várias estratégias:
- Desenvolvimento da suculência resultante do aumento da diluição iónica mediante o incremento da relação volume/superfície externa
- Absorção em alto grau de certos iões, como potássio
- Extrusão iónica mediante glândulas especiais de sais
- A existência de glândulas de sal é responsável pelo conteúdo mineral de muitos halófitos.
N as dunas - apesar das diferenças acentuadas entre salgados e dunas - existem três características comuns: instabilidade , carência de nutrientes e falta de humidade do solo , que são melhoradas com restos orgânicos trazidos pelas marés, depositados no cimo da linha de inundação, sendo aqui o começo da formação da duna.
Para sobreviver em meio tão adverso as plantas das dunas também sofreram modificações morfológicas, anatómicas e fisiológicas, assim:
- Para diminuir a transpiração possuem folhas de reduzidas dimensões
- Possuir uma forma prostrada
- Raízes muito profundas para captar água em profundidade
- Aptidão e capacidade para formar entre-nós ou rizomas horizontais e verticais conforme as deposições sobre a planta e da mobilidade da areia ;
- Caules e folhas suculentas com reservas de água
- Plantas CAM, isto é que só abrem os estomas à noite
- Presença de micorrizas nas raízes que ajudam a sobreviver as plântulas e posteriormente colonizar as dunas.
Dunas embrionárias
N a praia onde as águas da preia-mar depositam os detritos orgânicos desenvolve-se uma vegetação terofítica e migratória onde ocorrem
- Euphorbia peplis ,
- Salsola kali ,
- Cakile maritima,
- Honkenia peploides .
Em Portugal continental, na praia alta, onde a areia é muito móvel, encontra instalada uma comunidade dominada pelo pequeno hemicriptófito
- Elymus farctus subsp. boreali-atlanticus ,
- acompanhado frequentemente de Eryngium maritimum ,
- Otanthus maritimus ,
- Polygonum maritimum ,
- Euphorbia paralias .
Dunas brancas
N as cristas das dunas , onde a areia ainda possui uma mobilidade elevada, domina o hemicriptófito
- Ammophila arenaria subsp. australis (estorno) acompanhado de
- Calystegia soldanella ,
- Euphorbia paralias ,
- Otanthus maritimus ,
- Medicago marina ,
- Eryngium maritimum ,
- Pancratium maritimum
entre outras.
Dunas cinzentas
P or detrás das cristas dunares a areia encontra-se fixada por caméfitos, esta formação é chamada de duna cinzenta. É na costa de Portugal continental onde se encontram as mais belas dunas cinzentas da Europa e com maior diversidade de espécies.
- Crucianella maritima ,
- Artemisia crithmifolia (= A. campestris) ,
- Helichrysum picardi ,
- ?Malcolmia littorea ,
- Anagallis monelli var. microphylla ,
- Scrophularia frutescens (= S. canina) ,
- Silene littorea
- Silene niceensis (= S. arenaria , S. littoralis )
- Cyperus capitatus ,
- Aetheorhiza bulbosa (= Crepis bulbosa) ,
- ? Leontodon taraxacoides arenaria
- Pancratium maritimum ,
- Euphorbia portlandica ,
- Medicago marina ,
- Corynephorus canescens var. maritimus ,
- Iberis procumbens
- Senecio gallicus
- Paronychia argentea
- ?Helianthemum spec.
- Sedum sediforme
- Seseli tortuosum
- Limonium sp.
podem aparecer em quase todas as dunas portuguesas.
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